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Sobre cães e gatos

somos capazes de repetir aquilo que acreditávamos ser impossível ocorrer por nossas santas mãos%u201D


postado em 27/01/2019 05:08

 

Maria sempre gostou de animais de estimação. Quando com os pais, apesar de morar em apartamentos, insistia para que a família tivesse ao menos um. Podia ser cão ou gato, pouco importava desde que fosse um bichinho para cuidar e chamar de seu. Casou-se, morou um tempo em apartamentos até que as duas filhas nascessem e seu marido se visse convencido de que era hora de mudar para uma casa com tudo o que Maria achava que tinha direito.


Não bastava ter um terreiro ou um pequeno jardim. A área externa precisava ser grande o suficiente para caber todos aqueles animais que ela desejou levar para casa um dia e que, por motivos diversos, ficaram apenas no sonho. Escolheram uma um pouco afastada do grande centro, onde todos pudessem colocar os pés no chão e os animais viverem em liberdade. Resgatando um aqui e outro ali, conseguiu manter três cães e quatro gatos ao mesmo tempo, além de algumas galinhas para garantir os escorpiões à distância e dar ao local ares de roça.


Certa manhã, ao abrir o portão para o carro sair, um dos gatos foi ainda mais rápido e ganhou a rua num piscar de olhos. A vizinha que morava em frente também estava saindo de casa, não previu nem viu o gato. Apesar de todos os esforços, o gato não resistiu ao atropelamento e morreu no local.


Para Maria foi uma tragédia. Logo o gatinho que ela havia recolhido totalmente debilitado e que havia sido adotado como filhote pela gata alfa da casa! Logo ele que fazia a alegria do zoo com suas brincadeiras e docilidade!


Maria crucificou a vizinha. Louca e irresponsável foram os mais leves entre os adjetivos que ela recorreu para vociferar ali mesmo no meio da rua para que todos pudessem ouvir e endossar o julgamento (a começar pelas filhas que não sabiam se choravam pelo gato ou se pela destemperança da mãe). Imperdoável, até que o mundo girasse e chegasse a vez de Maria perceber o quanto somos capazes de repetir aquilo que acreditávamos ser impossível ocorrer por nossas santas mãos.


Meses depois, ao fazer a manobra para virar seu carro na rampa que dá acesso à rua, Maria sentiu que havia passado em cima de algo. Deve ser a mangueira do jardim ou uma pedra deixada ali pelas crianças que tem mania de amontoa-las. Não pode ser algum dos bichos, pois haviam acabado de olhar por baixo do carro, como sempre faziam antes de arrancar. Mas uma olhada pelo retrovisor revelou um gato aos pulos, vivendo seus últimos momentos em agonia.

 

 

 


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