






A manipulação têxtil é um elemento norteador para Ronaldo, que se debruça sobre os tecidos e matérias-primas criando vazados, jogos de lisos e transparências, volumes, texturas, tingimentos manuais: essa é sempre a sua grande pegada, que ele também denomina como artwear. Na coleção, isso está expresso, por exemplo, na jaqueta em denin em que os vazados estruturam e dão volume à peça, em um ótimo exercício de modelagem. O jeans também vem manchado com efeito tie dye e há saias no mesmo espírito, mas bem coloridas. O casaco alfaiataria, bem leve, construído com tiras opacas e transparentes, é destaque.

Fábrica O caráter social do Instituto ITI reflete bem o espírito de seu criador. Tão logo chegou a pandemia e percebendo suas necessidades, o estilista criou a Fabrica Social ITI Costurando pela Vida, reunindo 50 ex-alunas, que partiram para a confecção de máscaras de proteção hospitalar em SMD (seguindo os critérios estabelecidos pela Resolução NRD 379), e máscaras de uso social com tecido 100% algodão.
Iniciou-se também uma campanha para arrecadação de alimentos para ajudar os carentes. Uma ação solidária junto à Secretaria da Saúde de Itabira foi direcionada para os asilos. A doação de 4 litros de leite dava direito a um kit com três máscaras. “Penso que cada um de nós tem um papel no mundo. Nesse papel, escolhi fazer o bem para o outro. Acho que precisamos trabalhar a questão da empatia e da solidariedade, principalmente agora. A vida me deu tantas alegrias, por que não repassá-las para outras pessoas?”, pontua.
Ronaldo é daqueles que acreditam na moda como agente de transformação social. Tem lidado com experiências de grande impacto ao longo do tempo que demonstram que está certo. As mulheres, de várias faixas etárias, que fazem o curso de costura na ONG, obedecem a uma séria disciplina. São seis meses de aulas, com 3h45min, três vezes por semana. Se tiverem três faltas são afastadas porque perdem parte importante do processo. A primeira peça que confeccionam é para elas usarem. “A percepção do “fui eu quem fez” é muito importante na questão do resgate social, é um orgulho. E um gatilho importante para motivar os próximos passos”, completa.
