Beto Novaes/EM/D.A Press |
Cerca de 500 toneladas de entulho foram retiradas da região |
A expectativa era de que os caminhões fizessem 120 viagens levando entulhos das ruas dos bairros até a Unidade de Recebimento de Pequenos Volumes (URPV), no Bairro Castelo, num total de 500t de materiais. Ontem foi a última chance para contar com a ajuda da prefeitura no transporte dos resíduos. A partir de hoje, quem ainda tiver restos de telhas quebradas e outros objetos deverá entregá-los na URPV, localizada à Rua Castelo de Vieiros, 315. Pelo Código de Posturas, é proibido fazer o descarte nas calçadas. O descumprimento da norma pode resultar em multa de R$ 109,56 por metro cúbico.
“Essa foi a região mais atingida pela chuva de granizo em BH e com nossa estrutura do dia-a-dia não era possível tirar tudo. Agora, com o pagamento do 13º salário, muitas pessoas aproveitaram para comprar telhas novas e pôr tudo no lugar. Mas, além do depósito de materiais ser um problema no aspecto físico, é também de saúde, por causa da presença de ratos, escorpiões e mosquitos da dengue e da leishmaniose”, afirma o gerente regional de Limpeza Urbana Pampulha, Osvaldo do Carmo Machado.
HORROR
A aposentada Laurentina Maria de Jesus, de 66 anos, se lembra do horror que viveu em 17 de setembro. As telhas desabaram em meio ao barulho e à escuridão. A água entrou por todos os lados da casa. “Contei com a ajuda de vizinhos para comprar as telhas, porque eu não agüento carregar. Até hoje estamos pondo as coisas em dia”, disse. A também aposentada Maria Porto, de 70, conta que muita gente ainda não teve condições de reformar a casa porque o preço de materiais de construção e do serviço cobrado pelos profissionais subiu demais: “Muitos aproveitaram para ganhar dinheiro”. Ela aprovou a iniciativa do mutirão. “Além de atrapalhar a porta, os meninos da rua não dão sossego jogando pedras na casa da gente”, afirmou.
O pedreiro João Francisco de Jesus Silva, de 44, está abrigado na casa de vizinhos. Ele visitava o pai, em São Paulo, no dia da chuva, e só voltou 22 dias depois. Quando chegou, se deparou com a desagradável surpresa: a casa toda danificada e sem telhas. “Perdi todos os móveis, como sofá, cama e fogão. Os vizinhos tiraram o que puderam e salvaram roupas e vasilhas.”