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Estado de Minas

Redação é o grande desafio deste domingo, segundo dia de Enem

Superados atrasos e eliminações, momento é de cabeça fria para enfrentar produção de texto


postado em 25/10/2015 06:00 / atualizado em 25/10/2015 07:48

Candidatos correm para pegar portões abertos na UFMG: em todo o país, 1,8 milhão de inscritos não fizeram as provas no primeiro dia(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press )
Candidatos correm para pegar portões abertos na UFMG: em todo o país, 1,8 milhão de inscritos não fizeram as provas no primeiro dia (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press )

Vencido o primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e superados percalços como correria, engarrafamentos e atrasos, alunos inscritos na avaliação que abre portas para o ensino superior se preparam para fazer neste domingo a segunda etapa do exame, marcada pela redação. Considerada pesadelo por muitos candidatos, a produção de texto vale mil pontos e tem o mesmo peso individual das outras provas – matemática e linguagens, cobradas também neste segundo dia, bem como os demais conteúdos do primeiro teste, no sábado. Para se sair bem na reta final das provas, dicas valiosas podem fazer a  diferença. Especialistas consideram importante organizar bem o tempo, rever o gênero dissertativo-argumentativo cobrado no Enem e revisar temas com chance de ser cobrados. E, claro, preparar-se para chegar com antecedência ao local de provas.

Veja galeria de fotos com principais momentos desse sábado.

As orientações são importantes para evitar situações como as vividas ontem por muitos candidatos. Nesta edição do Enem, o desespero de pessoas que por alguns segundos ou poucos minutos viram o sonho do ensino superior escapar se repetiu quando os portões se fecharam, às 13h. Também houve casos de abandono da prova por candidatos que se sentiram mal durante o exame e pelo menos uma expulsão por porte de equipamento eletrônico. Em todo o país, foram 364 eliminações.

Se o mecânico Daniel Gonçalves, 20 anos, soubesse que o músico chileno Gonzalo Catalan estava na entrada da UFMG vendendo canetas transparentes, talvez não tivesse perdido o exame. Por um minuto, Daniel não conseguiu entrar. Ele explicou a falha: “Saí do trabalho atrasado e tive que ir a dois lugares até encontrar a caneta da prova. Acabei me atrasando.”

Veja também o que viralizou na internet nesse sábado.

Daniel estudou por um ano em um cursinho. Da mesma forma Douglas Nobre, de 23, ficou fora do exame. Foram 48 segundos de atraso. Brian Haraon, de 24, trabalhou até as 3h de sábado. Acordou ansioso e esqueceu a identidade em cima do móvel da sala. Aos prantos, Bianca Queiróz contou para a mãe, por telefone, que não conseguiu fazer a prova. Ela já estava na sala quando soube que uma cópia em miniatura da sua identidade não seria aceita. Bianca ainda tentou ir buscar a carteira de trabalho, de táxi, mas chegou seis minutos depois das 13h.

Ainda abalado, como quem se recupera de um susto, Bruno Nésio Silva, de 30 anos, teve outro tipo de problema. Ele interrompeu o exame na questão 16, pouco antes das 15h. Ao ir ao banheiro, foi barrado pelo detector de metais. “Esqueci o celular desligado dentro do bolso. Eles me impediram de retornar para a prova e me conduziram para a coordenação do exame. Tentei argumentar que o aparelho estava desligado, mas não teve jeito. Fui expulso.” Antes do início das provas, todos os pertences, como óculos, aparelho celular, carteira, devem ser depositados dentro de um plástico e lacrados.

Na PUC Minas, no Bairro Coração Eucarístico, Noroeste da Capital, onde milhares de candidatos também fizeram provas, mais cenas de atrasos e contratempos, apesar de o clima geral ter sido de tranquilidade. O estudante Dênis Gonçalves Nascimento, de 37, já estava na sala de aula, prestes a receber a prova, quando soube que a cópia de sua documentação não era válida. Mesmo chegando antes de os portões se fecharem, a costureira Celeida Campos, de 62, desanimou com as provas. Isso porque se deu conta de ter esquecido os óculos em casa, no Bairro Novo Glória. “Estou sem carro, e não tem como fazer a prova sem óculos. Meu sonho é trabalhar com moda e tentaria esse curso”, lamentou.

AVALIAÇÃO E REDAÇÃO Entre os que conseguiram fazer a prova, a avaliação foi de alto grau de dificuldade nas questões. Um dos primeiros candidatos a terminar os testes no prédio do Centro de Atividades Didáticas (CAD 2) da UFMG, Armando Costa Júnior, de 21, considerou física e química complexas e com textos longos. “Já geografia e história foram provas mais tranquilas”, disse. Hoje, a grande expectativa de Armando, como de boa parte dos estudantes, é a redação. “Acredito que o tema vai abordar a crise da água ou algo relativo à atualidade brasileira”, disse.

Incógnita até o último momento antes da prova, o tema da redação é mais um motivo de aflição para os estudantes. A lista é ampla, mas de acordo com a professora de redação do Chromos Pré-vestibular Poliana Wink, os assuntos escolhidos são geralmente os da atualidade, que foram debatidos principalmente entre julho do ano passado e agosto deste ano. Entre os mais cotados estão estética e saúde; liberdade de expressão e mídia; esporte e transformação social; ascensão de minorias sociais e empoderamento da mulher.

Para além do tema, a professora explica que é fundamental planejar a execução da prova, estabelecendo prazo de uma hora para a produção de texto, para que o aluno se saia bem. “A prova de linguagens exige muita concentração para leitura e a de matemática requer raciocínio. Portanto, é preciso dividir bem o tempo para produzir uma redação de qualidade.” Sobre o modelo dissertativo-argumentativo, Poliana reforça que o gênero exige defesa de uma tese por meio de argumentos e intervenção na situação-problema apresentada na prova. “O Enem quer testar a postura cidadã do candidato e a capacidade de intervir, sugerindo uma solução que respeite os direitos humanos”, afirma.

Outras recomendações são respeitar o mínimo de sete linhas e o máximo 30; não saltar linhas e escrever com letra legível. No mais, vale lembrar as dicas padrão, como manter alimentação e roupas leves, dormir bem, se hidratar e reforçar o lanche, já que hoje o exame hoje tem uma hora a mais. As provas começam às 13h30 e terminam às 19h.

Balanço é positivo, apesar de tumultos
Em São Paulo, candidata passou mal depois de errar entrada do prédio(foto: Tiago Queiroz/Estadão Conteúdo)
Em São Paulo, candidata passou mal depois de errar entrada do prédio (foto: Tiago Queiroz/Estadão Conteúdo)

O primeiro dia de Enem foi positivo, na avaliação do Ministério da Educação (MEC). “Não tivemos nenhum incidente que pudesse prejudicar a realização do exame. Os participantes tiveram condições adequadas para fazer a prova e estamos celebrando um grande Enem, seguro e com todos os procedimentos que se desenvolveram como prevíamos”, afirmou o ministro Aloizio Mercadante.

Nesta edição, o índice de abstenção foi de 25,31% em relação ao total de inscritos, o que representa cerca de 1,8 milhão de candidatos. “A cada ano, as abstenções vêm diminuindo”, destacou o ministro. O número, segundo Mercadante, é mais baixo que o do ano passado, que foi de 28,64%, ou 2,4 milhões de candidatos. Dos 364 candidatos eliminados, 330 portavam algum tipo de equipamento eletrônico inadequado, saíram antes do horário, foram pegos com impressos durante a prova ou não atenderam aos fiscais. Segundo o MEC, no Mato Grosso do Sul uma aplicadora de 22 anos teve convulsões e morreu durante as provas.

Assim como em Minas, em outros estados grande parte das ausências foi fruto de atraso. Como a cada ano, filas, trânsito, confusões, desmaios e choro por perder a prova se sucederam em todo o país. Em São Paulo, na Uninove, na Barra Funda, estudantes que não conseguiram entrar afirmaram que os portões foram fechados um minuto antes das 13h. Desesperados, eles tentaram entrar por entre as grades da universidade, mas foram contidos por seguranças. A Polícia Militar ajudou a retirar o grupo do prédio. Uma jovem identificada como Evelyn passou mal na porta do local. Ela teria errado a entrada e desmaiou na calçada. No acesso à Universidade de Sorocaba (SP), havia um quilômetro de fila de veículos e alunos tiveram que terminar o trajeto a pé.

No Rio de Janeiro, pelo menos quatro estudantes chegaram atrasados ao pavilhão João Lyra Filho, o principal da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), após o fechamento dos portões, exatamente às 13h. O desespero levou o estudante Vitor Gomes, de 18 anos, que chegou dois minutos atrasado, a tentar pular as grades da universidade. Ele atribuiu o atraso ao trânsito engarrafado.

Confira neste domingo à noite gabarito extraoficial do segundo dia de provas, preparado por professores do Chromos.


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