
Os indícios de expansão da área crítica da dengue para a porção Centro-Sul da capital levam a Prefeitura de BH a mudar de estratégia e a concentrar atenções na região, que registrou índice recorde de focos do mosquito transmissor na Vila Barragem Santa Lúcia e taxas altíssimas em bairros nobres como Sion e Santo Antônio. Mas os resultados do último Levantamento do Índice Rápido do Aedes aegypti (Liraa) não surpreenderam representantes de associações de moradores, que admitem a falta de mobilização dos cidadãos e veem risco de que a situação piore na área.
Dados do Liraa realizado em março e divulgado anteontem pela prefeitura mostram que fica na Centro-Sul a área com maior índice de infestação do mosquito da dengue na cidade: a Vila Barragem Santa Lúcia atingiu a marca de 8,99% das moradias com focos do inseto. Vizinho a ela, o Sion tem 5,14% e o São Pedro, 5,45%, todos muitas vezes acima do máximo considerado tolerável pelo Ministério da Saúde: 1%.
Uma das explicações para a alta nos indicadores está, de acordo com o presidente da Associação de Moradores e Empresários do Bairro Sion, Ernesto Von Sperling, na postura da população. “Quanto maior a renda e o nível de conhecimento das pessoas, menos participativas elas ficam em relação às questões coletivas. Um dos grandes problemas que temos no Sion é a falta de empenho. Se estivéssemos em um bairro de periferia, teríamos uma ação muito mais efetiva do que temos aqui”, acredita.
A opinião é compartilhada pelo presidente da União das Associações de Moradores da Zona Sul, Marcelo Marinho Franco. “As pessoas estão despreocupadas com uma situação que é tão séria quanto a segurança. Como a violência é uma questão mais evidente, os moradores acabam relaxando em aspectos como a prevenção à dengue”, avalia Franco, ao alertar que a ameaça da doença não distingue classe social.
Na área de forte potencial empreendedor e comercial, os terrenos vazios também servem de depósito para restos da construção civil. “As pessoas terminam uma obra e, para não pagar pela retirada do entulho, jogam resíduos em lotes vagos. E, quando pagam pelas caçambas, elas ficam dias nas ruas com entulho e lixo, acumulando água parada”, denuncia o presidente da associação.
