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Estado de Minas

Óleo de cozinha não vai para a pia


postado em 23/11/2008 07:56 / atualizado em 08/01/2010 04:00

O óleo de cozinha recolhido em prédio do Bairro Santa Lúcia é colocado em bombona de 50 litros (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press )
O óleo de cozinha recolhido em prédio do Bairro Santa Lúcia é colocado em bombona de 50 litros (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press )
O óleo vegetal usado para fazer a comida em casa, em bares e restaurantes nem sempre tem uma destinação correta. Na maioria das vezes, o descarte é feito no lugar mais perto das mãos dos cozinheiros: a pia. Nesse caso, o produto desce pela tubulação e vai para as águas subterrâneas, rumo à contaminação do lençol freático. Mas poderia ter um fim mais nobre, se fosse transformado em outros materiais, por meio da reciclagem. Em Belo Horizonte, essa já é uma realidade de muitas empresas e residências, que formam uma cadeia produtiva e ambientalmente correta. A analista ambiental Rosana Franco, de 43 anos, é um dos elos da corrente.

Há três anos, o prédio onde mora, no Bairro Santa Lúcia, na Região Centro-Sul, adotou a coleta seletiva. Antes de ser atendido pelo caminhão da prefeitura destacado para o serviço, o lixo era destinado a um catador de material reciclável. Rosana, a síndica do edifício, avançou ainda mais: agora, cada morador acondiciona o óleo que restou das frituras em vidros ou garrafas PET. As embalagens são deixadas num contêiner com capacidade para 50 litros, guardado no condomínio. Depois de um mês e meio, prazo suficiente para arrecadar muitos potes, o galão é recolhido por uma empresa. “Descartando minha garrafa de forma correta, contribuo com um ciclo muito grande. Em matéria de meio ambiente, não há pequenas ações, tudo o que se faz resulta em grandes atitudes”, diz.

Do condomínio do Santa Lúcia, o material vai direto para a fábrica do empresário Alexandre Pinheiro, de 34 anos, instalada no Bairro Padre Eustáquio, na Região Noroeste de BH. Ele conheceu o processo no Rio de Janeiro e decidiu aplicá-lo em BH. “Constatei em algumas pesquisas que o óleo de bares, restaurantes e lanchonetes não tinha outro fim que não fosse a poluição das galerias de esgoto. Percebi nesse meio uma chance de mudanças”, conta. Recentemente, ele ampliou o trabalho para casas e prédios. Tudo é muito simples: basta juntar no mínimo cinco litros de óleo e chamar a empresa para buscá-lo. Em restaurantes, é deixado um galão de 50 litros para ser enchido. A contrapartida é o fornecimento de material de limpeza, como detergente, cloro, pano de chão e sabão, para incentivar a continuidade da troca. O óleo é passado numa peneira para acabar com as impurezas e acumulado num recipiente de 10 mil litros, à espera do caminhão de outras empresas, que transformarão o óleo em outro material.

As possibilidades são muitas: biocombustíveis, componente de ração para animais, sabões e detergentes. Nos negócios de Fernando de Oliveira Batista, de 56 anos, o óleo que sai da fábrica de Alexandre é transformado em um antiespumante, empregado em lavadores de gás de usinas siderúrgicas. O empresário explica que essas indústrias usam um sistema de lavagem dos alto-fornos das metalúrgicas para evitar a poluição atmosférica. Mas o processo provoca muita espuma, que limita a capacidade dos reservatórios e causa transbordamento. Com isso, as bolhas são lançadas para os efluentes e contaminam as águas.

O antigo óleo de cozinha tem agora a função de inibir a formação de espuma e permitir aos tanques trabalhar na capacidade deles. “Usamos o vegetal por ser biodegradável, não agredindo o meio ambiente. O produto mineral, por sua vez, aumenta o teor de óleos e graxas nos efluentes”, diz Fernando Batista.


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