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Estado de Minas

Foco na escrita vira trunfo para garantir vaga no Enem

Redação. Tema que é porta de entrada nas universidades abre série do EM com as dicas para o exame


postado em 01/10/2015 07:42

"Não estava acostumado com o formato da prova. Agora, sei como funciona e estou mais preparado", Gustavo Amaral Bernardino de 17 anos, que concorre a uma cadeira de direito na Federal de Minas. "É importante entrar em contato com diversas opiniões, acompanhar o que acontece no mundo em jornais", Bárbara Formiga Almeida de Castro, de 17 anos, que vai disputar vaga de arquitetura na UFMG (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
A vaga sonhada nas universidades mais disputadas do país pode ser conquistada por quem tem habilidade com a escrita. Dominar linguagens, compreender fenômenos, enfrentar situações-problema, construir argumentações, elaborar propostas de intervenção solidária são características requeridas dos candidatos ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Na primeira reportagem da série sobre o Enem 2015, o Estado de Minas desvenda os segredos do texto dissertativo-argumentativo, gênero cobrado na prova de redação do exame.

O tema inicia a série que trará dicas de professores e alunos das escolas de Minas Gerais mais bem colocadas no Enem 2014. “Muitas vezes nas questões de múltipla escolha, o aluno não se sai tão bem, mas a prova de redação vai mostrar o quão bom ele é. A redação faz a diferença, principalmente em cursos mais concorridos, como medicina e engenharia”, diz a professora de redação Hellen Brandão, supervisora da Área de Redação do Coleguium. Como o rendimento costuma ser padrão nas questões de múltipla escolha para os cursos mais disputados, Hellen é taxativa ao dizer que o diferencial será a redação. As provas deste ano serão realizadas nos dias 24 e 25 deste mês. A redação é feita no segundo dia do exame, assim como as provas de matemática e suas tecnologias e linguagens, códigos e suas tecnologias.

Para um bom desempenho na prova de redação, que distribui mil pontos, é preciso conhecer bem a língua portuguesa, estar a par do que ocorre no mundo, ter habilidade para defender uma ideia e para propor uma intervenção na realidade e estar em acordo com os direitos humanos. No Enem 2014, 529 mil alunos não conjugaram essas habilidades e zeraram a prova. Apenas 0,004% do total conseguiu fechar a redação e saíram orgulhosos com pontuação máxima. De um total de 6,2 milhões de candidatos, apenas 250 não perderam um ponto sequer.

As habilidades para fazer um bom texto não são adquiridas de um dia para o outro. “O processo de escrita deve ser desenvolvido ao longo da vida. São habilidades que são aprimoradas com a prática”, pontua Hellen Brandão, do Coleguium, que, na média geral, ocupou terceira posição entre as escolas de Minas no Enem 2014.
Os estudantes devem investir no texto desde os primeiros anos do ensino fundamental, mas para quem ainda não despertou para a importância da escrita, nunca é tarde para começar. A pouca prática da escrita é um dos maiores entraves para estudantes que fazem o Enem. “Escrever exige conhecimento do mundo e conhecimento da norma culta”, afirma a professora. Para um bom desempenho, o estudante precisa investir em duas frentes de preparação: desenvolver habilidade de escrita e se atualizar sobre o que ocorre no mundo.

O texto escrito é diferente do falado, portanto, o estudante precisa saber como estruturá-lo. Diferente da fala, a escrita precisa ser planejada. Não se pode fazer um bom texto sem conhecer a gramática. Ortografia, acentuação, uso da regência, habilidade para estruturar os períodos são fundamentais para dar clareza às ideias. “Para construir a redação é preciso saber coordenar e subordinar as orações de forma coerente”, destaca Hellen.

PLANEJAMENTO A outra frente de preparação requer construir vasto conhecimento do mundo, em especial sobre os fatos que envolvem o Brasil. O caminho é a leitura. “Aconselhamos o aluno ser um bom leitor de literatura aos textos jornalísticos.” Na hora da prova, a professora sugere que o estudante comece pela redação para evitar que seja afetado por sentimentos negativos caso se depare com questões das outras provas que não saiba resolver. “Ele terá uma hora para fazer a redação. É fundamental planejar o tempo. Ler a coletânea de textos que são apresentados, entender o recorte temático e depois dizer o que ele pensa sobre a questão”, explica Hellen.

PARA SE DAR BEM! Na redação, o Ministério da Educação (MEC) avalia se o aluno domina a escrita formal da língua, compreende a proposta de redação e aplica conceitos de várias áreas do conhecimento para desenvolver o tema. Também exige demonstração de conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação e a elaboração de proposta de intervenção para o problema abordado, sempre respeitando os direitos humanos. Confira as dicas elaboradas pela professora de redação Hellen Brandão, supervisora da área de redação do Coleguium:

1 – O aluno deve ter o hábito de leitura de atualidades. A dica é ler jornais e revistas para acompanhar os acontecimentos do país. A redação sempre pede um recorte para o Brasil
2 – Tem que exercitar a escrita para colocar em prática o conhecimento. Seja na escola ou em casa, se deve escrever muito
3 – Textos literários ajudam a desenvolver a escrita. Os livros literários são muito ricos na formação do repertório cultural. Quem alcança boas notas é quem se mostra conectado com atualidade e apresenta repertório cultural diferenciado
4 – Estar atento ao domínio da norma culta e coesão. Quanto mais estuda gramática, mais ele internaliza e mais aplica ao texto

Na hora "h"

Para fazer a prova de redação, organize-se em algumas etapas. No domingo, tem uma hora a mais, que deve ser dedicada à escrita
Primeira etapa

» Planejamento do texto. É importante ler com atenção o tema e os textos bases. Enquanto faz isso, o candidato convoca o conhecimento de mundo acerca da questão e faz uma lista de ideias, colocando-as no rascunho

Segunda etapa

» Confecção do rascunho. Organizá-lo em forma de texto – introdução, desenvolvimento e conclusão, que são partes interligadas. Introdução apresenta o tema e os problemas que o envolvem

» No desenvolvimento, trabalhar os argumentos que mostrem os problemas relacionados à aquele tema

» Por fim, criar uma conclusão que traga medidas de intervenção para os problemas apresentados

Terceira etapa

» Correção do próprio texto. Se o candidato não avaliar a ideia com calma poderá passar para a folha de resposta o texto mal construído. É o momento de autocorreção e avaliação se argumentos são fortes e se as propostas são interessantes e respeitam os direitos humanos

» Corrigir o rascunho depois de um tempinho. Desligar do texto, para voltar e enxergar os erros. Se o candidato ler imediatamente poderá não identificar as falhas
» Passar a limpo na folha padrão

Depoimento

Luiza Castellane, 18 anos, cursa administração pública na Fundação João Pinheiro

"Com minha nota no Enem, conseguiria ser aprovada na maioria dos cursos na UFMG, com exceção de medicina e engenharia aeroespacial. Semanalmente, fazíamos simulado com 90 questões, o que ajudou muito na preparação. Também redigia textos que eram avaliados por uma monitoria do Coleguium. Ler artigos de revistas e jornais é uma forma de melhorar o argumento e ter um texto diferenciado. Acompanhei as crônicas de Lya Luft, que é muito dinâmica na construção dos argumentos. No primeiro ano que tentei o Enem, fiz 940 pontos na redação. O tema era Lei Seca. No ano em que fiz para valer, tirei 850 pontos. A diferença é devido ao nervosismo e também porque tinha mais domínio do tema de 2013 do que o de 2014, que foi publicidade infantil."


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