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Estado de Minas

Atropelamento interrompe sonhos de pintor


16/10/2008 08:38 - atualizado 08/01/2010 04:11

Velório no Cemitério da Paz foi marcado pela emoção e indignação de parentes e amigos do ex-funcionário do Cruzeiro Geraldo Lopes da Silva
Velório no Cemitério da Paz foi marcado pela emoção e indignação de parentes e amigos do ex-funcionário do Cruzeiro Geraldo Lopes da Silva (foto: Cristina Horata/EM/D.A Press)

Não deu tempo de o pintor Geraldo Lopes da Silva, de 49 anos, comprar um terno, o primeiro da sua vida. Ele seria usado no casamento da filha mais velha, Naiara dos Anjos Silva, de 20 anos, previsto para 13 de dezembro. Era o primeiro matrimônio dos seis filhos. Seus sonhos e os de sua família foram atropelados na noite de terça-feira pelo Ford Eco Sport placa HEW 3216 que se chocou contra seu corpo na Avenida João Soares, no Bairro Xangrilá, em Contagem. Ele morreu na hora. O carro era dirigido pelo médico Bruno Barreto de Oliveira, de 26 anos. Em vez de prestar socorro, ele seguiu em frente e parou num bar, onde foi encontrado com uma cerveja sobre a mesa.

Na quarta-feira, sob choro e espanto, o corpo de Geraldo foi enterrado no Cemitério da Paz, em BH. Mesmo tristes, Naiara e o noivo, Maurílio Ferreira Reis, de 26 anos, resolveram manter o casamento. “Era o sonho dele”, diz o genro. Há 30 anos, ele trabalhava no Cruzeiro como pintor de estruturas na sede e no centro de treinamento na Pampulha. Com exceção da mulher, todo mundo em casa era cruzeirense.

O médico foi detido, mas liberado na madrugada de quarta-feira depois de pagar fiança de R$ 500. Segundo seu advogado, Reni Ferreira de Arruda, o jovem reconheceu que havia ingerido bebida alcoólica antes de pegar o volante. “Ele assumiu suas responsabilidades, mas não subiu no passeio, nem estava em alta velocidade”, pondera seu representante. Pela versão da defesa, o pintor teria se deslocado de um grupo que atravessava a rua e surgido na frente do carro. Bruno Oliveira foi autuado por homicídio culposo na 6ª Delegacia Seccional de Contagem e as investigações serão feitas pela Delegacia de Acidentes de Veículos de Contagem. No Detran, não constam autuações e multas para o veículo, fabricado em 2006.

Arruda afirma que remédios de controle emocional usados pelo médico podem ter influenciado sua reação. “Foi confusão provocada pela mistura de susto, remédio e bebida.” Na hora do atropelamento, estavam no carro seu filho de 2 anos e uma ex-namorada, mãe da criança. O pintor tinha acabado de descer do ônibus, quando foi atingido. Sua casa ficava a 20 minutos a pé dali. “Ele costumava chegar, tomar café e voltar para buscar a mulher, que descia naquele mesmo ponto”, revela o genro.

No lugar do marido a esperando, a mulher viu a grande confusão na rua e recebeu a notícia triste. A filha Naiara e seu noivo foram os primeiros a chegar. “Nem deu para levá-lo ao hospital. Disseram que ele teve falência dos órgãos, fratura no crânio e perna quebrada”, diz Maurílio.

CAMINHO O pintor saiu de São Joaquim de Bicas, na Região Central, para tentar a sorte em Contagem. No Bairro Nacional, naquela cidade, ele conseguiu comprar um terreno e erguer uma casa, ainda sem reboco e acabamento. “Era seu plano de vida terminar a construção”, revela Maurílio, que freqüenta a casa há sete anos.

O jovem que o atropelou é um recém-formado filho de uma médica na capital. Seus planos vão na direção de vencer os primeiros anos da profissão. Segundo seu advogado, ele é funcionário de um hospital em Contagem. “Ele ficou chateado, se culpando por ter estudado para salvar vidas e estar envolvido em situação tão grave”, diz o advogado, que afirma tê-lo feito desistir de procurar a família após o acidente. “Não ajudaria nada, porque sabia que eles estavam nervosos.”


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