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Estado de Minas ALTERNATIVAS

Em cenário de escassez de água e aquecimento global, energia eólica cresce no Brasil

Só no Rio Grande do Sul, empresa brasileira vai construir 21 parques eólicos. Parcerias podem levar o Brasil a explorar tecnologia em outros países


postado em 10/08/2012 18:31 / atualizado em 13/08/2012 15:51

Primeiros aerogeradores de Cerro Chato começaram a funcionar em maio de 2011 e a estimativa de geração para este ano é de 300 gigawatts-hora (GWh). Produtividade está acima do esperado.(foto: Hermínio Nunes/ACS Eletrosul)
Primeiros aerogeradores de Cerro Chato começaram a funcionar em maio de 2011 e a estimativa de geração para este ano é de 300 gigawatts-hora (GWh). Produtividade está acima do esperado. (foto: Hermínio Nunes/ACS Eletrosul)

As Nações Unidas elegeram 2012 o Ano da Energia Sustentável Para Todos. Segundo a ONU, o acesso universal à eletricidade é fundamental para reduzir as desigualdades, trazer desenvolvimento e bem estar. No Brasil, o esforço é para levar a luz para todos, mas de forma limpa.

No Balanço Energético Nacional 2012, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a participação de fontes renováveis na matriz energética brasileira alcança 44,1%. A média mundial é de apenas 13,3%, de acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE). Mais de um terço desse total têm origem nas hidrelétricas. Embora o estoque hídrico do Brasil seja razoável, pesquisadores já apontam a escassez de água para produção de energia nos próximos anos.

Segundo o professor Alfeu Joãozinho Sguarezi Filho, que desenvolveu uma tese de doutorado sobre geração de energia eólica junto à Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Unicamp, a energia produzida pelo vento não necessita de água para produção de eletricidade, o que possibilita sua instalação em regiões secas, como as áreas do Nordeste brasileiro. Além disso, o regime de vento é complementar ao regime hidrológico, ou seja, menos chuva, mais vento; e os ventos concentram-se mais à noite, complementando outra fonte renovável: o sol.

Não é à toa que o mercado brasileiro de energia eólica está em expansão. A expectativa é de um crescimento de 40% ao ano até 2016, segundo projeções do Conselho Global de Energia Eólica (Global Wind Energy Council – GWEC). De acordo com a Associação Mundial de Energia Eólica as jazidas de vento brasileiras estão concentradas em cerca de 70% nos estados do Nordeste e 30% no Sul. Mas, como o sistema brasileiro é integrado, uma central eólica contribui para a geração de energia para todo o país.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) exige, em seus editais de financiamento de parques eólicos, que a maior parte dos materiais sejam fabricados no Brasil. Isso atrai as empresas fabricantes de turbinas eólicas, promovendo desenvolvimento industrial e tecnológico. A Eletrosul, subsidiária da Centrais Elétricas Brasileiras S.A.(Eletrobrás) é uma das empresas que aproveita esse vento a favor.

“A energia eólica é a mais limpa de todas as fontes renováveis e o Brasil tem um dos maiores potenciais do mundo. Há, no país, duas regiões muito importantes em termos de ventos, que são o Nordeste e o extremo Sul. A realidade do mercado está mostrando isso, pois são para essas regiões que os investimentos estão sendo direcionados”, explica o diretor de Engenharia e Operação da Eletrosul, Ronaldo dos Santos Custódio.

Investimentos maciços
A Eletrosul vai investir R$ 1,8 bilhão na construção de 21 parques eólicos no litoral sul brasileiro e na fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai. As usinas eólicas terão capacidade instalada de 480 MW. Os empreendimentos foram viabilizados no 12º Leilão de Energia Nova (A-3) da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) realizado em agosto de 2011 e representam quase metade (44,16%) do total de energia eólica contratada no certame, que foi de 1.067,7 megawatts (MW).

Os 21 empreendimentos que a Eletrosul classificou no leilão serão construídos em Santa Vitória do Palmar, onde o complexo terá capacidade de gerar 258 MW; em Chuí, com 144 MW divididos em duas áreas. Em Sant’Ana do Livramento, as obras para construção de um novo complexo, com capacidade de 78 MW, já estão em andamento. Os cinco novos parques ficam em áreas adjacentes ao Complexo Eólico Cerro Chato, que está em operação desde maio de 2011. Ele foi o primeiro empreendimento do leilão exclusivo de energia eólica, realizado pelo governo federal em 2009, a entrar em operação.

Os parques recebem as correntes de ar típicas dos pampas do Rio Grande do Sul, os ventos Minuano e Aragano, e a produtividade tem sido superior à estimada. A regularidade do vento na região é um dos fatores que contribuem para isso.

(foto: Hermínio Nunes/ACS Eletrosul)
(foto: Hermínio Nunes/ACS Eletrosul)
Os primeiros aerogeradores de Cerro Chato começaram a funcionar em maio de 2011 e a estimativa de geração para este ano é de 300 gigawatts-hora (GWh), o que reforça o suprimento de energia para o Sistema Interligado Nacional (SIN) e diminui a dependência das termelétricas. A Eletrosul está investindo, no total, mais de R$ 2,1 bilhões na construção de quatro grandes complexos eólicos em diferentes regiões do país, cuja capacidade instalada – 570 megawatts (MW) - representa aproximadamente 35% da geração eólica atual do Brasil.

As medições realizadas pela Eletrosul apontaram alto potencial eólico, sendo que a regularidade do vento é superior a alguns locais do Nordeste. Ocupando uma área total de 22 mil hectares, os parques vão gerar oito mil empregos diretos e indiretos.

“Em razão das características climáticas do Brasil, a eólica é uma ótima alternativa como fonte complementar à matriz energética. Os períodos de escassez de chuva coincidem com os de ventos fortes e vice-versa. Isso permite otimizar a produção hidrelétrica, poupando o uso dos reservatórios nos meses de estiagem. O governo brasileiro tem apostado na energia eólica e, ao instituir leilões regulares para a fonte, estimulou a redução no custo da energia, que já se tornou competitiva em comparação a outras fontes alternativas, como as térmicas”, define Custódio.

Nordeste
Furnas também está investindo nesse filão, mas no Nordeste. A empresa integra o grupo de empreendedores que recebeu concessão para implantar, no litoral do Rio Grande do Norte, os parques eólicos Miassaba III e Rei dos Ventos I e III, previstos para entrar em operação no segundo semestre de 2012. Em 2014, será a vez dos parques Famosa I, Rosada, Pau Brasil e São Paulo, cujas construções foram asseguradas com a no Leilão de Energia de Reserva 03/2011.

Em sociedade com a Alupar, Furnas comercializou também, no final de 2011, a energia a ser produzida pelos parques eólicos Ubatuba, Pitombeira, Santa Catarina, Horizonte, Goiabeira, Nossa Senhora de Fátima, Jandaia, Jandaia I, São Clemente e São Januário - todos no Ceará. Estas 17 centrais geradoras eólicas somam 502 MW de potência instalada.

Com o objetivo de buscar oportunidades técnicas e comerciais em energia renovável e estabelecer intercâmbio de conhecimento e tecnologia, a empresa assinou recentemente um acordo de cooperação com a empresa China Three Gorges Corporation (CTGPC), que construiu a maior usina hidrelétrica do mundo, a Três Gargantas, no rio Amarelo (China). O acordo prevê que Furnas coloque em operação, nos próximos dois anos, projetos de geração de energia eólica e solar, além de projetos de geração hidrelétrica da ordem de 20 mil MW.

A parceria prevê também a busca de oportunidades para as duas empresas em outros países. Uma equipe de trabalho foi formada em cada país, com o objetivo de discutir detalhes da implementação da cooperação bilateral e elaborar planos de ação para a seleção de projetos de investimentos conjuntos, intercâmbio de tecnologia e pessoal, além de programas de treinamento. Estão previstos, ainda, um intercâmbio técnico anual e a realização de workshops nos dois países. A parceria tem validade de seis anos.

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