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Estado de Minas DESCASO

Escola abandonada vira transtorno para moradores do Bairro Santo Antônio


postado em 07/04/2011 06:00 / atualizado em 07/04/2011 07:09

Regional já foi notificada a providenciar a desocupação do terreno, mas a obra paralisada só deverá ser retomada no segundo semestre(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Regional já foi notificada a providenciar a desocupação do terreno, mas a obra paralisada só deverá ser retomada no segundo semestre (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)

O abandono da obra de construção de uma unidade municipal de educação infantil (Umei), ao lado da Secretaria Municipal da Educação, no Bairro Santo Antônio, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, transformou-se em transtorno para os vizinhos: moradores de rua invadiram o canteiro de obras, desativado desde o ano passado, e passaram a morar no local, causando insegurança entre as famílias da região. Poças d’água se formam com as chuvas; o capim virou um matagal e o lixo jogado por moradores do bairro se acumula a céu aberto.

O endereço do descaso é a esquina das ruas Carangola com Primavera. Está prevista a construção no local de uma escola para 440 crianças, de 1 a 6 anos, mas há seis meses a prefeitura paralisou as obras, depois de concluir os serviços de fundação e preparação do terreno. Como é preciso concluir licitação para contratação da empresa que vai continuar a obra, os operários deixaram o local, mas um galpão de mais de 100 metros quadrados, criado para abrigar ferramentas e trabalhadores, permanece de pé e, agora, serve de moradia para um grupo de 15 moradores de rua e catadores de lixo.

Descontentes com as condições dos abrigos públicos e a impossibilidade de dormir com suas mulheres nos espaços, eles viram no local uma possibilidade de moradia. Para entrar, destruíram uma cerca e quebraram fechaduras do galpão desativado. Os cômodos ganharam colchões; malas velhas servem de armário e pelo chão estão espalhados mantimentos. Do lado de fora, cordas servem de varal e carroças carregadas de ferro-velho ficam estacionadas. Cada um fica responsável por cuidar da área da frente do seu quarto, mas só um ou outro se dedica à varrição e organização do novo lar. Os demais preferem conviver com a sujeira.

Segundo alguns dos hóspedes, portas e janelas foram arrancadas e outros materiais foram levados por viciados em drogas. Eles assumem que um ou outro arruma correria para arrumar uma pedra de crack, mas a maioria prefere mesmo é cachaça. E apontam para as várias garrafas vazias jogadas no pátio. Elas se misturam ao entulho trazido pelos moradores de rua e também à sujeira despejada por vizinhos do bairro num terreno baldio de mais de 2 mil metros quadrados. O espaço se transformou em mais um bota-fora, abarrotado de telhas, latas, terra e outros resíduos que deixam um mau-cheiro insuportável.

Barulho

Segundo vizinhos, de madrugada a situação se torna ainda mais crítica. A Rua Primavera, que não tem saída, era caracterizada pela tranquilidade e qualquer barulho podia ser ouvido. Mas, nos últimos meses, o que se predomina no local são gritos e ameaças das brigas. “Um fala que vai matar o outro e a tendência é de que tudo de pior possa ocorrer ali”, reclama o comerciante André Paulino, que mora na frente do terreno. Ele e outros moradores já fizeram várias denúncias à prefeitura, mas a resposta revela um jogo de empurra. A informação da PBH é de que o terreno pertence à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mas a escola diz ter cedido a área para construção.

O medo fez com que uma moradora da região mudasse sua rotina. Há três meses, ela deixou de caminhar pelas ruas do bairro e se sente incomodada com a favelização do bairro. “Na hora do almoço, eles queimam várias coisas. E já teve até festa infantil com balões e tudo mais”, conta a moradora, mãe de dois filhos.

Desocupação

A assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Educação informa que a cerca será recuperada e o serviço de poda do mato já foi solicitado. Sobre a retirada dos moradores de rua, a explicação é de que a Secretaria Municipal de Administração Regional Centro-Sul foi notificada e agentes do setor de regulação urbana devem providenciar a desocupação da área, mas sem data prevista.

A continuidade da obra depende da conclusão do processo de licitação. A previsão é de que até o segundo semestre tenha início a segunda etapa da construção, com gasto estimado em R$ 2,5 milhões e expectativa de conclusão para maio de 2012. Enquanto isso, os moradores do entorno do antigo prédio da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich), reféns do descaso, são obrigados a conviver com a sujeira, o barulho e os riscos de doenças.


Análise da notícia

É louvável a decisão da PBH de construir uma escola infantil para 440 crianças carentes de aglomerados do Santo Antônio e região. E é até compreensível a paralisação da obra por causa de problemas de licitação. O que famílias do tradicional bairro da capital não aceitam é o descaso e a indiferença: o número de invasores do terreno vai se ampliando, portas, janelas e outros materiais dos alojamentos são arrancados para serem vendidos. E tudo às barbas de uma centena de funcionários da Secretaria Municipal de Educação, que trabalham no prédio ao lado. Reféns dos absurdos, moradores ainda recorrem às autoridades e nenhuma providência é tomada, num mau exemplo para situações semelhantes que podem ocorrer em outros cantos da cidade. (Geraldo Lopes)


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