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Estado de Minas

Conselho lista obras necessárias para o colégio Estadual Central


postado em 08/11/2008 10:43 / atualizado em 08/01/2010 04:06

Inaugurado em 1956, edifício é reconhecido como patrimônio desde 1990. Em agosto, ex-alunos denunciaram falta de cuidado com as instalações(foto: Fotos: Jorge Gontijo/EM/D.A Press )
Inaugurado em 1956, edifício é reconhecido como patrimônio desde 1990. Em agosto, ex-alunos denunciaram falta de cuidado com as instalações (foto: Fotos: Jorge Gontijo/EM/D.A Press )
O Colégio Estadual Governador Milton Campos, o famoso Estadual Central, no Bairro de Lourdes, na Zona Sul de Belo Horizonte, já tem a lista das alterações necessárias para que sejam restaurados seus prédios tombados pelo Conselho do Patrimônio Cultural. na sexta-feira, o conselho publicou no Diário Oficial do Município (DOM) as deliberações com uma página inteira indicando as reformas que precisam ser feitas e até onde se pode mexer na estrutura, conservando características originais. No entanto, não há ainda projeto, muito menos indicação de onde sairia o dinheiro para recuperar o edifício histórico com projeto do arquiteto Oscar Niemeyer. A Secretaria de Estado da Educação, responsável pela escola, informou que não tem previsão de intervenção grande por lá.

A diretora do colégio, Maria José Duarte, aguarda ansiosa o início das reformas. “Fico feliz porque isso faz lembrar a importância da escola. A gente faz o que pode, mas não tem como financiar por conta própria uma grande recuperação”, diz. Um dos ex-alunos mobilizados, Sizenando de Barros Ribeiro, de 56 anos, tem na ponta da língua a solução para a eventual falta de recursos para as obras no Estadual Central.

“Para recuperar a arquitetura ali, é possível conseguir verba em lei de incentivo à cultura. Estamos dispostos a correr atrás dos financiadores, mas dependemos do estado para apresentar a proposta.” Eles recolheram cerca de 1 mil assinaturas em abaixo-assinado que será entregue em reunião prevista com representantes do governo estadual.

Por ali, passaram pessoas hoje famosas, principalmente no mundo político, como a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, o prefeito de BH, Fernando Pimentel, e o senador Eduardo Azeredo. Parte dos militantes de Belo Horizonte contra a ditadura ocuparam o prédio da escola. O Estadual Central abrigou ainda aqueles que se destacaram em outras áreas, como o cartunista Henfil e seu irmão Betinho de Souza, e os representantes do Clube da Esquina Fernando Brant e Toninho Horta.

O prédio principal, inaugurado em 1956, é reconhecido como patrimônio do município desde 1990. Em agosto, um grupo de ex-alunos organizou manifestações denunciando a falta de cuidado com o patrimônio. A ação deles levou à iniciativa da prefeitura de fazer o levantamento. “Na época do tombamento, não foram feitas todas as diretrizes e elas são o primeiro passo para a revitalização, mas qualquer projeto deve partir do governo do estado”, explica a diretora do Patrimônio Cultural de Belo Horizonte, a historiadora Michele Arroyo.

O relatório da prefeitura mostra a necessidade de reformar o piso e a estrutura do auditório, finalizando com a instalação de ar- condicionado. Está indicada ainda a retirada de pichações dos muros da escola, a demolição de parte da fachada do bloco administrativo – devido a mudanças do projeto original –, a troca de pisos em vários prédios, a reforma de paredes, a recuperação da entrada da Rua Antônio de Albuquerque e a reforma dos pisos das quadras, só para citar alguns. Todos os prédios precisariam de adaptações. O espaço é limpo, arborizado e agradável, mas o tempo marcou as paredes, as bordas e o piso, evidenciando a necessidade de recuperação.

Quando for fazer o projeto, o responsável terá de incluir a construção de réplica da estátua de Alfredo Ceschiatti (1918-1989), escultor mineiro que fez parte da Comissão Nacional de Belas Artes, ensinou escultura e desenho na Universidade de Brasília (UnB) e tornou-se conhecido por criar obras para decorar prédios projetados por Niemeyer.

A imagem de uma mulher nua em tamanho natural, deitada de lado e apoiada em um dos braços chama a atenção. Originalmente, ela ficava na frente do auditório, mas desgastes provocados pelo contato dos alunos e pelos anos obrigaram a direção a colocá-la em uma caixa de vidro. A réplica cobriria a antiga, que já não suporta novas restaurações. “Propusemos a conservação do colégio, mas, claro, com potencialização do uso educacional e, portanto, há algumas sugestões para voltar ao projeto original e outras para fazer adaptações”, explica Michele Arroyo.

Infiltrações no teto da unidade 1 incomodam a diretora Maria José (E). Para a aluna Jéssica Lobato, escola está velha e precisa de reparos
Infiltrações no teto da unidade 1 incomodam a diretora Maria José (E). Para a aluna Jéssica Lobato, escola está velha e precisa de reparos


Aos poucos


A historiadora da PBH sugere que as obras sejam feitas aos poucos, dependendo dos recursos disponíveis. “A necessidade de intervenções ali é grande. Além de ser um referencial de educação na cidade, é um projeto importantíssimo do Niemeyer.” O arquiteto modernista traçou o prédio das salas de aula da unidade 1 em formato de uma grande régua. A caixa-d’água é um giz e a lanchonete foi construída como uma borracha. Mas o maior destaque é o auditório com contornos de mata-borrão. Na entrada da Rua Antônio de Albuquerque, ela forma uma bonita onda que lembra bem os traços característicos do arquiteto. “Se fosse considerar mais a visão do patrimônio, eu começaria a reforma pelas obras do Niemeyer”, afirma Michele.


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