A qualidade do ensino médio piorou no Distrito Federal e em nove Estados brasileiros, aponta o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2011, divulgado nesta terça-feira, pelo Ministério da Educação (MEC).
Apesar de a meta nacional ter sido atingida para esta etapa de ensino (3,7), os sistemas estaduais de dez unidades da federação apresentaram índices inferiores aos conferidos na edição de 2009. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) estipulou uma meta nacional de 5,2 para ser alcançada no ensino médio em 2021.
Na comparação Ideb-2011 com Ideb-2009, considerando apenas as redes estaduais, caíram de desempenho Rondônia (-0,4), Acre (-0 2), Pará (-0,2), Paraíba (-0,1), Alagoas (-0,2), Bahia (-0,1), Espírito Santo (-0,1), Paraná (-0,2), Rio Grande do Sul (-0,2) e o Distrito Federal (-0,1).
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante admitiu que o fraco desempenho do ensino médio no Ideb é “um imenso desafio” para o ministério. Segundo ele, os problemas são conhecidos e o governo prepara ações para enfrentá-los. “Um fator claro é a estrutura curricular, muito extensa”, disse. “São 13 disciplinas, que chegam a 19 se consideradas as disciplinas complementares. São muitas matérias.”
De acordo com o Inep, a rede estadual é responsável por cerca de 97% da matrícula do ensino médio na rede pública, o que torna a questão uma responsabilidade dos governos locais. O avanço do Ideb no ensino médio é mais lento que o observado no ensino fundamental.
Embora o Ideb do ensino médio tenha subido de 3,6 para 3,7 (considerando todas as redes de ensino), o índice das redes estaduais ficou estável - manteve-se em 3,4. O Ideb da rede privada é de 5,7.
A distância do Ideb das redes estaduais para o do sistema privado, que hoje é de 2,3 pontos, já foi de 2,6 pontos, conforme dados do Ideb de 2005.
Segunda melhor do País, a rede estadual de São Paulo ficou com 3 9 em 2011, ante 3,6 em 2009. Santa Catarina é a unidade da federação que obteve a maior nota - 4,0; Alagoas, a que obteve a pior - 2,6.
Além de Alagoas, a rede estadual apresenta Ideb inferior a 3,0 em outras cinco unidades da federação: Pará, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba e Sergipe.
Os maiores saltos numéricos nos dois últimos Ideb ocorreram nas redes estaduais de Goiás, que passou de 3,1 para 3,6 (aumento de 0,5), e no Rio de Janeiro (0,4), que subiu de 2,8 para 3,2.
Na distribuição por regiões, a média dos Estados do Norte (3,1) e do Nordeste (3) fica abaixo da do Centro-Oeste (3,3), Sudeste (3,6) e Sul (3,7).
Na rede privada, o maior Ideb no ensino médio é o de Minas Gerais e Paraná (6,1).
Vera Masagão, coordenadora-geral da organização não governamental Ação Educativa, aponta que o ensino médio é um nível subfinanciado. “A gente precisa de um investimento muito forte em qualidade e não é à toa que a matrícula também está aquém, poderia haver muito mais jovens matriculados no ensino médio que estão fora da escola”, disse.
Mercadante não quis comentar os resultados dos estados que tiveram Ideb inferior ao registrado em 2009. “Uma mesma região tem estados e cidades que evoluíram muito mais que outros. Há especificidades, a gestão na ponta. O professor na sala de aula, o diretor da escola, o secretário municipal. Vamos olhar essa informação e tentar tirar lições para avançar”, disse. O ministro aposta que a educação em tempo integral pode ser uma “grande resposta” para melhorar a qualidade do ensino.
Confira as notas dos estados no ensino médio:
Rondônia
Ideb 2009: 3,7 pontos
Ideb 2011: 3,7 pontos
Meta 2011: 3,5 pontos
Acre
Ideb 2009: 3,5 pontos
Ideb 2011: 3,4 pontos
Meta 2011: 3,5 pontos
Amazonas
Ideb 2009: 3,3 pontos
Ideb 2011: 3,5 pontos
Meta 2011: 2,7 pontos
Roraima
Ideb 2009: 3,4 pontos
Ideb 2011: 3,6 pontos
Meta 2011: 3,8 pontos
Pará
Ideb 2009: 3,1 pontos
Ideb 2011: 2,8 pontos
Meta 2011: 3,1 pontos
Amapá
Ideb 2009: 3,1 pontos
Ideb 2011: 3,1 pontos
Meta 2011: 3,2 pontos
Tocantins
Ideb 2009: 3,4 pontos
Ideb 2011: 3,6 pontos
Meta 2011: 3,4 pontos
Maranhão
Ideb 2009: 3,2 pontos
Ideb 2011: 3,1 pontos
Meta 2011: 3 pontos
Piauí
Ideb 2009: 3 pontos
Ideb 2011: 3,2 pontos
Meta 2011: 3,2 pontos
Ceará
Ideb 2009: 3,6 pontos
Ideb 2011: 3,7 pontos
Meta 2011: 3,6 pontos
Rio Grande do Norte
Ideb 2009: 3,1 pontos
Ideb 2011: 3,1 pontos
Meta 2011: 3,2 pontos
Paraíba
Ideb 2009: 3,4 pontos
Ideb 2011: 3,3 pontos
Meta 2011: 3,3 pontos
Pernambuco
Ideb 2009: 3,3 pontos
Ideb 2011: 3,4 pontos
Meta 2011: 3,3 pontos
Alagoas
Ideb 2009: 3,1 pontos
Ideb 2011: 2,9 pontos
Meta 2011: 3,3 pontos
Sergipe
Ideb 2009: 3,2 pontos
Ideb 2011: 3,2 pontos
Meta 2011: 3,6 ponto
Bahia
Ideb 2009: 3,3 pontos
Ideb 2011: 3,2 pontos
Meta 2011: 3,2 pontos
Minas Gerais
Ideb 2009: 3,9 pontos
Ideb 2011: 3,9 pontos
Meta 2011: 4,1 pontos
Espírito Santo
Ideb 2009: 3,8 pontos
Ideb 2011: 3,6 pontos
Meta 2011: 4,1 pontos
Rio de Janeiro
Ideb 2009: 3,3 pontos
Ideb 2011: 3,7 pontos
Meta 2011: 3,6 pontos
São Paulo
Ideb 2009: 3,9 pontos
Ideb 2011: 4,1 pontos
Meta 2011: 3,9 pontos
Paraná
Ideb 2009: 4,2 pontos
Ideb 2011: 4 pontos
Meta 2011: 3,9 pontos
Santa Catarina
Ideb 2009: 4,1 pontos
Ideb 2011: 4,3 pontos
Meta 2011: 4,1 pontos
Rio Grande do Sul
Ideb 2009: 3,9 pontos
Ideb 2011: 3,7 pontos
Meta 2011: 4 pontos
Mato Grosso do Sul
Ideb 2009: 3,8 pontos
Ideb 2011: 3,8 pontos
Meta 2011: 3,6 pontos
Mato Grosso
Ideb 2009: 3,2 pontos
Ideb 2011: 3,3 pontos
Meta 2011: 3,4 pontos
Goiás
Ideb 2009: 3,4 pontos
Ideb 2011: 3,8 pontos
Meta 2011: 3,5 pontos
Distrito Federal
Ideb 2009: 3,8 pontos
Ideb 2011: 3,8 pontos
Meta 2011: 3,9 pontos