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Estado de Minas LANçAMENTO

Luz no fim do túnel

O momento é de parar, olhar para a frente e traçar estratégias. Com lojas fechadas e feiras como o Minas Trend canceladas, marcas mineiras freiam o lançamento do verão para o atacado e concentram os esforços nas vendas das coleções de inverno no varejo


postado em 12/04/2020 04:00

Plural(foto: Marcio Rodrigues/Divulgação)
Plural (foto: Marcio Rodrigues/Divulgação)


O calendário da moda tem que se adaptar ao novo momento. O ritmo acelerado dos lançamentos, impulsionado pelo Minas Trend, que tradicionalmente larga na frente com as tendências nacionais, dá lugar a um tempo de espera. Impossibilitadas de seguir com o desenvolvimento do verão 2021, as marcas reforçam a campanha do inverno de olho no consumidor que está em casa. Na falta da semana de moda em Belo Horizonte, que seria realizada entre os dias 21 e 24, o Caderno Feminino & Masculino abre espaço para que os estilistas apresentem as coleções disponíveis para compra.

 
Plural(foto: Marcio Rodrigues/Divulgação)
Plural (foto: Marcio Rodrigues/Divulgação)
 
 
A Plural lançou a coleção de inverno quatro dias antes de fechar a loja em São Paulo. Com isso, teve que direcionar as vendas para o site. No atacado, a situação é mais complicada. Muitos lojistas cancelaram pedidos que haviam sido feitos em novembro e o estoque está parado na fábrica. “Falar de venda neste momento em que as pessoas estão ansiosas e preocupadas é muito difícil, mas, ao mesmo tempo, várias famílias dependem do nosso negócio e não podemos ter vergonha de vender o nosso produto. Temos que continuar”, diz a estilista Gláucia Fróes.
 
LED(foto: Johnny Moraes/Divulgação)
LED (foto: Johnny Moraes/Divulgação)
 
 
A coleção de inverno se dividiu em três partes, a começar pela fashion, que apresenta modelagens, cores e materiais novos. O ombro ganhou destaque com mangas mais volumosas, a saia reta mídi chegou com força e a silhueta alongada dos macacões se firmou com uma aposta. Mas o moletom rosa-bebê é o mais surpreendente para uma marca conhecida por tons neutros e terrosos. “Queria lançar algo bem novo. Muita gente acha que fazemos moda sem genêro, mas não é isso. A mulher Plural busca conforto, mas já quer começar o dia bem arrumada”, pontua.
 
O brilho também chama a atenção, como o da calça toda de paetê. Segundo Gláucia, a ideia é mostrar que a marca consegue fazer roupa mais sofisticada, que pode ser usada de noite. As t-shirts com aplicação de paetê foram sucesso de vendas no atacado, assim como a saia de couro tecnológico, matéria-prima usada pela primeira vez, que esgotou rapidamente. “Apesar da gramatura mais grossa, o couro ecológico tem caimento de viscose. No avesso dele tem um suede que dá um conforto grande”, detalha.
 
Coven(foto: aBruna Castanheira/Divulgação)
Coven (foto: aBruna Castanheira/Divulgação)
 
 
A outra parte da coleção é chamada de sustentável, pois engloba peças produzidas com materiais que agridem menos o meio ambiente. Por exemplo, algodão orgânico nacional e viscose feita com madeira de reflorestamento. Para completar, a linha essencial, com roupas básicas e clássicos da marca. “Muito interessante notar que o que vende no site é o que dá conforto para ficar em casa, como uma cacharel. Isso me deixa um pouco mais tranquila, porque fazemos uma moda muito atemporal, então a nossa matéria-prima pode ser usada na próxima coleção, não tem nada descartável.”
 
Mesmo sem data para o lançamento do verão, que estava marcado para 27 deste mês, Gláucia segue nos ajustes finais da coleção (algumas costureiras trabalham de casa).
 
Anne est Folle(foto: Carlos Hauck/Divulgação)
Anne est Folle (foto: Carlos Hauck/Divulgação)
 
 
Situação parecida vive a LED. Quando a quarentena começou, a primeira coleção cápsula do ano tinha acabado de ser lançada e as duas próximas já estavam programadas para este mês. Com todos os pontos de venda fechados, a marca reforçou sua presença digital. “Quero crescer cada vez mais no on-line para conseguir me colocar em todas as partes do Brasil e do mundo”, avisa o estilista Célio Dias, que não desfila desde a última edição da São Paulo Week e agora está totalmente focado no varejo.
 
A coleção de inverno retorna ao início da marca. “Comecei a remexer tudo o que já tinha feito e passei por um processo de redescobrir as peças. Foi muito interessante olhar para trás”, conta. Resultado: o vestido Bola ganhou alças reguladas com botão, a calça Clochard foi relançada com cinto (no lugar da faixa) e o quimono Fendas surgiu a partir da releitura da modelagem de uma blusa. Entre as novidades, o cafetã Repuxado, que pode ser usado de várias alturas, inclusive como blusa.

CORES NEUTRas Curiosa nesta coleção é a cartela de cores. A marca, reconhecida pelo uso de tons vibrantes, optou por criar uma estética mais sofisticada nesta cápsula. Por isso, predominam ocre, branco e rosa queimado (rosa é a cor preferida do estilista). Destaque para o tingimento manual, desenvolvido internamente, que aparece em uma camisa oversized e um vestido. Sobre os tecidos, Célio privilegiou linho, crepe de viscose e rayon de viscose. “Mais pra frente, vou fazer uma coleção inteira de crochê, só com peças únicas inteiras feitas a mão, de uma cor só”, adianta.
 
Victordzenk(foto: Henrique Falci/Divulgação)
Victordzenk (foto: Henrique Falci/Divulgação)
 
 
A Coven teve duas semanas de vendas antes de fechar suas lojas, em BH e São Paulo. Pouco presente no on-line, ela agora se estrutura para manter o relacionamento com os clientes de longe. “Não é o momento de bombardear o cliente com investidas de venda. Preferimos dar um tempo e num segundo momento, se esta situação perdurar, investir em novas formas de venda, mesmo porque existem uma empresa, uma fábrica, empregos e isso tudo não sobrevive se não tivermos nenhum canal de venda”, pontua a estilista Liliane Rebehy. A ideia é disponibilizar, aos poucos, toda a coleção no site.
 
O inverno da Coven traduz o olhar de uma mulher viajante para os lugares por onde ela passa. “Fizemos esta leitura através dos desenhos do estudante de belas artes Estulano. Ele interpretou imagens até de viagens minhas e criou muitas estampas. A coleção tem uma poética muito bonita”, conta. As estampas de paisagem dão a impressão de ser pinturas feitas a mão. O jovem também desenhou rostos, que representam as pessoas encontradas pelas viagens.
 
Nesta coleção, Liliane privilegiou as modelagens clássicas, como as saias mídi com pregas (mas sem volume), as blusas justas de gola alta e casacos sobrepostos. A estilista também destaca os conjuntos com calça flaire que flertam com os anos 1970. Ainda tem jogging de tricô e quimono de cashmere que parece roupão, peças que compõem looks extremamente sofisticados e também são ótimas opções de roupa para ficar em casa. “Acho que tivemos quase uma premonição do que viria pela frente. Mais do que nunca, as pessoas vão buscar conforto, roupas menos construídas, e temos isso também na coleção.”
 
Um passo atrás
 
Este seria o momento dos ajustes finais. A menos de 10 dias do Minas Trend, os participantes já estariam com as coleções do verão’2021 praticamente prontas. Mas o cenário mudou do dia para a noite, a próxima edição só será em outubro, e as marcas tiveram que frear os lançamentos. A Anne est Folle é um exemplo. Com todos os modelos aprovados, a estilista Renata Manso estava em fase de teste das estampas. A alternativa foi dar um passo para trás e trabalhar as vendas de coleções passadas.
 

A marca também precisou suspender as entregas da coleção de inverno, desfilada na edição anterior do Minas Trend, e interromper as obras da loja que seria inaugurada por agora em um shopping de BH. Enquanto aguarda o fim do isolamento, Renata atualiza o site com peças de coleções passadas, muitas que nunca seriam disponibilizadas para o consumidor final, por não haver sobra da produção do atacado. “A loja on-line não era o forte da marca, até porque nunca tinha estoque completo.
Agora temos muito de pintura a mão, que não vence, é bem atemporal, e nossas formas clássicas.”
O plano da estilista é levar o inverno para o site assim que os pontos de venda voltarem a funcionar. De nome “Lotta love”, a coleção a carrega uma pegada hippie com casações cheios de franjas e remonta a tempos antigos, com grafismos e estampas medievais. Em destaque, o degradê das pinturas a mão e o amassado do cetim com brilho. “Temos formas eternas, que estão presentes desde o início da marca, assim como decotes e vestidos fluidos românticos”, acrescenta Renata.
 
O estilista Victor Dzenk tinha duas feiras de lançamento na agenda: o Veste Rio (que teria começado ontem) e o Minas Trend (marcado para a próxima semana). Por isso, já estava com o mostruário do verão praticamente pronto. Diante da situação, ele reforçou outros canais de venda. “Temos o nosso e-commerce funcionando com coleções passadas e nossas vendas de varejo sendo trabalhadas remotamente, apesar de o momento não estar nada receptivo para o consumo de moda”, pondera.
 
A suspensão das atividades na fábrica, que fica em Lagoa Santa, também impactou a produção do inverno’2020. Apenas metade dos pedidos foram entregues. Inspirada nas musas de filmes de ficção científica como Matrix, Quinto Elemento e Blade Runner, a coleção tem como cores principais preto, branco e cinza, com pitadas de beges e azuis. “Tecidos tecnológicos como náilons e malhas enceradas e tecidos fluidos com cara de couro viram hits da coleção em modelagens tipo alfaiataria, trench coats e camisaria”, descreve o estilista. O inverno também traz o lançamento do monograma da marca. 


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