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Estado de Minas

Após 11 buscas sem sucesso, irmão de Bruno reabre mistério sobre Eliza Samudio

Preso no Piauí, Rodrigo Fernandes diz ter presenciado morte de Eliza Samudio e saber onde está o corpo. Informações são tratadas com ceticismo por ex-delegado que investigou o caso. Desde 2010, polícia já fez pelo menos 11 buscas pelo corpo, todas sem sucesso


postado em 05/07/2016 06:00 / atualizado em 05/07/2016 07:48

Última busca foi feita em um lote vago no Bairro Santa Clara, em Vespasiano, mobilizando máquinas e policiais(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press - 25/7/14)
Última busca foi feita em um lote vago no Bairro Santa Clara, em Vespasiano, mobilizando máquinas e policiais (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press - 25/7/14)
Uma nova denúncia reacende o debate sobre um antigo mistério: o paradeiro do corpo de Eliza Samudio, ex-namorada do goleiro Bruno Fernandes de Souza, que continua desaparecido seis anos após o crime. O irmão do jogador, Rodrigo Fernandes das Dores de Souza, prestou depoimento a um delegado do Piauí a pedido da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Na oitiva, indicou locais onde estariam os restos mortais da jovem e chegou a dizer que presenciou o homicídio. Os detalhes foram repassados pelo delegado-geral piauiense Riedel Batista, que concedeu entrevista sobre o caso ontem. Porém, as informações foram recebidas com ceticismo por policiais mineiros que estiveram à frente do caso.


De acordo com o delegado-geral do Piauí, o irmão do goleiro, que está preso em Teresina por suspeita de estupro, foi uma das testemunhas ouvidas em cartas precatórias enviadas à Polinter pela delegada Viviane Costa Ferreira Pinto, chefe da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam/RJ), de Jacarepaguá. “Ele falou de pessoas que poderiam ter envolvimento no assassinato de Eliza Samudio e sobre locais em que poderia estar o corpo dela. Mas são informações que precisam ser checadas. Foram todas passadas para o Rio de Janeiro”, explicou Riedel Batista. O policial não revelou quais locais foram indicados pelo irmão do goleiro.

Porém, o deputado Edson Moreira – chefe do Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa de Minas na época das apurações sobre o caso Bruno – informou que o preso teria apontado uma cidade do Sul de Minas como local de “desova” do corpo. A informação, inclusive, é uma das que levam Moreira a duvidar do teor do depoimento. “O que ele (o irmão de Bruno) quer é viajar a Minas. Essa informação de que o corpo estaria em uma cidade do Sul mineiro é pura invenção. Há um mês estive com o Rodrigo no Piauí, como integrante da comissão da Câmara dos Deputados que investiga questões ligadas a estupros, e isso pode ter despertado nele a motivação para voltar ao caso”, disse Moreira. A ponderação sobre as declarações é reforçada pela própria polícia do Piauí. “É preciso ter cuidado, porque tudo o que ele falou foi repassado à delegada do Rio; pode ter veracidade ou não”, disse Riedel Batista. Não é a primeira vez que são apontados possíveis locais para localização dos restos mortais de Eliza, mas todas as supostas pistas resultaram em buscas infrutíferas (veja quadro).

SEQUESTRO Em nota, a Deam/RJ informou que as cartas precatórias visam a identificar duas pessoas que participaram do sequestro e tentativa de aborto sofridos por Eliza em 2009, no Rio de Janeiro. Bruno e seu braço direito, Luiz Henrique Romão, o Macarrão, foram condenados pelo crime. Segundo a polícia fluminense, durante o depoimento Rodrigo informou que estava no Rio de Janeiro na época do sequestro, mas não disse se teve envolvimento no episódio. “Disse também ter presenciado o homicídio de Eliza Samudio, ocorrido em Minas Gerais, e informou que prestaria mais informações a respeito, caso venha a ser incluído em programa governamental de proteção à testemunha”, completou a delegacia do Rio.

A Polícia Civil de Minas Gerais informou ter recebido comunicado do Rio de Janeiro sobre o depoimento, mas acrescentou que aguarda a documentação com os detalhes da oitiva, que será enviada do Piauí, para definir eventuais providências. Já o Ministério Público mineiro informou não ter recebido informação oficial sobre o depoimento. O advogado de Bruno, Lúcio Adolfo, foi procurado, mas estava em audiência fora de Belo Horizonte e não se manifestou.

A advogada Maria Lúcia Borges Gomes, que representa Sônia de Fátima, mãe de Eliza Samudio, diz que a cliente tomou conhecimento pela imprensa do depoimento do irmão de Bruno. Segundo a defensora, as declarações deram uma ponta de esperança à família. “Se isso for verdade, é o que tenho pedido a Deus”, comentou Sônia, segundo a advogada, sobre a possibilidade de encontrar os restos mortais da filha.

Na ocasião das investigações, por meio de depoimentos e perícia no local do crime, não ficou constatada a presença de Rodrigo na cena do crime. Somente das pessoas que já foram julgadas e denunciadas. Todos os réus foram condenados, com exceção de Dayane Rodrigues, ex-mulher de Bruno. Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do atleta, recebeu pena de cinco anos pelo sequestro e cárcere de Eliza e de seu filho, Bruninho. Macarrão foi sentenciado a 15 anos de prisão por homicídio qualificado. Bruno teve a pena estabelecida em 22 anos e três meses de prisão por homicídio e ocultação do cadáver da jovem e também pelo sequestro e cárcere privado do filho. O ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, apontado como executor, foi condenado a 22 anos de prisão.

Elenílson Vitor da Silva, caseiro do sítio do ex-atleta em Esmeraldas, e Wemerson Marques de Souza, o Coxinha, respondiam apenas pelo sequestro e cárcere privado de Bruninho. Ambos pegaram penas em regime aberto. Um primo do jogador, Jorge, que revelou à polícia grande parte da trama, cumpriu medida socioeducativa e já está em liberdade. Ele era menor na época do crime. O promotor Henry Vasconcelos abriu investigação para apurar a eventual participação no crime dos policiais civis aposentados José Lauriano e Gilson Costa. Ambos foram denunciados pela promotoria de Contagem. (Com Luiz Ribeiro)

BUSCAS SEM SUCESSO


Desde 24 de Junho de 2010, com as primeiras denúncias confirmando a morte de Eliza Samudio, a polícia fez pelo menos 11 buscas na tentativa de encontrar seu corpo, todas sem sucesso. Confira:

» 26 de junho de 2010
Policiais e bombeiros levaram pás e enxadas para o sítio de Bruno, em Esmeraldas, onde Eliza foi vista pela última vez. Nada encontraram, assim como quando ao local, em julho e outubro.

» 29 de junho de 2010
Denúncias levaram policiais à Mata das Abóboras, em Contagem. A busca foi inútil.

» 5 de julho de 2010
Bombeiros foram à Lagoa Suja, no Bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, depois de ligação anônima.  Somente na manhã daquele dia, o Disque-Denúncia mineiro recebeu mais de 40 informações sobre o caso.

» 7 de julho de 2010
A casa do ex-policial Marcos Aparecido, o Bola, é alvo de uma varredura, com base no depoimento de Jorge, primo de Bruno, de que partes do corpo de Eliza haviam sido dado a cães no imóvel.

(foto: Jackson Romanelli/EM/DA Press - 8/7/10)
(foto: Jackson Romanelli/EM/DA Press - 8/7/10)


» 8 de julho de 2010
Buscas se estendem ao sítio alugado por Bola, em Esmeraldas, onde ele dava treinamento a policiais.

(foto: Jackson Romanelli/EM/DA Press - 4/11/10)
(foto: Jackson Romanelli/EM/DA Press - 4/11/10)


» 3 de novembro de 2010
Com base em rastreamento de ligações no dia do crime, o Parque Lagoa do Nado, no Bairro Planalto, foi alvo de varreduras nas matas e na lagoa por dois dias, com ajuda de oito bombeiros mergulhadores.

» 22 de junho de 2012
Carta e telefonema anônimos para a mãe de Eliza  apontam que o corpo estaria em um poço nos fundos do Parque Lagoa do Nado. Vizinhos ao local se arriscaram em buscas improvisadas, mas a polícia descartou a denúncia.

» 28 de agosto de 2012
Uma denúncia anônima levou equipes da polícia e bombeiros a nova busca no Condomínio Turmalina, em uma área na entrada do sítio que pertenceu a Bruno, em Esmeraldas.


» 26 de julho de 2014
Nova busca motivada por depoimento de um dos primos de Bruno leva policias com uma retroescavadeira a um lote vago, no Bairro Santa Clara, em Vespasiano. Mais uma vez, nada é encontrado

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