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Estado de Minas

Aprendizado, habilidades individuais e ajuda dos pais são tema de seminário

Habilidades individuais, com intervenções positivas de pais e professores, levam ao avanço do aprendizado. Mestres debatem o tema em seminário


postado em 03/09/2014 00:12 / atualizado em 03/09/2014 08:03

Valquiria Lopes*


São Paulo – Não basta debruçar sobre livros para ter sucesso no aprendizado de cálculos e interpretações de texto. Ser persistente, organizado, criativo e aberto a novas experiências pode melhorar as notas de diversas disciplinas no boletim escolar, a exemplo de português e matemática. Estudos mostram que traços da personalidade e sentimentos individuais de alunos, somados a intervenções positivas de pais e professores, resultam em avanços na sala de aula. Em casa, o simples fato de ter um cantinho de estudos ou de manter vivo o hábito da leitura para o filho pode fazer dele um aluno de destaque e um profissional bem remunerado no futuro.

Pesquisas mostram que empregados com maior capital humano e maior formação acumulam 10% a mais de retorno nos salários para cada ano de estudo. Convencidos de que muitas habilidades cruciais para o desenvolvimento pessoal não serão mais técnicas, mas sim sociais e emocionais, especialistas em educação e mercado de trabalho buscam o desenvolvimento dessas habilidades nos sistemas de ensino. O assunto, tema do 11º Seminário Itaú Internacional de Avaliação Econômica de Projetos Sociais – Competências socioemocionais para o século XXI, realizado em São Paulo, ganha espaço valorizado no Brasil.

Ainda que a discussão seja inicial no país, o governo federal abriu edital para receber projetos de pós-graduação, mestrado e doutorado, buscando fortalecer redes de pesquisa que tenham foco no desenvolvimento de habilidades socioemocionais e formação de professores nessa área. As inscrições vão até sexta-feira. Classificadas como competências socioemocionais, as habilidades podem ser divididas em cinco grupos, os chamados big five (grandes cinco): conscienciosidade (expressa em atitudes de responsabilidade, persistência e resiliência); abertura a novas experiências (presente em comportamentos de curiosidade, criatividade e não ter medo de errar); amabilidade (presente em cooperação, por exemplo); estabilidade emocional (capacidade de autocontrole e outras); e extroversão (caracterizada pela sociabilidade).

Apesar de consideradas não cognitivas, ou seja, não avaliadas por testes de inteligência e conhecimento acadêmico, as habilidades têm a mesma importância do aprendizado formal, como explica um dos palestrante do evento, o professor de psicologia e políticas públicas da Universidade de Nova Yorque, John Lawrence Aber. “O comportamento positivo em relação ao pensamento crítico, ao controle da agressividade e à organização fazem do aluno um ser mais confiante e interessado nos assuntos tratados na sala de aula. A consequência disso são os bons resultados e o sucesso no trabalho e na vida.”

Em pesquisa feita pelo professor da Universidade de São Paulo Daniel Santos e apresentada no evento, os alunos com habilidades, como a resiliência, se saíram melhor em matemática, enquanto os que demonstraram criatividade tiveram bons resultados em português. O estudo foi feito com 25 mil estudantes de escolas estaduais do Rio de Janeiro, em outubro do ano passado. “Os resultados mostram que o sucesso não é imposto só por saber fazer coisas. E que a escola é capaz de transpor essas competências. A escola modificou uma série de características dos indivíduos”, diz Aber.

O grande desafio, segundo os palestrantes, é capacitar professores e auxiliar as famílias a trabalhar essas descobertas com aos alunos. “Esse trabalho não pode ser uma carga para o professor. Apesar de muitas medidas serem simples, ele precisa de treinamento e de orientação que deve ser repassada pela direção ou por profissionais da escola com mais facilidade de lidar com competências socioemocionais”, afirma Oliver John, professor e psicólogo da Universidade da Califórnia.

No campo profissional, a economista e professora da Universidade de Copenhagen, Mirian Gensowki, afirma que mostrar traços de personalidade no trabalho podem ser fundamentais para o sucesso. Ela faz ressalvas, no entanto, para o perfil de cada atividade. “Mostrar-se muito extrovertido emc uma função que requer seriedade pode ser um fator negativo.” Ela destaca ainda o impacto do valor do estudo no ganho salarial. “Ter um diploma de bacharel, por exemplo, pode significar R$ 1,1 milhão de dólares a mais nos rendimentos ao longo da vida, na comparação com uma pessoa que só fez o ensino médio.”

Superintendente da Fundação Itaú Social, Isabel Santana, diz que “o desenvolvimento de competências socioemocionais, por meio da educação, pode contribuir com gestores de programas e políticas públicas em ações voltadas para melhores resultados educacionais, econômicos e sociais.”

*A repórter viajou a convite da Fundação Itaú Social

 

 


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