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Estado de Minas

Livros e gramática na ponta da língua para fazer a prova de vestibular


postado em 04/11/2008 07:35 / atualizado em 08/01/2010 04:06

 
 
Fotos: Maria Tereza Correia/EM/D.A Press
Alunos do Marista Dom Silvério, Júlio Guerra, Verônica Jardim, Marcelo Ribeiro, Carolina Borges e Flávia Glusek estão de olho em análises das obras e eventos
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A literatura extrapola contos e narrativas para deixar marcas em outras áreas do conhecimento. História, geografia e língua portuguesa são algumas das disciplinas que podem ir além das apostilas e dos livros didáticos para se “contaminar” pelos clássicos do mundo das letras. Os coronéis de Ariano Suassuna, as mazelas sociais contadas por Manuel Bandeira e as curiosidades da cidade maravilhosa retratada por João do Rio estão entre os temas que podem fazer a conexão entre ficção e realidade nas provas do vestibular. Na última reportagem da série especial sobre processos seletivos, o Estado de Minas faz uma viagem pelos livros exigidos nos testes e mostra por que sua interpretação é decisiva para garantir a vaga na faculdade.

As chances de relacionar a literatura com as demais matérias ganharam força no último vestibular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), quando a instituição mudou os critérios da prova aberta de redação. Desde então, os conhecimentos da área são cobrados em apenas duas questões, e não mais em seis. “Agora, os alunos escrevem um texto sobre temas da atualidade e outro específico sobre literatura. Portanto, a relação entre as obras e as outras disciplinas é muito possível. Este ano, uma análise do conjunto dos livros mostra uma densa retratação da história do Brasil, por isso é provável que os clássicos literários não sejam avaliados isoladamente. A interdisciplinaridade deve ser um ponto forte dos próximos testes”, aposta Eliane Fonseca, que há 25 anos acompanha os exames de língua portuguesa e literatura brasileira.

Segundo ela, o carro-chefe deste processo seletivo deve ser São Bernardo, de Graciliano Ramos. “Esse é o livro que dá mais possibilidade de relação com as outras obras e também com as demais disciplinas. Ele permite uma reflexão maior sobre a condição humana, e o seu personagem principal, um latifundiário nordestino, representa qualquer homem, independente do tempo ou do espaço”, explica. Sobre A alma encantadora das ruas, de João do Rio, a especialista acredita na abordagem de questões que envolvem a transição do Brasil Império para a República e os problemas sociais do Rio de Janeiro, assunto abordado na obra publicada em 1908 e que permanece atual.

Já o Auto da compadecida, de Ariano Suassuna, pode trazer à tona assuntos relacionados ao coronelismo brasileiro e à degradação de instituições de poder, como a Igreja e o Estado burguês. Em O conto da mulher brasileira, organizado por Edla van Steen, a professora aposta tanto na análise psicanalística da condição feminina quanto no retrato da sociedade machista. E, por último, Meus poemas preferidos, de Manuel Bandeira, pode ser a base para trabalhar o sentimento do homem em relação a seu tempo.

Eliane Fonseca sugere que candidatos se dediquem a memorizar e interpretar os livros indicados

Desafio

Interpretar e memorizar bem o amplo leque de temas abordados nos livros da UFMG e de outras universidades públicas e particulares de Minas é o grande desafio enfrentado por milhares de candidatos a uma vaga. Para Carolina Borges Oliveira Silva, de 17 anos, o melhor caminho é aproveitar todos os eventos literários e ler diferentes análises de obras. “Não perco as feiras de livros, os teatros voltados para o vestibular e procuro resumos e exercícios pela internet. Muitas vezes, isso ajuda a fixar os conteúdos e também traz à tona detalhes que podem passar despercebidos numa leitura rápida”, conta ela, que vai tentar vaga no curso de ciências biológicas.

O estudante Júlio Guerra Domingues, de 17, candidato ao curso de medicina, tem dedicado horas de estudo às novas regras ortográficas do português, aprovadas recentemente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Todos os livros do vestibular 2009 fazem uma interessante relação entre a linguagem culta e a informal, falada pelo povo. Por isso, acredito que a reforma da língua é um dos temas da atualidade que serão explorados na prova”, diz.

O cuidado com o português é a principal dica dada pelo diretor da Comissão Permanente de Seleção (Copese) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), José Maria Pereira Guerra. “A prova de língua portuguesa e literatura brasileira tem grande importância por ser o primeiro critério de desempate no vestibular. Os conhecimentos dessa área também são avaliados em todas as provas abertas da segunda fase”, afirma.

Nos testes da UFMG, há cinco critérios de correção da língua portuguesa. O primeiro é a adequação ao tema da questão; o segundo, a adequação ao objetivo, que avalia se o candidato atendeu ao gênero textual pedido e ao verbo de comando, como analisar, comentar ou citar; o terceiro é a argumentação; o quarto, a organização textual; e o quinto é o domínio da norma culta.


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