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Estado de Minas DIA DAS MãES

Sem prazo de validade

Com estoques abastecidos, marcas de acessórios que não se prendem a tendências freiam produção e concentram vendas em peças atemporais, que podem ser usadas o ano inteiro


postado em 03/05/2020 04:00

Claudia Marisguia(foto: Luana Alves/Divulgação)
Claudia Marisguia (foto: Luana Alves/Divulgação)


O baque nas vendas é grande. Mas o setor de acessórios encontra fôlego na atemporalidade para trabalhar com o seu estoque por mais tempo. Mais do que nunca, a estratégia de ter peças que podem ser usadas no inverno ou verão se mostra interessante. A uma semana do Dia das Mães, marcas se animam com aumento da demanda. Algumas apostam em pequenos lançamentos durante a quarentena.
 
Claudia Marisguia(foto: Luana Alves/Divulgação)
Claudia Marisguia (foto: Luana Alves/Divulgação)
 
 
A designer Luciana Torquetti, da Julia Torquetti, enxerga uma vantagem do seu setor nesses tempos de pandemia. A venda de acessórios ocorre mais facilmente no ambiente digital, já que não existe a necessidade de experimentar, ao contrário de roupa e sapato. Isso deu força para a marca de atacado lançar em pleno isolamento uma coleção de Dia das Mães, uma das datas mais importantes do calendário. “É uma coleção pequena e com preço acessível. Segue uma linha religiosa, que tem muito a ver com o momento, com medalhas, Divino Espírito Santo e cruz.”
 
Copella(foto: Studio Tertulia/Divulgação)
Copella (foto: Studio Tertulia/Divulgação)
 
 
Como tem clientes (lojistas e revendedores autônomos) em todo o país, a marca já estava acostumada com atendimento virtual, que se intensificou neste período. Segundo Luciana, as vendas on-line ocorrem, ainda que em proporção menor. “Os clientes estão comprando, mas não na mesma proporção. Alguns revendedores mais ousados se arriscam a pedir algo a mais, mas é uma venda quase certa”, conta Luciana, que ficou sem Minas Trend, a melhor época em termos de vendas.
A produção, que é quase toda própria, também não segue o mesmo ritmo de antes. Até então, a marca lançava uma coleção cápsula a cada 15 dias. “Isso agora está um pouco complicado, porque tenho estoque e as nossas peças são muito clássicas e atemporais. Trabalho com pedras naturais, então a mulher pode usá-las em qualquer época do ano”, pontua. Pérola, hematita e espinélio são as pedras mais usadas pela marca, muito conhecida pelos colares.
 
Julia Torquetti(foto: Heitor Torquetti/Divulgação)
Julia Torquetti (foto: Heitor Torquetti/Divulgação)
 
 
Quase toda a produção da Copella era direcionada a lojas e revendedoras autônomas. O atendimento aos consumidores ocorria timidamente. Mas nesta quarentena a venda direta virou solução. “Somos duas pessoas na linha de frente e nunca tínhamos tempo para cuidar do cliente final. Agora que fortalecemos essa comunicação estamos recebendo um feedback importante e não queremos deixar este canal esmorecer”, diz a gestora Patrícia Caravelli. Bárbara Teles, a fundadora, fica mais na criação.
 
Pela primeira vez na história, a marca está oferecendo descontos, válidos durante todo o período de isolamento. “Não queremos ver ninguém apertado, mas compre se puder ajudar. Apoie pequenas  empresas e negócios locais.” Patrícia diz que, como as lojas estão fechadas, os clientes precisam de outro canal de vendas, ainda mais com a proximidade do Dia da Mães, que fez aumentar a procura.
Por enquanto, lançamentos não estão nos planos da marca. Quando o isolamento começou, o estoque estava devidamente abastecido (janeiro e fevereiro são meses de produção intensa). Segundo Patrícia, a estratégia é trabalhar as vendas das peças já disponíveis, até porque a fábrica está fechada. “Os modelos são quase filhos, feitos a mão, são semanas para desenvolver uma modelagem e produzir, então, com a paralisação dos fornecedores, temos que puxar o freio de mão na produção.”
 
Claudia Arbex(foto: Edu Mendes/Divulgação)
Claudia Arbex (foto: Edu Mendes/Divulgação)
 
 
A vantagem é que os produtos não são datados, tanto que a marca nem trabalha com coleções. Faz lançamentos o ano inteiro. “A Copella é uma marca de acessórios em prata com design atemporal. As peças são produzidas com mão de obra de ourivesaria e feitas para durar muito tempo”, descreve Patrícia. Fora a linha de ônix, que é um clássico, a marca trabalha com outros materiais, como cristais Swarovski e pérolas. Uma das novidades é o brinco comprido com semicírculo vazado na ponta.
 
Focada em venda no atacado, a marca Claudia Marisguia se prepara para mudanças pós-pandemia. Uma delas é manter a proposta de trabalhar com pronta entrega no Minas Trend. “Já percebia que o mercado de bijuteria estava com necessidade de compra imediata, não a longo prazo. No fim do ano passado, apostamos 60% na coleção de alto verão para entrega até janeiro e 40% em pedidos do inverno, que seriam entregues mais pra frente. Funcionou superbem e acredito que este ano não vai ser diferente”, avalia a diretora Nivia Marisguia, mirando na próxima edição.
 
Claudia Arbex(foto: Edu Mendes/Divulgação)
Claudia Arbex (foto: Edu Mendes/Divulgação)
 
 
Outra mudança que ela enxerga é o fortalecimento do atendimento virtual. “Acredito que vamos ter uma mudança de comportamento. O digital não vai substituir as feiras, em que o cliente tem a possibilidade de ver os produtos, mas as reposições podem ser feitas on-line.” Inclusive, é o que a marca está fazendo. Nivia vai ao showroom três vezes por semana para atender às demandas de clientes de todo o Brasil por mensagem. Alguns já pediram reposição. No varejo, a estratégia é lançar uma loja virtual.
 
Prevendo uma mudança no consumo, Nivia defende que este é o momento de repensar a lógica de lançamentos e começar a investir em peças mais atemporais. “Acho interessante sair do fast fashion e trabalhar peças mais genuínas, que podem ser usadas em várias estações, para que não fiquem ultrapassadas. É algo democrático e muito pertinente para o momento”, defende.

RELICÁRIO Esta ideia já havia guiado a coleção de inverno “Relicário”, que resgata o conceito de joias de família, dividida em três décadas. As peças mais românticas, com elementos como coração, são inspiradas nos anos 1950. Já a linha dos anos 1970 tem uma pegada hippie, com ícones da natureza, enquanto os anos 1980 estão representados em peças de festa que carregam referências da geração dance, com muito brilho. O plano agora é lançar uma minicoleção com uma mensagem de positividade.
Se no início da quarentena a tristeza tomou conta, com o passar do tempo Claudia Arbex encontrou motivação para repensar a vida e a marca que leva seu nome. A designer não tem dúvida de que a moda vai mudar. “Tive muita resiliência e consegui me reconectar comigo mesma, encontrar uma nova maneira de ver o mundo, de agir. Depois disso tudo vou ser outra pessoa, a empresa não vai ser a mesma. Todas as marcas vão ter que se reestruturar e pensar a moda de outra maneira.”
 
Claudia sempre teve o propósito de deixar as mulheres mais bonitas e autoconfiantes, mas ela observa que, no mercado pós-pandemia, o propósito da marca tem que ser ainda maior. “O valor de um produto não estará mais nele, vamos dar valor ao que é feito no Brasil e a todas as pessoas que estão por trás dele”, opina. Na coleção que teria sido lançada no Minas Trend, já havia uma sinalização: artesãos de todo o Brasil foram convidados para inserir elementos novos nas peças.
No momento, a marca faz venda direta através das redes sociais, priorizando um atendimento próximo, como Claudia oferece nas três lojas físicas, que estão fechadas. Os produtos disponíveis são da coleção de inverno, “inspirada em mulheres que, em que algum momento da história do mundo, fizeram alguma diferença”. Entre elas, Lady Di, Zuzu Angel, Frida Kahlo e Oprah Winfrey.
 
Além disso, a designer selecionou 100 brincos que iriam para o Minas Trend para uma ação social. Toda o dinheiro arrecadado com a venda dessas peças será revertido para a compra de máscaras produzidas pela associação Costurando Sonhos, de Paraisópolis, em São Paulo, que serão doadas para a Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer (Tucca). “Vamos gerar trabalho para mulheres com histórico de violência e doar para quem está mais fragilizado. Está na hora de sermos melhores.”


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