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Estado de Minas

Índice de 27,9% de abstenção nas provas do Enem 2012 preocupa autoridades e educadores

Medidas para motivar estudantes começam a ser analisadas. Alunos iniciam maratona para segunda etapa da UFMG


postado em 06/11/2012 06:00 / atualizado em 06/11/2012 06:42

O que leva tantos alunos a, simplesmente, desistir de fazer uma prova tão importante quanto a do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)? Foram milhões de inscritos, mas quase um terço deles não compareceu aos locais de avaliação. A média se repete a cada edição do teste, que é também passaporte para a maioria das universidades públicas do país. Nem o Ministério da Educação (MEC) sabe apontar as causas do alto índice de ausências, mas a explicação pode estar justamente nas múltiplas funções do Enem, que desperta interesses variados para diferentes perfis de candidatos. Para quem encarou o desafio do das provas e se deu bem é hora de se preparar para o segundo round em busca de uma vaga. Amanhã, começam as aulas de preparação para a segunda etapa da UFMG nos cursinhos da capital.

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, informou que, diante do alto índice de abstenção no Brasil, de 27,9%, poderá rever até mesmo o critério de isenção da taxa do Enem para alunos da rede pública. Segundo ele, uma possibilidade é de retirar o benefício de quem conseguiu a gratuidade, mas não fez o exame no ano anterior. Em Minas, a abstenção nos dois dia de prova foi de 27,25% – 26% dos candidatos desistiram do teste no sábado e 28,5%, no domingo. Ao todo, 178 mil estudantes deixaram de fazer o Enem no estado. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) informou que não há estudos sobre a questão.

Interesses

O supervisor do 3º ano do ensino médio do Colégio Magnum, Marco Antônio Guariento Barbosa, acha difícil apontar motivos quando se trata de um exame tão complexo, que abrande faixas de alunos com diferentes interesses. O Enem serve não só para ingresso no ensino superior, mas como certificado de conclusão do ensino médio e, para quem já está na faculdade, é obrigatório a quem disputa uma bolsa no Programa Universidade para Todos (Prouni). “O fato de ser usado para tantas coisas acaba gerando impacto no número de inscrições e, consequentemente, na quantidade de abstenções. Há também os casos de quem está desmotivado e não vê muita chance de usar o resultado para dar um passo à frente”, afirma.

O professor questiona os custos das desistências. “As pessoas que desistiram pagaram pela inscrição ou são de escola pública? É um prejuízo grande, pois há toda uma logística montada em cima do número total de inscritos, com gráfica, pessoal para aplicar e outros serviços”, ressalta. Ele aponta uma alternativa: “As universidades, no vestibular, isentam da taxa de inscrição, mas o aluno deve passar por uma seleção. Se o MEC fizesse isso no Enem, esse índice poderia ser reduzido. Afinal, quem participa de todo esse processo é porque realmente está interessado no vestibular”.

Outros rumos

"Comecei a fazer o curso de publicidade e gostei tanto que nem quis tentar o Enem" - Pedro Bolina, aluno de publicidade da PUC Minas (foto: Beto Magalhães/EM/D.A Press)
O aluno Pedro Bolina, de 18 anos, tinha objetivos claros quando se inscreveu no Enem: usá-lo para a UFMG, mesmo estando no 1º período de publicidade na PUC Minas. Mas mudou de planos: “Comecei a fazer o curso de publicidade e gostei tanto que nem quis tentar o Enemk. No passado, fiz como treineiro e achei a prova com nível médio de dificuldade. Estudando, não é uma prova difícil”, completa.

Já para a auxiliar administrativo Ludimila Aurélio, de 20 anos, a distância foi o grande empecilho. A jovem, que se formou no ensino médio há dois anos, mora no Bairro Conjunto Nacional, em BH, mas teria de fazer os testes numa escola do Bairro Petrolândia, em Contagem, na Grande BH. Essa é a segunda vez que ela é mandada para longe de casa. No fim do 3º ano, também não teve sorte. Para ele, o problema seja a localização da casa, na divisa de BH, Contagem e Ribeirão das Neves – é comum receber correspondências indicando uma das três cidades.

“Para ter um local mais perto, usei desta vez Contagem como endereço. Mas foi pior. Da outra vez, grande parte da escola foi para o mesmo local, então a locomoção foi fácil, pois havia pais para dar carona. Ninguém da minha família tem carro e eu teria de pegar dois ou três ônibus”, afirmou.

MUDANÇA Outro fator que desanimou foi não poder concorrer com o Enem para uma universidade pública. Ludimila não fez inscrição na UFMG e nçao poderia se mudar pa outra cidade. A intenção é fazer vestibular para administração ou pedagogia numa escola privada. “O Enem ajuda em alguns desses vestibulares, pois com ele as faculdades cobram taxa menor de inscrição. Mas achei que só isso não compensaria.”

Em São João del-Rei, no Campo das Vertentes, a adolescente Karina Coelho Silva, de 15, aluna do 2º ano de um colégio particular, não fez a prova, como treineira, mas lamenta. Ela acabou acompanhando o pai a reunião de antigos colegas de escola. “Fiz a inscrição achando que prestaria o exame, mas não fui. Achei uma pena, porque experiência conta muito”, diz. Candidata a engenharia civil, a garota afirma que a maioria dos colegas fizeram as provas. “As questões posso pegar na internet. Mas é na hora mesmo que você vê como é”, diz


Gabarito das provas sai amanhã

Passada a prova, nada de descanso. Começa agora a preparação pesada para a segunda etapa da UFMG, marcada para 13 a 20 de janeiro. O resultado do Enem só sai dia 28 do mês que vem, mas amanhã já será possível ter uma ideia do desempenho no fim de semana. O gabarito oficial está prometido para amanhã, pela internet, mas há expectativa de que seja liberado ainda hoje no site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), no www.inep.gov.br. Além da federal de Minas Gerais, muitos estudantes terão este mês e no próximo uma maratona de vestibulares nas principais universidades do país, como Unicamp, USP e Unesp.

A coordenadora do cursinho da Poli (da Escola Politécnica da USP), Alessandra Venturi, ressalta que são modelos de provas diferentes, mas, em todos os casos, os candidatos devem agora pensar em tudo, menos em relaxar. “Esse é o momento de entrar de cabeça nos estudos das áreas para o curso pelo qual optou”, garante. No caso da UFMG e de outras universidades com segunda etapa, a primeira dica é pegar provas anteriores e tirar dúvidas que ainda restam da primeira fase. “Entender as questões que errou na primeira fase pode ajudar a ir bem na etapa específica. É importante saber se o erro tem a ver com conteúdo, ansiedade ou o lado psicológico para resolver o problema e ter tranquilidade para fazer a prova específica com conhecimento”, completa.

Para quem tem disposição, a outra dica é trabalhar, a cada 15 dias, uma prova anterior, procurando identificar o motivo dos erros com o auxílio de um professor. De acordo com Alessandra, o ideal é tirar também um dia do fim de semana para simular a prova, garantindo três aspectos: físico, psicológico e intelectual. “O aluno vai entender se, naquele tempo previsto, ele consegue resolver o teste ou o quanto ele ultrapassa para resolver cada questão. Administrar o tempo é importantíssimo. Uma coisa é fazer a prova anterior como treinamento, outra é usá-la para simular a avaliação real”, destaca. E, acima de tudo: “O vestibulando deve estar muito antenado nas atualidades, quer seja numa redação ou numa questão ele deve ter visão como um todo da situação.”

Prudência

O ministro Aloizio Mercadante disse ontem que ainda não é hora de comemorar o sucesso do Enem, já que o exame só pode ser considerado encerrado depois de 28 de dezembro, quando sair o resultado. “Não tem nada para comemorar. A equipe tem de continuar trabalhando com seriedade e pé no chão.” Em relação à segurança, o ministro avaliou que os problemas em edições anteriores fizeram com que o planejamento fosse reforçado, evitando novas ocorrências. “Todos aprendem com os erros, que serviram para triplicarmos o nível de exigência no planejamento. Ampliamos o esforço na área de segurança, de elaboração de provas.”

Pelo Brasil

Candidatos ainda podem ser excluídos
O Ministério da Educação (MEC) informou ontem que uma equipe ainda trabalha para identificar candidatos que postaram fotos e mensagens durante a prova do Enem nas salas onde estava sendo aplicado o exame. Segundo o órgão, os estudantes que forem reconhecidos ainda podem ser eliminados, mesmo que não tenham sido flagrados por fiscais ou retirados do local de prova. As imagens compartilhadas em redes sociais, levando em consideração a hora de publicação, podem ser usadas como prova. Nos dois dias provas, 65 candidatos foram eliminados e retirados das salas por postarem fotos de seus celulares. No sábado foram 37 estudantes e no domingo mais 28.

Mãe denuncia e filha é eliminada
A mãe que denunciou a filha por pedir ajuda pelo celular para fazer a prova do Enem, domingo, em Sorocaba (SP), disse ontem que não se arrepende. "Eu não queria prejudicar a minha filha, mas não acho certo o que ela fez", disse. Por mais de hora, Maria Lúcia Diniz Abdalla e a filha trocaram mensagens durante o exame. A mãe procurou os responsáveis pelas provas e alertou sobre a irregularidade. A garota de 17 anos, que fazia a prova como treineira, foi eliminada. A mãe acredita que a falha maior foi da organização, que permitiu a entrada da filha com o celular na classe.

Jovem faz prova para um irmão
A Polícia Civil de Jaboticabal (SP) vai investigar uma suposta troca de identidades de dois irmãos durante as provas do Enem na cidade. Jovens de 18 e 22 anos da cidade vizinha de Taiaçu foram detidos numa escola domingo, antes do exame. Segundo a delegada Andrea Nogueira, que registrou ocorrência por falsidade ideológica, o irmão mais velho disse em depoimento à polícia que pretendia ajudar o irmão mais novo a conseguir uma bolsa com a nota do Enem.
 


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