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Estado de Minas

Recuperação de prejuízos deixados pelo lixo nuclear vai demorar muitos anos


postado em 06/02/2011 08:09

O diretor de Recursos Minerais da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), Otto Bittencourt, diz que a empresa não recorrerá da decisão judicial e vai cumprir todas as exigências do Ministério Público Estadual. “Só pedimos ao juiz para estender o prazo, pois não teremos condições de executar tudo em 90 dias. Outra situação difícil é que haja um auditor para acompanhar o descomissionamento, desde que não tenha trabalhado na INB ou Cnen, o que é muito difícil no Brasil, onde todos os especialistas da área passaram pelas duas instituições”, afirma Bittencourt.

“O processo de descomissionamento, com a implantação do Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (Prad), vai demorar anos, já que as primeiras atividades datam do fim dos anos 1970 e começo dos 1980”, explica. Ele adianta que a INB já contratou os serviços da empresa canadense Golder Associated, especializada no assunto, para cuidar do tratamento do passivo ambiental. “Eles vão fazer as ações necessárias nessa área que tem urânio, manganês e outros minerais e neutralizar os efeitos.” Com efeito, é possível ver veículos da empresa transitando pela área.

Entre os problemas graves apontados pelo promotor José Eduardo de Souza Lima, está o vazamento de Torta II, causado pela precariedade do armazenamento, das partes corroídas dos recipientes plásticos, nos quais está acondicionado o lixo radioativo, e apodrecimento das bases (pallets) nas quais os tambores se apoiam. “Admitimos que algumas das 40 mil bombonas e outros recipientes estejam corroídos, mas não há perigo de vazamento para o solo, pois ele é impermeabilizado. Está previsto o reemtamboramento, o que significa recolocar os tambores em outros maiores”.

Bittencourt garante que as atividades da INB em Caldas nunca ofereceram perigo. “Esse material vai continuar estocado em Caldas até que, no futuro, possa ser reaproveitado e, no caso do tório, ser usado como elemento para reatores nucleares”. O diretor explica ainda que, em mais de 30 anos, nada ficou provado sobre efeitos danosos ao meio ambiente ou pessoas. “Fazemos coletas de água em 41 pontos de rios e ribeirões, pesquisamos muito e asseguramos que não houve alterações em córregos e ribeirões que passam aqui e seguem para Caldas e Poços de Caldas”, afirma.

Atraso

Desde que interrompeu as atividades em 1995, pelo esgotamento da mina de urânio, a empresa deveria fazer o tratamento do passivo ambiental, mas isso não foi feito, segundo Bittencourt, por problemas com empresas no processo de licitação. Ele rebate as denúncias de antigos funcionários de que não teriam recebido acompanhamento médico ao sair da empresa, embora a Organização Internacional do Trabalho (OIT) obrigue a isso. “Todos fazem o exame demissional e usam dosímetro para checar o índice de radiação”, limita-se a responder.

Um ex-funcionário de 59 anos, que trabalhou 27 na empresa e prefere não se identificar, diz que nunca recebeu qualquer acompanhamento médico. “Ninguém pode se enganar, pois a situação ainda é grave. Precisamos da ação e de gente de responsabilidade lá dentro. Só a decisão judicial não vai resolver.”


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