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Estado de Minas Proteção

Cuidados no verão

Aumento de câncer de pele agressivo em jovens acende alerta da importância do uso de protetor solar não apenas na praia, mas o ano todo


29/01/2023 04:00

Dermatologista Marcela Mattos
Dermatologista Marcela Mattos: "as pessoas não falam muito do câncer de pele por achar que ele é menos importante" (foto: arquivo pessoal)


Dados da Organização Mundial da Saúde apontam que o câncer de pele é o mais prevalente do mundo. A pele é o maior órgão do corpo humano, e muitas vezes as pessoas não dão o devido valor e cuidado a ela. O fato é que tem crescido assustadoramente o número de jovens com melanoma e uma das causas pode ser a exposição exagerada e descuidada ao sol.
 
Segundo a dermatologista Marcela Mattos, as pessoas não falam muito do câncer de pele por achar que ele é menos im- portante. De fato, ele é menos agressivo em termos de metástase, pois o mais comum é o carcinoma basocelular, que é localmente agressivo, mas não dissemina e nem causa metástase, porém gera muita sequela estética, porque muitas vezes é preciso retirar em volume maior, chegando inclusive a demandar enxerto.
 
 verão
No verão, a radiação solar é mais direta, os índices de radiação UV no Brasil são os mesmos, seja em Belo Horizonte ou no Nordeste (foto: Depositphotos)
 
 
O grande problema é que um outro tipo de câncer de pele é o melanoma, que está aumentando muito sua incidência, principalmente em jovens. Acredita-se que a causa seja pela maturidade do sistema imunológico e pela exposição inadivertida ao sol. “É aquela atitude um pouco imatura dos jovens em dizer que se não estão sentindo nada, não têm com o quê se preocupar, uma inconsequência da faixa etária”, diz a dermatologista. Vale lembrar que a maior parte da exposição solar é até os 18 anos. “O melanoma pode ter fator genético – predisposição familiar –, mas tem o fator da exposição solar intensa e maciça, como é o caso dos mineiros, que ficam o ano inteiro longe do sol e no verão vão para a praia e tomam aquele sol. Isso multiplica o risco de melanoma, e o melanoma mata e sequela localmente. Geralmente, tem que ser retirado com uma margem muito maior e mais profunda que o basocelular”, explica.
 
O número de diagnósticos que os dermatologistas têm feito em consultório têm assustado. “O melanoma geralmente não surge de uma pinta antiga, mas de uma pinta nova, por isso chamamos de melanoma dinovo. A pessoa vê a pinta e não dá valor. Câncer não aparece apenas no verão, mas precisamos reforçar a importância dos cuidados nessa época do ano, para despertar interesse nos cuidados para o ano todo. É uma campanha educativa.”

MAIS PROTETOR NO VERÃO É necessário intensificar o uso de protetor solar nessa época do ano. No verão, a radiação solar é mais direta, os índices de radiação UV no Brasil são os mesmos, seja em Belo Horizonte ou no Nordeste, e atingem picos elevados, o que aumenta os riscos de problemas na pele; por isso precisamos de proteção maior. Os dermatologistas são porta-vozes disso.
 
O que a Sociedade Brasileira de Dermatologia diz sobre qual o filtro solar ideal para o verão? Tem que ter um fator de proteção superior a 50, e os filtros chegam a 99. E qual a diferença do FPS 30 para o 99? Segundo Marcela, é o tempo de proteção. A intensidade de proteção varia muito pouco,  mas o tempo de proteção é bem maior. Enquanto protetores com menor intensidade demandam passar a cada duas horas, os de maior intensidade conseguem cobrir por mais de três horas.
 
Os dermatologistas sabem que as pessoas não passam protetor da maneira como deveriam. Marcela Mattos explica como devemos passar o protetor: “Existe a regra da colher de chá: uma colher de chá para o rosto, duas para o tronco, duas para os membros inferiores e uma para os braços. Acho que nem os dermatologistas passam assim, porque além de gastar muito produto, tem que ficar um tempo esperando secar. Lembrando que tem que passar 20 minutos antes de se expor ao sol. Esse é outro grande erro, porque a maioria das pessoas passa o protetor quando já está na praia ou na piscina”. A reaplicação deve ser a cada duas ou três horas, e se nadar ou suar, deve repassar. Alguns têm uma resistência maior à água, mas mesmo assim é indicada a reaplicação para aquelas pessoas que ficam muito tempo dentro da água.

DIFERENÇAS DE PROTETORES O problema do protetor em spray é garantir uma aplicação perfeita, uniforme. Fazer aquela bruma em volta da criança não é garantia de cobertura total. “A forma correta de aplicar o protetor spray é passar como se estivesse fazendo um grafite em uma parede, e depois passar a mão para espalhar no corpo. Já cansei de receber pacientes listrados, porque a mãe deixou áreas sem receber o jato.”
 
Os protetores com tonalizantes têm algumas vantagens. Uma delas é a proteção contra o mormaço, quando você se queima mesmo tendo ficado sob o guarda-sol o tempo todo. O “bronzeado” na sombra é por causa dos raios infravermelhos. O problema é usar protetor com tonalizante no corpo. O protetor com tonalizante também protege no dia a dia contra a luz de computador porque tem óxido de ferro, por isso ele tem um tom um pouco amarelado, mesmo para peles mais claras. “No caso da radiação infravermelha, tem um protetor que tem uma substância antioxidante que desinflama, é um corticoide like. Hoje, os protetores estão muito além do que tínhamos antes. Agora, tem a preocupação com o PPD, infravermelho, luz visível etc.”, conta a dermato.
 
Outro protetor solar que é novidade é o oral, em cápsula, indicado em determinados casos. A pessoa começa a tomar uma semana antes de se expor ao sol, duas vezes ao dia, e continua ao longo do período. São oxidantes, naturais, fitoterápicos. “É como se fizesse um evitar do estresse oxidativo, que é a produção de radicais livres, tanto para processo de envelhecimento decorrente do sol, quanto para o risco de câncer de pele e também para pigmentação. Muito indicado para paciente que tem melasma, mancha, que é melanina oxidadada. Isso não significa que não precise usar o protetor em creme. A capsula é indicada para a pessoa muito branquinha, que mesmo com o uso do protetor se queima, ou para aquele paciente que já teve câncer de pele e portanto já tem uma fragilidade, ou ainda para jovens que querem fazer uma proteção de longo prazo, para cuidado preventivo. O bom é que não tem contraindicação.”
 
É impossível para um leigo saber qual protetor tem todas as proteções desejadas. O correto é consultar um dermatologista para indicar o melhor protetor para seu tipo de pele. As marcas mais conceituadas são L'Oreal e dentro dela tem o protetor da L'Oreal, Vichy, La Roche, SkinCeuticals, CeraVe; dentro da Johnson temos o Minesol/Neustrata, Neutrogena, Sundown; na Mantecorp tem Episol; e a Isdin, uma marca que está despontando. “Essas são as principais, que se preocupam com tudo isso e muito mais, como antioxidantes, clareadores, fechamento de poros, tratamento de acne, controle de oleosidade. Alguns protetores podem provocar acnes, dependendo da pele da pessoa, por isso é fundamental que o produto seja indicado por um dermatologista, porque o profissional saberá qual a melhor opção para cada situação. Hoje, já tem protetor com substância para tratamento de acne, porque contém sílica, que enxuga e resseca o sebo”, conta Marcela.

PASSAR PROTETOR
E LIMPAR A PELE 

A aplicação tem que ser desde o dedão do pé até a orelha. “Muitas vezes, recebemos pessoas mais velhas com câncer na orelha, uma área que toma bastante sol e fica negligenciada.” A Sociedade Brasileira de Dermatologia preza muito por todos os tipo de proteção. Além do FPS, que protege contra a radiação UVB, tem também o PPD, que protege contra a radiação UVA, que é grande causadora de câncer e é aquela que passa pelos vidros.
 
A limpeza de pele depois de um dia de praia ou piscina deve ser bem cuidadosa, porque na praia usamos mais protetor o que no dia a dia. Muitas vezes, quando não se faz a limpeza correta no fim do dia pode surgir acne estival, uma acne do verão, por causa do suor, que gera acúmulo de água na pele e forma uma “barreira”, junto com o protetor solar, para a eva- poração. “É comum surgir essa acne ao longo de todo o dorso e face. Por isso a importância de ter a indicação certa do protetor para sua pele, porque se já tem uma tendência à acne, atual ou prévia, o ideal é o protetor que tem esse cuidado de evitá-la”, pontua.
 
A limpeza começa pelo básico, lavar o rosto com o sabonete líquido correto para sua pele, e no caso da praia, muitas vezes demanda o uso de um tônico, para uma hidratação, ou em caso de pele oleosa um mais adstringente para ajudar a remover as sujidades como sebo, resíduo de protetor etc. Fazer uma lavagem mais atenta, usando os dedos para auxiliar a tirar mais a sujeira, e uma água miscelar que acrescente uma limpeza a mais.
 
A variedade de protetores é tão grande – com ou sem cheiro, com substância que não arde os olhos, para todo e qualquer tipo de pele – que não existe mais desculpa para não usar esse produto, que é tão importante no dia a dia, o ano inteiro. “Todo mundo tem um protetor para chamar de seu. Quem diz que odeia protetor solar é porque ainda não encontrou o seu. Brincamos que protetor solar é igual namorado; este funciona para você e não funciona para mim, porque somos seres diferentes. As opções cosméticas são enormes, e tem 'zilhões' de tipos, um vai dar o match perfeito”,conclui Marcela Mattos.
 
Outros tópicos para ficar em alerta: não ficar muito tempo com biquíni e sunga molhados, lembrar do risco das micoses e candidíase. Isso não é apenas em adultos, ocorre muito em crianças que ficam o dia inteiro com maiô molhado. Muitas vezes, a pessoa não pegou a micose na praia, pode ser um fungo dela mesma que proliferou por causa do ambiente mais úmido.


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