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Estado de Minas

Os novos da vez

Marcas nascidas no projeto Ready to go se juntam às labels garimpadas por Ronaldo Fraga para integrar o projeto Design de autor com o objetivo de oxigenar criação no Minas Trend


postado em 14/04/2019 05:08 / atualizado em 14/04/2019 08:12

Raquel Dalseco, estilista da marca AKT
Raquel Dalseco, estilista da marca AKT

Quando Ronaldo Fraga assumiu a direção criativa do Minas Trend e resolveu criar o projeto Design de Autor, teve sorte: a semente plantada há cinco anos e meio pelo Ready to go, até então o maior concurso voltado para talentos de Minas Gerais e que funcionou até abril do ano passado, havia desabrochado revelando uma turma esperta de novos estilistas, que começou praticamente neófita na grande incubadora de talentos chancelada pelo Sindicado das Indústrias do Vestuário –MG.

Para que se entenda melhor – com curadoria apurada do TS Studio, via sua diretora, Terezinha Santos, novas marcas iniciantes eram garimpadas no mercado, a cada temporada, para integrar um estande coletivo durante a feira e devidamente orientadas em gestão e comunicação para seu primeiro contato com o mercado e compradores. A entrada nesse espaço disputado garantia que elas participassem por duas estações do projeto, tempo adequado para garantir certa maturidade no segmento.

O objetivo principal era o comercial, mas, para incentivá-las, a equipe organizadora resolveu criar um prêmio que desse relevância aos participantes, premiação que era conferida por meio de um grande júri composto mais de 60 pessoas entre jornalistas, formadores de opinião, designers, produtores e stylists e empresários. O vencedor recebia um estande solo para prosseguir carreira na próxima edição do Minas Trend.

O grande mérito do Ready to go, sua relevância e seriedade, foi realmente notada pelo setor da moda quando a iniciativa começou a exportar nomes para o line up de desfiles do Minas Trend, possibilitando que marcas como Lucas Magalhães, Anne est folle, Jardin, Plural, Llas, Mollet, Led e Virgílio Andrade, entre outras, pisassem a passarela principal do evento inaugurando um novo status em suas carreiras.

No Minas Trend passado, Ronaldo Fraga contou com cerca de 70% das marcas ex-integrantes do Ready to go para emplacar sua nova proposta para o mercado jovem. Extinto o projeto, cabe a ele, agora, a responsabilidade pela descoberta e renovação no metiê. Em uma ronda pelo pavilhão do Expominas, o Caderno Feminino conversou com alguns dos nomes que estão na plataforma Design de autor e que desfilaram na segunda-feira, na abertura do evento.

Quem está chegando


Entre eles, Aline Gotschalg, da A.Gots, ex- Big brother, e agora dedicando-se à carreira fashion. Do curso de design de interiores, na Faculdade Izabela Hendrix, à graduação em moda no Uni-BH, a estilista sempre buscou a estética. Ela estreia no Minas Trend com a coleção Ocean, fruto de um trabalho social do qual participou em torno da conscientização da necessidade da limpeza dos oceanos. O resultado concreto da experiência são as bonitas estampas aguadas em torno do fundo do mar e uma cartela candy harmoniosa. As peças são atrativas e comerciais. A notoriedade do reality show e, particularmente, sua influência digital contribuíram para que Aline resolvesse tomar o caminho da moda. “Criei o instagram Desapego da Aline, um desapego de roupas, e em menos de 24 horas consegui 30 mil seguidores. Vi que era a hora sempre adiada de lançar minha marca. A primeira coleção foi vendida no e-commerce. Esta é a segunda e está indo muito bem. As pessoas estão gostando muito”, diz a designer, que conta com a assessoria de Soraia Torres em seu novo projeto.

Outra boa estreia é a de Raquel Dalseco, da AKT, cuja essência, como o próprio nome sugere, é a ligação com os movimentos atléticos e o flerte com o conforto, mesmo quando o shape remete à alfaiataria. Da mistura dos tecidos mais nobres com os esportivos, nasce uma roupa minimalista, benfeita com acabamento impecável. Mas o melhor de tudo é a versatilidade com a qual transita por todas as ocasiões. Era o que Raquel queria: contemporaneidade em peças que vão desde a jaqueta e calças sportswear com listras delicadas laterais a tubos completamente limpos em organza, perfeitos para sobreposições. “Estou começando do zero, esta é a primeira coleção”, diz a estilista.

Autodidata, tudo que Jessica Pauzzi aprendeu sobre moda foi com a mãe. Goiana, de 25 anos, cresceu praticamente no chão de fábrica e desde os 15 começou a trabalhar com ela, mas o gosto pelos bordados é, nas suas palavras, “desde que se entende por gente”. “Esta é uma tendência em Uberlândia, onde moro, é muito forte na cidade”, ela conta. Solicitada pelas amigas e colegas de faculdade, Jéssica começou a desenhar e confeccionar roupas de festa sob medida em seu ateliê e há dois anos abriu uma loja, a Pauzi, na cidade. “Faço tudo, do croqui ao risco e, se precisar, bordo também”, explica a estilista, que veio para o Minas Trend a convite do sindicato do vestuário de Uberlândia. Como já trabalhava com jaquetas jeans bordadas, o desafio imposto a ela por Ronaldo Fraga para o desfile foi imprimir preciosidade ao denin em uma coleção completa igualmente bordada. “Mas estou mostrando aqui no estande o meu lado original com a coleção Sonhos de verão, que é bem delicada, explorando organzas e tules. Tenho muito demanda por festas de 15 anos”.

Mais festa e bolsas

Victória, o nome da marca, é uma homenagem à mãe que, sozinha, criou dois filhos com dignidade. Depois de passar por várias grifes especializadas em festa na cidade, Rubens Ávila está realizando um sonho: deixar os bastidores para ganhar protagonismo empreendendo no mercado da moda, território pelo qual é fascinado desde os 16 anos. Influenciado por amigos que estudavam no Senai-Modatec, e falavam de uma professora – Jamile Gama – e dos seus desenhos fantásticos, Ávila se apaixonou pela ideia. Fez matrícula no curso de história da moda, mas, por um equívoco, se viu no de corte e costura. Quis voltar atrás, reclamou, mas ficou sabendo que, nessa modalidade, ganharia benesses,  como R$ 500, alimentação e passagens de ônibus e optou por ficar e usufruir dos benefícios. Craque no desenho, Rubens foi selecionado para participar da Olimpíada do Conhecimento obtendo o terceiro lugar na fase nacional. “Sentindo-me desvalorizado pelas marcas em que trabalhei, decidi, apesar do Brasil da crise, investir na minha. É uma oportunidade estar aqui!.”

Foi em agosto de 2018 que Camila Akemi e sua sócia Tatiana Maia resolveram criar um marca de bolsas e cintos para preencher um gap no setor, digamos, mais jovem e novidadeiro. A ideia era construir algo mais atemporal, conceito, enfim, criar em vez de copiar, como é de praxe nesse mercado. A label se chama Camila Akemi, comercializou a primeira coleção no e-commerce (no qual continua a vender) e participa pela segunda vez do projeto Design de autor. Tendo o couro como matéria-prima principal, ao que parece, está conseguindo alcançar seus objetivos. As bolsas/lancheiras são um sucesso. “Queria explorar novas formas, novas técnicas e parcerias. Trabalhamos com artistas, investimos no crochê, na pintura e, agora, a bricolage, da área de bijuterias, criou uma linha com contas que estão enriquecendo as bolsas”, diz a designer homônima. Além do acabamento perfeito, chama a atenção a mistura de cores, os cintos vazados com detalhes em metal e uma linha utilitária que engloba capas, porta-joias e estojos, tudo em couro. “Estamos aqui para mostrar nossos produtos e ganhar visibilidade. Desfilar é uma forma de ter visibilidade”.

Balanço

Nuu Shoes e Carlos Penna, por sua vez, já são nomes conhecidos e surgiram de outro concurso promovido pela Codemig, dentro do Minas Trend.  Virgínia Barros é veterana no mercado – além dos calçados, desta vez foi convidada para criar vestuário para desfilar. Do Ready to go participam da nova plataforma criada por Ronaldo Fraga a Anne est Folle, linda, com sua versatilidade de estampas; a Candê, cuja essência também são as estampas e os vestidos longos; a Fe-Lis, com sua coleção desconstruída e tingimentos artesanais; a Jardin, que amadureceu, permanece fiel à sua origem minimal atemporal; Jessica Andrade, mostrando um salto para as modelagens mais elaboradas em malha; a Libertees, cuja essência são os prints feitos por presidiárias da penitenciária Estêvão Pinto; a Miêtta, agora mais delicada, mais feminina, com bordados localizados; e a Nouveau Jour, originalmente de camisetas, mas que já está criando formas para baixo, talvez pela necessidade de agregar valor ao produto no desfile.


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