A arqueologia foi o mote do trabalho de ciências de 110 alunos do 7º ano do ensino fundamental do professor Deiber Migliorini Mendes, do Colégio Santa Marcelina. “Desde o incêndio do Museu Nacional do Rio de Janeiro, em setembro de 2018, criamos um projeto a partir da leitura do livro Os meninos da planície, do espanhol Cástor Cartelle”, explica Deiber. O projeto é multidisciplinar e envolve outras disciplinas, como geografia, história, português e matemática.
A obra conta a história de duas crianças de uma pequena aldeia, à época dos primeiros habitantes do Brasil, que vivenciaram aventuras incríveis. No presente, um arqueólogo tenta descobrir como teria vivido aquele povo e o que teria ocorrido com as duas crianças, Aur e Nia. Como os dois morrem no livro, o professor pediu aos alunos que imaginassem como teriam sido essas mortes.
Mas o mais interessante do projeto é que o autor do livro, que também é paleontólogo e curador da coleção de Palenteologia do Museu de Ciências Naturais da PUC, esteve no colégio e fez uma palestra para os alunos, respondendo às dúvidas e conversando com o grupo. Para Juliana de Menezes Coelho, de 12 anos, a atividade foi muito interessante. “Adorei saber mais sobre arqueologia, sobre os ossos de um pterossauro”, disse.
Os meninos também fizeram uma visita ao Museu da PUC Minas e estão organizando, para novembro, uma mostra científico-cultural, realizada sempre a cada dois anos. “Eles vão conseguir entender melhor como era o Brasil de 10 mil anos atrás, estudando em oficinas, aspectos como a pintura rupestre, representando a vegetação à época e assistindo a filmes sobre a Pré-história.
HIPÓTESES
No Coleguium, os alunos do 1º ao 5º anos do ensino fundamental participam do projeto Conexão Ciências, com atividades em sala de aula e em casa. Segundo Alysson Gabriel Branco, supervisor de ciências e biologia e professor de biologia no ensino médio, a partir de projetos como esse é possível perceber o que os alunos observam, como observam, como geram hipóteses e fazem questionamentos, além de testar para ver se as hipóteses podem ser comprovadas ou não. “O professor lança provocações e faz algumas demonstrações para que os meninos possam elaborar linhas de pensamento frente a isso”, explica Alysson.
Quando as crianças são menores, elas lidam com experiências, como plantar feijão em um algodão, sem terra, observando como ele germina, até onde a plantinha cresce etc. Posteriormente, no 6º ano, por exemplo, eles próprios constroem um experimento por livre escolha.
Alysson dá o exemplo de alunos que sabiam que bebida com gás não fazia bem para o esmalte dos dentes. “Foi aí que eles tiveram a ideia de colocar refrigerante em um osso de frango e perceberam que o osso ficou fragilizado”, comenta. “É a partir disso que eles ampliam horizontes, saem do universo da sala de aula e começam a buscar conhecimento no cotidiano.” (EC)