Os técnicos em enfermagem Edson Sodré, de 35 anos, e Edlene de Oliveira, de 32, concluíram o ensino médio, mas nunca frequentaram faculdade. Mesmo assim, se sentiram seguros para assumir a instrução da filha, Pryscila. Quando a menina completou 1 ano, Edlene começou a educá-la. “Eu usava massinha, quebra-cabeça… Depois passei a alfabetizá-la”, conta Edlene. Como morou nos EUA mais de três anos, o pai se encarregou de ensinar inglês.
O casal decidiu adotar o homeschooling depois de observar os resultados alcançados pelos amigos Cléber e Bernadeth Nunes, da mesma cidade, Vargem Alegre. Alguns amigos não aprovaram a decisão. “Começaram a cobrar. Muita gente é desinformada”, comenta Edson.Mesmo assim, o casal cedeu às pressões e, no início deste ano, matriculou Pryscila, de 4 anos, na escola.
A “experiência” durou apenas dois meses e meio. Os pais acharam que, em vez, de ajudar no desenvolvimento da menina, a escola atrasaria o processo. Segundo eles, a filha já sabia o alfabeto, contava até 20, sabia os nomes de várias cores e animais. Tudo em português e inglês. “Os coleguinhas ainda estavam aprendendo a contar até cinco. Minha filha ficava com receio de mostrar que sabia mais”, lembra Edson.
As “aulas” são aplicadas de manhã, antes de os pais irem trabalhar, e no fim da tarde, quando voltam do expediente. Às vezes, também há lições na hora do almoço. Os pais, que também pretendem educar em casa o caçula, Edson Ícaro, de 1 ano, dizem não temer processos judiciais.
Fábio Pereira, de 37, e Nádia Alves Gomes, de 36, de Timóteo, também nunca ingressaram no ensino superior. Ele é técnico em eletrônica e a mulher, em contabilidade. Em agosto de 2011, decidiram tirar da escola e educar em casa a filha Iolanda, de 7. No fim do mesmo ano, incluíram no homeschooling o filho, Estevão, de 10, recém-concluído a 3ª série.“Já sabíamos que havia nos EUA, mas, aqui no Brasil, nosso primeiro exemplo foi o Cléber”, revela Fábio.
As principais razões para educar os filhos em casa foram as “influências ruins” da escola. “Há princípios que zelamos. Lá (na escola), tudo o que pregamos era despregado. Havia brincadeiras prejudiciais, assuntos inadequados para crianças, era desesperador”, explica o pai.Para definir como ensinar em casa, Fábio e Nádia buscaram orientação com amigos professores e pesquisaram sobre educação domiciliar na internet.