(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas

Irmão de Bruno aponta locais onde estariam os restos mortais de Eliza Samudio

Rodrigo Fernandes das Dores de Sousa, preso por suspeita de estupro em Teresina, no Piauí, foi ouvido por um delegado da cidade a pedido da Polícia Civil do Rio de Janeiro


postado em 04/07/2016 17:14 / atualizado em 05/07/2016 07:16

Sumiço e morte de Eliza Samudio completa seis anos em julho(foto: Facebook/Reprodução)
Sumiço e morte de Eliza Samudio completa seis anos em julho (foto: Facebook/Reprodução)
Uma nova denúncia sobre onde está o corpo de Eliza Samudio, ex-namorada do goleiro Bruno Fernandes de Souza, está sendo apurada pela polícia seis anos após o crime. O irmão do jogador, Rodrigo Fernandes das Dores de Souza, prestou depoimento a um delegado do Piauí a pedido da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Na oitiva, indicou alguns locais onde estariam os restos mortais da jovem. Os detalhes foram repassados pelo delegado-geral Riedel Batista, que concedeu coletiva sobre o caso nesta segunda-feira.

De acordo com o delegado-geral, o irmão do goleiro Bruno, que está preso por suspeita de estupro em Teresina, foi uma das testemunhas ouvidas nas cartas precatórias enviadas à Polinter pela delegada Viviane Costa Ferreira Pinto, chefe da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam/RJ), de Jacarepaguá. O delegado responsável informou sobre o depoimento. “Falou de pessoas que poderiam ter envolvimento com a morte de Eliza Samudio e sobre possíveis locais do encontro do corpo dela. Mas são informações que precisam ser checadas. Foram todas passadas para o delegado do Rio de Janeiro”, explicou Riedel Batista.

O delegado não informou quais locais o irmão do goleiro indicou. Disse, apenas, que as informações serão checadas por policiais civis do Rio de Janeiro e de Minas Gerais. Porém, segundo o deputado federal Edson Moreira, ex-delegado mineiro que investigou o crime na época, Rodrigo indicou uma cidade do Sul de Minas como local de desova do corpo. A informação faz Moreira duvidar da veracidade dos depoimentos.

O policial do Piauí concorda com a ponderação. “Tem que ter cuidado, porque tudo o que ele falou foi repassado para a delegada do Rio; pode ter veracidade ou não”, disse Riedel Batista, embora acredite que as informações possam dar nova dinâmica às investigações. A data exata de quando aconteceu o depoimento não foi informado.

Em nota, a Deam/RJ informou que as cartas precatórias visam a identificar duas pessoas que participaram do sequestro e tentativa de aborto sofridos por Eliza em 2009 no Rio de Janeiro. Bruno e o amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, foram condenados pelo crime. Segundo o documento, durante o depoimento Rodrigo informou que estava no Rio de Janeiro na época do sequestro, mas não disse se teve envolvimento. “Disse também ter presenciado o homicídio de Eliza Samúdio, ocorrido em Minas Gerais, e informou que prestaria mais informações a respeito caso venha a ser incluído em programa governamental de proteção à testemunha”, completou.

Irmão de Bruno foi ouvido a pedido da delegada de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro(foto: Reprodução/YouTube)
Irmão de Bruno foi ouvido a pedido da delegada de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro (foto: Reprodução/YouTube)


A Polícia Civil de Minas Gerais informou que recebeu comunicado da Polícia Civil do Rio de Janeiro sobre o depoimento. A corporação informou que aguarda a documentação com os detalhes da oitiva de Rodrigo, que será enviada do Piauí, para definir eventuais providências. Já o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) informou que não recebeu nenhuma informação oficial sobre o depoimento, não sendo possível, assim, avaliar a possibilidade de instaurar qualquer procedimento investigativo.

A advogada Maria Lúcia Borges Gomes, que representa Sônia de Fátima, mãe de Eliza, diz que sua cliente tomou conhecimento pela imprensa sobre o depoimento. Segundo ela, as informações despertaram certa esperança na família. “Se isso for verdade, é o que tenho pedido a Deus”, comentou Sônia, segundo a defensora, referindo-se à possibilidade de encontrar os restos mortais da filha.

Na ocasião das investigações sobre a morte, por meio de depoimentos e perícia no local do crime, não ficou constatada a presença de Rodrigo, o que fragiliza seu depoimento. Somente das pessoas que já foram julgadas pela morte de Eliza. Ainda são investigados dois policiais civis aposentados.

Outras buscas

Essa não foi a primeira vez que familiares do goleiro Bruno fizeram denúncias sobre onde estariam os restos mortais da jovem. Em julho de 2014, o primo do atleta Jorge Rosa Sales deu detalhes sobre o possível local onde estariam enterrados os restos mortais. O terreno fica em Vespasiano, na Grande BH. A Polícia Civil fez buscas e escavou o local, porém, apenas alguns objetos foram encontrados, que não tinham relação com a vítima.

Em agosto de 2012, uma denúncia anônima levou o Corpo de Bombeiros até o condomínio Residencial Turmalina, onde fica o sítio que pertenceu ao goleiro Bruno, em Esmeraldas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O denunciante indicou duas palmeiras como referência da localização da ossada, na entrada do sítio. Os militares realizaram buscas, mas nada foi encontrado.

Réus condenados

Todos os réus que responderam pelos crimes contra Eliza Samudio e o filho dela, Bruninho, foram condenados, com exceção de Dayane Rodrigues, ex-mulher de Bruno. Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do atleta, foi condenada a cinco anos pelo sequestro e cárcere de Eliza e Bruninho. Macarrão, braço direito do ex-ídolo do Flamengo, foi sentenciado a 15 anos de prisão por homicídio qualificado. Ele foi beneficiado por uma confissão parcial do crime. Já Bruno teve a pena estabelecida em 22 anos e três meses de prisão por homicídio e ocultação do cadáver da jovem e também pelo sequestro e cárcere privado do filho, Bruninho. O ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, apontado como executor do assassinato, foi condenado a 22 anos de prisão.

Elenílson Vitor da Silva, caseiro do sítio do ex-atleta em Esmeraldas, e Wemerson Marques de Souza, o Coxinha, respondiam apenas pelo sequestro e cárcere privado de Bruninho. Ambos foram condenados e cumprirão pena em regime aberto. Wemerson, que era réu primário, foi sentenciado a dois anos e seis meses de prisão. Já Elenilson, que chegou a ficar preso por cinco meses por causa do envolvimento na morte de Eliza e não era réu primário, teve a pena estabelecida em três anos.

Um outro réu no processo não chegou a ser julgado. Sérgio Rosa Sales, primo do goleiro Bruno, era considerado a principal testemunha do caso. Ele foi assassinado meses antes da data prevista para o julgamento. A polícia concluiu que ele foi vítima de crime passional, sendo executado pelo companheiro de uma mulher que tinha assediado na rua. Outro primo do jogador, Jorge, que revelou à polícia grande parte da trama, cumpriu medida socioeducativa e já está em liberdade. Ele era menor na época do crime.

Mesmo depois das condenações dos réus, o promotor Henry Vasconcelos abriu investigação para apurar a participação dos policiais civis aposentados José Lauriano e o Gilson Costa no crime. Os dois já foram denunciados pela promotoria de Contagem. (Com informações de Luiz Ribeiro)

 

(RG)

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)