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Estado de Minas MODA

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Estilistas e designers tentam manter relacionamento com rede de clientes através das vendas online e desenvolvem projetos e ações que reforçam o próposito de suas marcas


postado em 05/04/2020 04:00

Cila(foto: Breno Mayer/Divulgação)
Cila (foto: Breno Mayer/Divulgação)


Lançar roupas para ficar em casa. Criar e colocar à venda um novo acessório por dia. Resgatar a história da marca através de itens que estão no estoque. Oferecer um serviço de levar em casa peças para experimentar. Com lojas, fábricas e ateliês fechados, as marcas encontram maneiras de continuar ativas. Mais que estimular o consumo, que se faz necessário pensando na sobrevivência do negócio pós-coronavírus, elas buscam aproximação com os seus clientes.
 
Lançamento da coleção de verão no Minas Trend, parcerias, três lojas temporárias nos Estados Unidos, todos os planos de Carlos Penna foram interrompidos. Mas a vontade de criar, não. O designer de acessórios montou um mini ateliê em casa e aproveita este período de quarentena para manter a marca próxima dos consumidores. “Pensei que várias pessoas estão em casa e como poderia me conectar com elas. Cheguei à conclusão de que deveria falar não só de consumo, mas de troca de afeto”, conta.
 
Carlos Penna(foto: Gustavo Marx/Divulgação)
Carlos Penna (foto: Gustavo Marx/Divulgação)
 
 
O projeto Co-cria-ação (que nunca saía do papel por falta de tempo) entrou no ar logo na primeira semana de isolamento. A ideia é escolher uma pessoa comum para co-criar com Carlos. As conversas entre o designer e o participante são por videoconferência. “Talvez o banho final e o envio da peça não sejam imediatos. Até no nosso site os pedidos vão para pré-ordem, não queremos vender agora”, avisa. Única e exclusiva, a peça co-criada não será reproduzida.
 
Cila(foto: Breno Mayer/Divulgação)
Cila (foto: Breno Mayer/Divulgação)
 
 
Outro projeto que estava engavetado, sem conseguir acompanhar a velocidade da moda, é o de fazer uma peça por dia. Como Carlos explica, é um diário em forma de acessório. Cores, formas e materiais da peça vão expressar o que o designer estava sentindo naquele momento e ajudar a contar a história daquele dia. “É um desejo pessol continuar com este projeto mesmo depois da quarentena, mas sem pressa nem o compromisso de ter que produzir uma peça todos os dias. Talvez em um dia não vou criar”, pontua. Todas as peças vão estar disponíveis para venda.
 
De casa, a estilista Flávia Aranha encara o desafio de manter a empresa em atividade na quarentena. A estratégia é ativar a plataforma online. “Já tinha e-commerce, mas não era o nosso forte. Somos uma empresa de relacionamento e quase 100% do faturamento vem da loja.” Descontos, parcelamento estendido, frete grátis são algumas das estratégias para levar as clientes para o site. Em breve, a marca também vai incluir novos produtos na loja virtual.
 
Molett(foto: Breno Mayer/Divulgação)
Molett (foto: Breno Mayer/Divulgação)
 
 
Olhando para os tecidos no estoque, Flávia começou a pensar na rotina da quarentena e teve a ideia de lançar roupas para ficar em casa. Vestido, macacão e até mesmo pijama, produtos confortáveis que façam sentido neste momento. “Isso tem a ver com o que acreditamos, de ter produtos essenciais, peças mais atemporais. Quero resgatar a conexão da roupa com o acolher, cuidar, inspirar beleza, um loungewear.” Dessa forma, a estilista espera movimentar a cadeia produtiva, reforçando o compromisso da marca com artesãos, agricultores e pequenos empreendedores. As costureiras vão trabalhar de casa.
 
A marca também lançou uma campanha de vale-compras com valores que vão de R$ 100 até R$ 5 mil. “Não estamos em clima de consumo, de sair gastando dinheiro, mas quero mostrar para as nossas clientes que, mais comprar roupas, elas apoiam um projeto que gera impactos positivos na sociedade”, explica Flávia. Os créditos podem ser utilizados até o último dia do ano, seja em roupas ou cursos. No momento do resgate, a cliente ganha mais 20% do valor para gastar como preferir.
 
Estes dias já seriam de reclusão para Tetê Vasconcelos. As duas estampas da coleção-cápsula de inverno da Cila estavam prontas e ela começava a planejar o verão do ano que vem. “Seria um momento em que ficaria mais de casa trabalhando, então é bom que estou me aprofundando ainda mais no conceito do verão”, comenta. A estilista também aproveita o isolamento para definir o futuro da sua outra marca, a TT Beachwear, que está de “férias” desde agosto do ano passado.
 
Flávia Aranha(foto: Bira Souza/Divulgação)
Flávia Aranha (foto: Bira Souza/Divulgação)
 
 
Enquanto isso, entendendo que o público de moda praia quer experimentar e sentir o produto, a empresa lançou o serviço Cila em Casa. A gerente da loja faz todo o atendimento virtual e, seguindo os procedimentos de higiene, seleciona no estoque as peças que podem atender a demanda do cliente. “Um dia por semana, ela sai de casa e entrega no carro dela as sacolas com os produtos selecionados”, acrescenta. As peças devolvidas são lavadas antes de retornar ao estoque.

BEM-ESTAR O projeto “Em casa também faz sol” é outra iniciativa pensada diante dos desafios da quarentena. Nas redes sociais, a marca oferece aos consumidores bate-papos e aulas de assuntos como ioga, meditação e terapia ayurveda. “Queremos criar conteúdos relevantes para este momento, que vão gerar bem-estar mental, físico e emocional”, destaca Tetê.
 
Bárbara Monteiro, da Molett, já estava em um processo de reflexão e questionamentos bem antes do coronavírus. Sua última coleção, de nome “Pausa”, a única lançada no ano passado, foi resultado de uma vontade de rever a velocidade da moda, o volume de tecidos utilizados e de peças produzidas. Na visão dela, as marcas que não levantarem a bandeira do consumo consciente não vão muito longe. “Claro que o consumo é necessário para a nossa sobrevivência, mas, neste momento, queremos que as pessoas acompanhem a nossa história e entendam que estamos indo para um novo lugar.”
 
A resposta ao isolamento começou pela campanha “Abraço à distância”. “Sempre brinquei que escolhia o tecido sentindo no meu corpo se ele era gostoso como um abraço.” Um das ações é oferecer um cupom de 15% de desconto para “abraçar” o cliente de longe. Barbára ainda usou seus conhecimentos técnicos de nutricionista de hospital (sua profissão antes de ser estilista) para estudar a maneira mais segura de embalar, despachar e entregar os produtos. Todas as peças chegam ao cliente com instruções de segurança, como limpar a caixa com álcool 70% antes de abri-la.
 
Usando as redes sociais, a marca reafirma o seu propósito, reconta histórias de coleções anteriores e apresenta referências de música, literatura e cinema que inspiram a estilista. Algumas das peças ainda estão no estoque e podem ser adquiridas pelo site. Bárbara também aproveita o tempo mais livre para colocar alguns projetos em prática, como a mini coleção de festa com moletom e malha. Focada no varejo, a marca planeja voltar a criar sob encomenda. “Quero chegar no fim deste processo de internalização com algo novo, propondo um consumo mais responsável.”


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