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Estado de Minas

Internato rural mais longo e diversificado

Faculdade de Medicina da UFMG, pioneira no envio de estudantes ao interior, propõe ao MEC ampliação da permanência de alunos nas cidades e do número de especialidades atendidas


postado em 26/07/2011 06:00 / atualizado em 26/07/2011 08:05

 

Depois de três meses em Conceição do Mato Dentro, Renato Drummond considerou a experiência gratificante(foto: Jackson Romanelli/EM/D.A Press. )
Depois de três meses em Conceição do Mato Dentro, Renato Drummond considerou a experiência gratificante (foto: Jackson Romanelli/EM/D.A Press. )
No ano de comemoração do seu centenário, a Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) propõe mudanças no principal programa de formação de alunos da instituição: o internato em saúde coletiva, mais conhecido como internato rural. A proposta, em negociação com o Ministério da Saúde, prevê a integração do ciclo de internatos no último ano do curso de medicina, incorporando as disciplinas de clínica médica, cirurgia, pediatria e ginecologia e obstetrícia à de saúde coletiva. A previsão é de que a experiência seja testada de maneira piloto em duas cidades mineiras já no primeiro semestre do ano que vem.


As novidades, se aprovadas pelo Ministério da Saúde, serão as mais significativas na história do internato rural, criado na década de 1970 pela UFMG como o primeiro do Brasil. Atualmente, os estudantes passam três meses consecutivos atuando, sob a supervisão de professores do curso, no atendimento primário de saúde em comunidades carentes de 33 municípios mineiros. Com a nova proposta, os alunos passariam um ano no internato, atendendo, além da rede primária, pacientes da clínica médica, cirurgia, pediatria e ginecologia e obstetrícia. Além disso, o internato incluiria a residência médica, que é a especialização do profissional em nível de pós-graduação.


“O novo projeto faz parte de uma antiga intenção de conjugar todos os internatos na rede pública. A ideia é que os alunos façam, no mesmo município onde ocorre o internato em saúde coletiva, os atendimentos em outras áreas”, explica o coordenador do internato rural, o professor da Faculdade de Medicina da UFMG Geraldo Cury. Segundo ele, a junção dos internatos proporcionaria ao aluno uma visão integral do processo e a relação entre estudantes da graduação e residentes em medicina seria enriquecedora pela troca de experiências. Na prática, isso deve significar a um aluno de internato, que hoje faz, por exemplo, apenas o pré-natal de uma gestante durante os três meses do programa, a possibilidade de acompanhar o parto e o recém-nascido nos primeiros meses de vida.


De acordo com Cury, a experiência deve ser testada em duas cidades que já integram o programa e que serão selecionadas a partir de pré-requisitos, como a existência de hospital e de um sistema municipal de saúde estruturado. Além disso, o novo modelo de internato envolveria outras unidades da UFMG, a exemplo do Hospital das Clínicas – que viabilizaria a participação dos residentes –, da Faculdade de Odontologia e da Escola de Enfermagem, que já participam do programa.

História

Criado em 1974 como disciplina obrigatória do curso de medicina, o internato rural é ministrado no 11º período da graduação. Em rodízios trimestrais que envolvem 320 alunos por ano, o programa leva os estudantes a unidades da rede pública de saúde de comunidades carentes, onde são prestados atendimentos básicos à população. Além do aprendizado da profissão e das experiências de vida acumuladas, o internato coleciona em sua história o fato de ser o embrião de outras iniciativas de peso, como o projeto Manuelzão da UFMG, que desde 1997 atua na bacia hidrográfica do Rio das Velhas.

“O Manuelzão nasce como consequência de uma reflexão do internato rural de que saúde não é apenas problema médico e que se restringe a medicar a população. Ela depende de combater as causas da doença, melhorar as condições ambientais e promover a qualidade de vida das pessoas”, afirma o coordenador do projeto Manuelzão, Marcus Vinícius Polignano. Segundo ele, o internato é fundamental nessa filosofia de formar o aluno próximo à realidade das comunidades carentes.

Quem viveu recentemente a experiência de mergulhar na rotina de um povoado da zona rural, como Renato Silva Drummond, de 25 anos, fala com entusiasmo da ideia. Aluno do último período do curso de medicina, ele passou janeiro, fevereiro e março em Conceição do Mato Dentro, na Região Central de Minas. “O mais gratificante é ver que fazemos diferença na vida daquela comunidade. Fazemos atendimento em postos de saúde e também no Programa de Saúde da Família (PSF). Essa vivência nos dá autonomia e segurança para o desempenho da profissão. A experiência mais marcante que vivi foi atender uma senhora de 105 anos que estava acamada e com pneumonia e dependia do nosso atendimento para sobreviver”, conta Renato. Até o fechamento desta edição, o Ministério da Saúde não havia se pronunciado sobre a proposta de mudanças no internato rural da UFMG.


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