Atender as necessidades da juventude, tornar o aprendizado atrativo e com isso conseguir contornar o desafio de diminuir o abandono e a evasão escolar, que passa de um terço no ciclo final da educação básica. A missão não é simples, mas é ela que orienta a implantação do programa Reiventando o ensino médio, em todas as escolas da rede pública estadual de Minas. O projeto piloto foi aplicado este ano em 11 instituições de Belo Horizonte e será ampliado, no ano que vem, para mais 122 em todo o território mineiro. Em 2014, a grade escolar será totalmente reformulada em toda a rede.
A implantação será gradativa e as primeiras a receber a novidade serão as turmas de 1º ano do ensino médio. Somente em 2016 todas as escolas terão o ciclo completo do programa. São seis horários diários e 3 mil horas de estudos ao longo dos três anos da etapa – 500 horas a mais que a carga horária atual. O objetivo é aprofundar os conhecimentos e oferecer alternativas de novas habilidades e competências que contemplem as cobranças e necessidades do século 21, considerado o século do conhecimento.
Em turismo, planejamento e visita a lugares turísticos são algumas das atividades desenvolvidas. Na comunicação, a montagem de uma rádio na escola e os temas abordados nos programas, como educação, cidadania, juventude e música, são alguns exemplos do que os estudantes fizeram este ano. Na tecnologia da informação, o uso de jogos é ferramenta para o ensino de conteúdos básicos, que vão de questões ligadas à Estrada Real até tópicos sobre a Revolução Francesa.
Mais sintonia com a realidade dos jovens
A superintendente de Desenvolvimento do Ensino Médio das Secretaria de Estado de Educação, Audrey Regina Carvalho Oliveira, esclarece que não se trata de ensino profissionalizante. “Para um curso técnico, seria necessário um número muito maior de aulas. Empregabilidade são conhecimentos variados de conteúdos que dialogam com disciplinas comuns. A maioria do que se estuda em turismo, por exemplo, dialoga com a história, a biologia, na questão da preservação e sustentabilidade, ou a matemática, quando se fala de cálculos e distâncias entre municípios”, explica.
Segundo ela, consultores de universidades acompanham e dão apoio aos professores, para que os estudantes tenham conteúdo adaptado ao da escola. São os próprios professores que se encarregam dessas disciplinas especiais na sala de aula. “Os conteúdos acrescentam conhecimentos às disciplinas básicas. Os estudantes ficam mais fortalecidos para fazer o Enem e o vestibular, além de estarem mais preparados para concorrer no mercado de trabalho se quiserem”, relata.
Audrey ressalta, no entanto, que não é um ensino voltado para o mercado, mas um novo tipo que quer ser mais atrativo, fazer com que o aluno permaneça na escola, aprenda mais e, com isso, tome a decisão do que fazer adiante. “Ele será um cidadão mais crítico e opinativo. Queremos dar ao jovem aquilo que eles nos disseram que querem. E dar a ele a oportunidade de decidir se vai entrar no mercado ou terminar o ensino médio com mais conhecimento”, diz.
Dados da secretaria mostram que, do total de estudantes que ingressam no primeiro ano do nível médio, 34% não terminam a terceira série. Melhoria dos laboratórios, reordenação curricular, implantação de tecnologias, metodologias didático-pedagógicas e capacitação continuada dos professores são algumas das ações que serão adotadas no ano que vem para mudar esse cenário de abandono. Em nível nacional, Audrey também é otimista: “Creio que o país está preparado e necessitado. O Brasil inteiro sabe que o ensino médio precisa com urgência de mudança aprofundada. E o Reinventando propõe toda a mudança, porque só proposta, sem intervenção direta, não é suficiente para a sacudida necessária”.