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Estado de Minas FREIO NA EDUCAÇÃO

UFMG admite que cortes podem afetar níveis de excelência em ensino da universidade

Reitor da UFMG detalhou problemas financeiros, revelou obras suspensas e disse temer que cortes de verbas federais prejudiquem pesquisas: "Pode afetar índices da universidade"


postado em 29/08/2015 06:00 / atualizado em 29/08/2015 07:14

Anexo da Faculdade de Música está entre obras paralisadas: UFMG espera que MEC repasse ao menos 22,8 milhões até o fim do ano para evitar déficit(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Anexo da Faculdade de Música está entre obras paralisadas: UFMG espera que MEC repasse ao menos 22,8 milhões até o fim do ano para evitar déficit (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)

Depois de anunciar corte de R$ 81,7 milhões no orçamento, demissões de 40% no quadro de funcionários terceirizados, atraso no início do período letivo e dificuldade financeira de R$ 22,8 milhões para fechar as contas de 2015, a Universidade Federal de Minas Gerais admite que pode ter seus níveis de excelência de ensino afetados. Ontem, o reitor Jaime Arturo Ramírez anunciou a lista de 10 obras de reforma e construção de novas unidades que precisaram ser paralisadas e alertou que, no médio prazo, as pesquisas e os bons índices que a instituição mantém podem sofrer impacto negativo com os cortes de verbas. Em reuniões mensais, a UFMG tem informado ao Ministério da Educação (MEC) o quadro financeiro e o “baque”, nas palavras do reitor, que ele tem causado. Mas ainda não há sinalização de que mais recursos sejam liberados para equilibrar as contas.

Ramírez avaliou que suspensão de obras vai resultar em custos maiores quando houver retomada das intervenções e afetará toda a comunidade acadêmica que poderia usar essas instalações. O reitor também lembrou que os cortes terão consequências ruins sobre as pesquisas. “A outra fase da redução tem impacto nas pesquisas, mas é um efeito mais retardado. O impacto estará no resultado das pessoas envolvidas. Pode também afetar índices da UFMG, mas não é um impacto que vai vir amanhã, ele demora a ser sentido, é a médio prazo, já que são menos recursos e menos pessoas envolvidas nas pesquisas”, afirmou.

Entre as obras interrompidas estão a ampliação da terceira unidade da moradia universitária, no Bairro Ouro Preto, que prevê abertura de 360 vagas para estudantes e a construção do Centro de Atividades Didáticas do Departamento de Ciências Exatas. Este prédio tinha previsão de ser concluído até dezembro. Com o corte, o prazo mudou e a instalação deve abrir as portas para alunos em 2017. Pela readequação orçamentária que a instituição já fez este ano (diminuiu R$ 32,4 milhões nas despesas), nenhuma dessas intervenções será retomada em 2015. “É um impacto muito ruim para a nossa comunidade e vamos fazer gestões agora para conseguir recursos e retomar as obras em 2016”, disse Ramírez.

Além da paralisação nos canteiros de obra, a UFMG tem dificuldades para quitar contas de água e luz vencidas, é obrigada a fazer pagamentos por “ordem cronológica” de fornecedores com quem tem dívidas atrasadas e ainda enfrenta uma greve de servidores. Ainda em negociação com o governo federal, técnico-administrativos mantêm paralisação, que ontem completou exatos três meses. Como servidores trabalham com escala mínima de 30%, laboratórios, bibliotecas e colegiados da UFMG estão com atividades suspensas ou funcionando parcialmente.

Apreensão
As aulas do segundo semestre começaram na segunda-feira, com 21 dias de atraso, por problemas no sistema de matrículas, também comprometido pela greve. Ao comentar o retorno, o reitor reconheceu que as aulas começaram em uma situação que “não é normal, que não é ideal”. “A situação é atípica, de apreensão”, disse Ramírez, destacando que respeita o movimento grevista e que conta com a compreensão da comunidade. “Mas é melhor estar funcionando do que esperar os recursos chegarem”, completou. Apesar das dificuldades, o reitor garantiu que o semestre letivo termina em 23 de dezembro, sem prejuízos nas atividades acadêmicas para os alunos. A exceção é curso de odontologia, que ainda não terminou o primeiro semestre por problemas nas aulas práticas.

Na última quinta-feira, Ramírez e reitores das demais instituições públicas de ensino superior de Minas se reuniram com representantes do MEC, em Brasília, para apresentar a situação financeira das unidades. O dirigente da UFMG disse que a instituição não deixará de ser atendida pelo governo federal. “Estamos priorizando o pagamento das bolsas, não vamos fazer cortes nas bolsas dos alunos. Esses serviços serão mantidos, seja na assistência estudantil, bem como naquelas da pró-reitoria de graduação e de extensão”. Ele lembra que dois fundos foram criados, cada um no valor de R$ 2 milhões, para atender, emergencialmente, as atividades da pós-graduação e da graduação.

Obras paradas

  • Contingenciamento de verbas afetou atividades na UFMG e obrigou instituição a suspender obras:
  • Centro de Atividades Didáticas da Ciências Exatas
  • Reforma da Escola de Belas Artes e Artes Cênicas (Eba)
  • Reforma da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich)
  • Reforma da Faculdade de Letras (Fae)
  • Ampliação da Moradia Universitária (Moradia III – 360 vagas)
  • Anexo da Faculdade de Educação
  • Anexo da Faculdade de Música
  • Anexo do Departamento de Química do Instituto de Ciências Exatas (Icex)
  • Centro de Transferência e Inovação Tecnológica(CTIT)
  • Unidade Administrativa 5 (Prédio de projetos da Internacionalização)
  • Anexo de Aulas Práticas do ICB
  • Anexo da Educação Física

O reitor Jaime Arturo Ramírez: 'A situação é atípica, de apreensão'(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
O reitor Jaime Arturo Ramírez: 'A situação é atípica, de apreensão' (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)

Enquanto isso, greve continua

O reitor da UFMG, Jaime Arturo Ramírez, disse ontem que a instituição atua como interlocutora dos funcionários junto ao governo federal, mas a presidente do Sindicado dos Trabalhadores das Instituições Federais de Ensino Superior (Sindifes), Cristina del Papa, afirmou que, no momento, não há previsão de término da paralisação. A categoria, que quer reparação salarial de 21,3%, não aceitou proposta de escalonar o pagamento em quatro anos. “A perda inflacionária nesse caso será muito grande”, afirma. Por sua vez, alunos cobram solução para problemas na universidade. “O quadro é de incerteza, de insegurança. A instituição precisa ser mais firme no sentido de pressionar o MEC para fazer os repasses”, defende Thales Freire, do Diretório Central dos Estudantes (DCE).

Números da crise

40%
foi o percentual de corte nos cargos de terceirizados na UFMG (limpeza, portaria e manutenção). De 1.318 em novembro de 2014, eles passaram para 791, em agosto de 2015

R$ 81,7 milhões
é o valor bloqueado pela União dentro do orçamento da UFMG (R$ 31 milhões de 2014 e R$ 50,7 milhões em 2015)

R$ 22,8 milhões
é o valor que a UFMG ainda precisa para fechar as contas de 2015

Fonte: UFMG


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