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Básicos e atemporais

Projetos arquitetônicos e roupas podem ser parecidos? Conheça o trabalho de Graziella Nicolai, que acaba de lançar a marca Essens


17/01/2021 04:00

(foto: Nicole Medeiros/Divulgação)
(foto: Nicole Medeiros/Divulgação)


Arquiteta de formação, estilista por paixão. Graziella Nicolai é daquelas que compram tecido para sofá já imaginando uma roupa. Com mais tempo livre na pandemia, ela, enfim, conseguiu realizar o sonho de trabalhar (também) na área de moda. Lançou a marca Essens, que veste as mulheres da cabeça aos pés, com roupas, sapatos, bolsas e cintos. Ela mesma desenvolve as peças, em um processo totalmente intuitivo, muito parecido com o da arquitetura.
 
(foto: Nicole Medeiros/Divulgação)
(foto: Nicole Medeiros/Divulgação)
 
 
O armário de Graziella entrega sua paixão: tem muito mais acessórios do que roupas. Inclusive, a marca seria só de bolsas, sapatos e cintos não fosse a necessidade de sugerir uma “base” adequada a eles. “Assim como na arquitetura, não adianta nada colocar todos os móveis no lugar e não finalizar com um vaso de flor, um adorno, uma peça que conta a história da pessoa. A roupa veio como consequência da vontade de fazer acessórios”, explica.
 
(foto: Nicole Medeiros/Divulgação)
(foto: Nicole Medeiros/Divulgação)
 
 
A coleção de estreia começou a tomar forma a partir da pedra ágata. A arquiteta queria que ela ganhasse destaque como fivela de um cinto. “Essa pedra naturalmente tem tons maravilhosos que fazem a roupa acontecer”, pontua. Com tira de couro, as peças chamam a atenção pelas formas e cores únicas da pedra. Podem fazer parte de todo tipo de produção, seja com vestido, calça e saia.
Outros dois modelos de cinto complementam a coleção, um de camurça com fivela geométrica – básico, mas com muito estilo – e um de couro com detalhes em metal dourado.
 
(foto: Nicole Medeiros/Divulgação)
(foto: Nicole Medeiros/Divulgação)
 
 
A maioria das bolsas são de crochê, feitas a mão, com acabamento em madeira e alça em couro. Uma que foge à regra tem estrutura de couro e fechamento com ágata, a pedra que inspirou toda a coleção. Pode ser usada como clutch ou a tiracolo, porque tem alça de metal. Já as bolsas da linha resort, mais no estilo sacola, combinam tecidos estampados, palha nas laterais e alça de bambu.
Para vestir os pés, Graziella pensou em oito modelos de sapatos, de rasteira a plataforma superalta. No meio-termo, os saltos bloco, muito confortáveis, ideias para usar o dia todo. A arquiteta destaca a sandália com tachas, material que sempre gostou, e tiras que vão da ponta do pé ao tornozelo, onde tem o fechamento de metal. As mules também estão entre as peças-desejo da coleção.
 
(foto: Nicole Medeiros/Divulgação)
(foto: Nicole Medeiros/Divulgação)
 
 
Falando em roupas, a Essens investe no clássico, que não perde validade de uma estação para a outra e se adapta a todo tipo de acessório, servindo mesmo como base para realçá-los. Quase todas são lisas, com a exceção, por enquanto, de duas estampas, uma delas inspirada em uma plantação de cacau. Por ser uma marca atemporal, a alfaiataria não fica de fora. “Algumas roupas tirei do meu armário para servir como guia da coleção. São peças que uso sempre”, conta.
 
Os conjuntos, com peças no mesmo tom e tecido, são uma das apostas da marca. A mulher pode se vestir com calça pantacourt e blusa com recortes ou calça com pregas na barra e top com mangas amplas e bufantes. Outra proposta é combinar saia mais curta na frente, com babados, e blusa com amarração na cintura. Mas nada impede de misturar as peças e criar novas combinações.
 
(foto: Nicole Medeiros/Divulgação)
(foto: Nicole Medeiros/Divulgação)
 
 
A coleção não economiza nos vestidos. Um deles, em chifon com fios de prata, com shape fluido, barra assimétrica e decote ombro a ombro, transmite leveza e elegância. O modelo, que já virou queridinho da marca, ajusta a cintura e tem barra com babados. Há um vestido bem glamouroso, que vai do casual a festa, dependendo dos acessórios que você usa. De renda e um ombro só, ele pode brilhar em um casamento com salto alto, mas ganha outra cara se for usado com cinto de couro.
O colete de crochê é uma das preciosidades da coleção. Feito a mão, funciona bem como terceira peça e também serve como saída de praia.
 
Disposta a oferecer um guarda-roupa completo para as clientes, Graziella planeja, em breve, desenvolver lingerie. “Não sou estilista, mas tenho uma noção boa de caimento, do que gosto, do que quero, do tipo de público que quero atingir”, pontua a arquiteta, que cresceu vendo a avó costurar, tem várias habilidades manuais, e só não estudou moda porque, na época, não existia curso superior em BH.
 
Para concretizar suas ideias, a arquiteta foi atrás de artesãos e montou uma rede de parceiros. Cada um desenvolve uma parte da coleção. Bolsas, sapatos, cintos e algumas peças de roupa, como o colete de crochê, são feitos artesanalmente. Com isso, ela quer valorizar a mão de obra local. “Foi um caminho muito intuitivo, mas oportuno em função da situação que estamos vivendo. Estamos valorizando profissionais que estavam ociosos, sem dinheiro para sobreviver diante da pandemia.”
 
(foto: Nicole Medeiros/Divulgação)
(foto: Nicole Medeiros/Divulgação)
 

Mesma lógica Moda e arquitetura têm muito mais em comum do que se pode imaginar. Na opinião de Graziella, os processos são praticamente os mesmos, desde a ideia até a execução. Tanto projetos arquitetônicos quanto roupas partem de desenhos, e os trabalhos envolvem várias especialidades. “Na arquitetura, precisamos de engenheiro, pedreiro, marceneiro, gesseiro. Já na moda, não trabalhamos sem modelista, costureira, tecido, aviamentos.”
 
Nas duas áreas, é preciso ter um olhar curioso, observar o tempo todo as pessoas, entender como o mundo está se comportando, criar um repertório de expe- riências. “Parece que arquitetura diz respeito só ao morar, mas não, reflete o que quero mostrar para os outros. Assim como vestir, as pessoas querem passar a identidade dela através da roupa”, compara. Ou seja, o profissional tem que conseguir conectar o seu trabalho à essência do cliente.
 
Graziella enxerga muitas semelhanças entre seus projetos e suas roupas. Nos dois casos, ela busca ser atemporal, não fazer nada que vá ficar ultrapassado rapidamente. Por isso, prefere as cores mais neutras e as linhas mais básicas. “Podemos mudar pulseira, brinco, almofada, vaso de flor todo dia, mas não roupa nem sofá. Acho que isso tem tudo a ver com sustentabilidade, em não comprar produtos baratos e descartar toda hora. Essa é a minha forma de projetar na arquitetura e fazer roupa.”


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