Encenação da Paixão de Cristo emociona fiéis em Ouro Preto

 

A celebração remete a um dos momentos mais tristes do cristianismo: a morte de Jesus. Mas nem por isso, deixa de ter sua beleza e de emocionar. E o início desse episódio conhecido por via-sacra, foi encenado nesta sexta-feira em Ouro Preto, na Região Central de Minas, onde já virou tradição. Os 14 passos que vão desde a condenação de Cristo, encenada na Capela São Cristóvão, até sua crucificação, na Capela do Bonfim, mobilizaram cerca de 200 pessoas pelas ruas históricas. Mulheres vestidas com véu representavam as figuras bíblicas. Ao todo, participaram 70 atores. Centenas de pessoas acompanharam o cortejo.

No sábado a noite, começa a ser desenhado mais um capítulo das festividades da semana santa ouropretana, perpetuado ao longo dos anos: enfeitar as ruas de pedra, com serragem, flores, farinha de trigo, cal, entre outros ingredientes. Conta a história que lá pelos idos de 1733, a Igreja de Nossa Senhora do Pilar foi oficializada pelo Reino de Portugal. Dessa forma, o Santíssimo, que representa o corpo de Cristo, teve de ser transportado da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos para a recém- inaugurada Matriz de Nossa Senhora do Pilar. Os negros do Rosário quiseram fazer uma festa muito bonita, durante o triunfo eucarístico e, por isso, enfeitaram toda a cidade com os famosos tapetes.

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Por volta das 21h, a comunidade começa a colocar a mão na massa. O trabalho é bem artesanal e vara madrugada adentro. Para estimular esses artistas anônimos, grupos de seresta vão passar a noite percorrendo e cantando pelas ruas históricas. Assim que o dia começa, os tapetes de serragem já estão prontos e servirão de caminho para a procissão da ressurreição e para as figuras bíblicas que por ali passarão.

Rivalidade

A cada ano, a preparação da quaresma e da Páscoa em Ouro Preto é organizada por paróquias distintas, já que a cidade tem duas matrizes. Em anos pares, as festividades ficam a cargo da Igreja de Nossa Senhora do Pilar, e nos ímpares, caso de 2011, a responsabilidade é da Matriz de Nossa Senhora da Conceição. Por conta disso, há modificações no evento como o percurso da procissão. Segundo o secretário de Turismo e Cultura, desde 2010, o trajeto, que tem aproximadamente três quilômetros, é o mesmo, independentemente de quem está à frente da organização dos festejos.

Durante muitos anos, sempre houve uma certa rivalidade entre as duas matrizes e cada uma tentava superar a outra. A ‘disputa’ remete à época da colonização, quando foram fundadas duas vilas: Vila Rica e Antônio Dias, que brigavam pela maior produção de ouro e pela preferência da Coroa Portuguesa. A matriz do Pilar, pertencia à Vila Rica, enquanto que a de Nossa Senhora da Conceição, à Antônio Dias. Depois, Vila Rica se tornou Ouro Preto e anexou Antônio Dias.