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Estado de Minas Artesanal

Feito no Nordeste

Festival Nordestesse apresenta um mix de moda, acessórios, itens de decoração e obras de arte em Belo Horizonte


09/07/2023 04:00
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Daniela Falcão
Daniela Falcão traz Festival Nordestesse para BH e apresenta um mix de moda, acessórios, itens de decoração e obras de arte (foto: fotos: Festival Nordestesse/divulgação)


Daniela Falcão sempre soube que o Nordeste brasileiro era um filão de talentos, mas não imaginava a força criativa da produção que encontrou em sua jornada de empreendedora. Alguns desses trabalhos participam da primeira edição do Festival Nordestesse em Belo Horizonte, que acontece até hoje, na Casadorada, no bairro Cidade Jardim.
 
A plataforma criada pela jornalista baiana tem a missão de fortalecer artistas e marcas de moda e design que preservam a cultura e saberes manuais ancestrais dos nove estados da região a partir da ótica do luxo que o artesanal encerra. Esse foi o foco da palestra que ela proferiu na loja conceito, entre outros talks da programação do evento.
 
Sillas Figueira
Sillas Figueira (foto: Festival Nordestesse/divulgação)
 
 
Das 13 marcas que aportaram no espaço, oito pertencem ao segmento fashion e três ao de decoração, além de dois artistas plásticos, um time representativo de Alagoas, Bahia, Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Tudo foi pinçado a partir de elementos diferenciadores que pudessem provocar a atenção e o desejo das consumidoras belo-horizontinas. “Fiz uma curadoria muito apurada sabendo que a mulher mineira valoriza o feito à mão. A ideia é complementar o seu guarda-roupa com outras manualidades que ela não encontra em Minas”, explica Daniela.
 
Brinco de Danielle Porcino
Brinco de Danielle Porcino (foto: Festival Nordestesse/divulgação)
 
 
O trabalho da Catarina Mina, do Ceará, é um exemplo. Fundada por Celina Hissa há 15 anos, se destaca pelas criações em crochê e renda de bilro, que já foram desfiladas na Semana de Moda de Milão, além das bolsas de crochê e palha de carnaúba, com detalhes de madeira, que vão da praia ao casamento. “A renda de bilro não é forte em Minas Gerais e o crochê que ela faz é diferente, vai da praia para o asfalto, porque é elaborado com a palha de carnaúba só encontrada no Piauí, Ceará e Maranhão”, ressalta.
 
Para participar do projeto Nordestesse, que, atualmente, já conta com cerca de 180 parceiros, é necessário obedecer a alguns critérios e o principal deles é o diálogo com o Nordeste seja por meio dos tecidos e matérias-primas, da temática e do uso do saber manual, além de ser uma proposta autoral.
 
Danielle Porcino, por exemplo, designer da marca homônima, nasceu no Rio Grande do Norte e seus temas remetem à cultura potiguar. Ela esteve em BH para mostrar uma coleção de joias com perfume de mar: são peças orgânicas e geométricas elaboradas em prata, ouro e pedras naturais. Areia, ondas, escamas, ouriços são reproduzidos em joalheria contemporânea, que flerta com o cotidiano.
Bordados de coqueiros e vegetação praiana podem ser conferidos no trabalho da baiana Sillas Filgueira. Não é à toa que a coleção se chama Baianá e destaca vestidos, blusas e calças em linho e detalhes interessantes, como alças de madeira.
 
Surpreendente também é o trabalho da Maia Piatti, de Alagoas, com suas roupas pintadas à mão em puro linho que, pontualmente, podem receber bordados. É comandada pelas irmãs Ana Maia e Rosa Piatti que se embrenham ainda no território da decoração desenvolvendo louças com pinturas manuais. Vale a pena atentar para a proposta da Adriana Meira, cujo DNA são os patchworks de tecidos em desenhos que homenageiam orixás e santos.
 
Quem também esteve na capital mineira para participar de um mini talk e apresentar seu trabalho foi Luciana Pêssoa de Queiróz, da Elipê Design, de Pernambuco. Ela ressignificou a tapeçaria original da famosa Casa Caiada, fundada por sua avó, transportando-a para pequenas telas e pergaminhos de crochê, com tiragem limitada, que podem ser facilmente transportadas para os ambientes. Geometria, corpos femininos, constelações são explorados pela artista em um interessante jogo de trompe l’oeil.
A artista visual pernambucana Anna Guerra, por sua vez, impressiona com uma produção peculiar na qual mistura tinta acrílica, cera de abelha, tinta a óleo e tecidos de chita, refletindo sobre tradições e festejos regionais. E a Rush, também de Pernambuco, faz beachwear com prints de artistas locais, como Brennand e Ariano Suassuna.

Trajetória Até chegar a esse estágio de empreendedora, Daniela Falcão foi ratazana de redação e trabalhou em veículos de comunicação relevantes, como a Folha de São Paulo, de onde foi catapultada à diretora da sofisticada revista Vogue. No passo seguinte, tornou-se CEO no grupo Condé Nast, responsável pelas quatro publicações brasileiras da companhia.
 
Com o escritório da empresa fechado na época da pandemia, ela se mudou para Recife e, com a chancela da Vogue no currículo, começou a ser procurada por jovens estilistas, artistas e designers que desejam mostrar seus trabalhos. “Iniciei uma sequência de posts no Instagram relatando as histórias que me emocionavam e o feedback foi muito bom. Percebi o potencial dessas pessoas, que até já trabalhavam no mercado e eram talentosas, mas não tinham conexões nem com a mídia nem com o mercado”.
 
Foi nessa época também que ela começou a articular a sua saída da Condé Nast. Completei 50 anos e apareceram várias perguntas sobre o que desejava fazer da vida dali para frente. “Veio a vontade de empreender, deixar um legado meu. Então pensei em criar uma plataforma colaborativa para juntar esses talentos e outros que, com certeza, iria encontrar, em quatro áreas que eu conhecia e que estavam muito sem apoio na pandemia: moda, arte, design e gastronomia”.
 
O Nordestesse nasceu em julho de 2021, depois de um período sabático de quatro meses no qual Daniela aproveitou para conhecer outras regiões do Nordeste e novos talentos nos setores que queria trabalhar. Site criado, a área de conteúdo, na qual são relatadas as histórias de cada marca com bela apresentação visual, foi apenas uma das partes do processo.
 
As seguintes seriam proporcionar o contato com a mídia e formadores de opinião e chegar ao comércio. Foi assim que surgiram os festivais já realizados em São Paulo, Rio de Janeiro e, agora, em Belo Horizonte. Outra conquista da nova empresária foi a abertura da Casa Nordestesse nos Jardins, em São Paulo, para abrigar as criações das marcas.
 
Um trabalho árduo, que tem como foco o mercado de luxo artesanal, a relevância do feito à mão, a exclusividade das peças únicas e o impacto social e ambiental que ele gera nas comunidades, contribuindo, particularmente, para dar poder às mulheres. “O projeto está transformando a realidade do Nordeste”, garante a jornalista, que acredita que a missão é trazer contemporaneidade e design à produção dos que estão participando da rede colaborativa. “Um quimono em renda de bilro da Catarina Mina, que está aqui na mostra, exige o trabalho de três artesãos durante seis dias, oito horas por dia. Quer algo mais luxuoso? Temos que educar o consumidor para o valor artesanal do feito à mão”.
 
Para alcançar esse objetivo, a jornada de Daniela passa também por mentorias e apoio constante aos parceiros. “Opinamos muito, do nome da marca às matérias-primas utilizadas por eles”. O resultado é palpável e comprova que o investimento está dando certo. Se antes havia três marcas nordestinas na São Paulo Fashion Week, hoje elas são 17 e delas oito são das marcas da plataforma.
 
Serviço

Festival Nordestesse Belo Horizonte
Marcas: Adriana Meira (BA) / Anna Guerra (PE) / Catarina Mina (CE) / Danielle Porcino (RN) / Elipê (PE) / Gonzalo (CE) / Juliana Santos (PE) / Kennedy Bahia (BA) / Lucas Lemos (SE) / Maia Piatti (AL) / Mönster (PE) / Rush (PE) / Sillas Filgueira (BA)
Endereço: Rua Olímpio de Assis, 26 – 
Cidade Jardim
Horário: Domingo: das 10h às 16h 


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