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Estado de Minas

Goleiro Bruno deve R$ 300 mil em pensão

Mesmo depois da venda do sítio em Esmeraldas, goleiro antém débito com o filho, segundo o processo judicial


postado em 01/03/2013 06:00 / atualizado em 01/03/2013 06:55

Processo sobre a pensão alimentícia devida por Bruno corre na 1ª Vara de Família do Rio de Janeiro(foto: PAULO FILGUEIRAS/EM/D.A PRESS %u2013 20/11/12)
Processo sobre a pensão alimentícia devida por Bruno corre na 1ª Vara de Família do Rio de Janeiro (foto: PAULO FILGUEIRAS/EM/D.A PRESS %u2013 20/11/12)
  O goleiro Bruno Fernandes já deve ao filho, Bruninho, pelo menos R$ 300 mil em pensão alimentícia, no processo que corre na 1ª Vara de Família do Rio de Janeiro. Os cálculos foram feitos com base em quase dois anos de salário do ex-capitão do Flamengo, informados pela defesa do atleta, mas a Justiça determinou também que ele pague ao menino 33,4% do benefício de auxílio-reclusão. Parte da dívida – que ultrapassava R$ 500 mil – foi quitada com a venda do sítio em Esmeraldas, na Grande BH, em mais um imbróglio judicial. Cativeiro de Eliza Samudio, segundo a promotoria, o sítio de mais de 32 mil metros quadrados era um bem bloqueado e foi vendido por contrato particular. No papel, a negociação saiu por R$ 280 mil – R$ 20 mil de entrada e o restante a ser pago no momento da obtenção da escritura. Por causa da pendência, o novo comprador acabou obrigado a pagar pouco mais de R$ 200 mil ao filho de Eliza Samudio e Bruno.

A transação e trechos do processo sigiloso sobre a pensão alimentícia constam no processo sobre a morte da ex-amante de Bruno, ao qual o Estado de Minas teve acesso. No Rio de Janeiro, uma decisão provisória da Vara de Família fixou, em agosto de 2010, o pagamento ao garoto de 17,5% sobre os ganhos do jogador. Naquela época, o salário informado foi de R$ 130 mil. Em julho de 2012, a sentença definitiva decretou que Bruno pagasse 17,5% de seus proventos ou 2,5 salários mínimos se estivesse desempregado, além de 33,4% do auxílio-reclusão.

Os cálculos feitos pela reportagem levam em conta apenas o salário no Flamengo e a decisão provisória. Bruno trabalhou fazendo faxina do pavilhão 4, onde está preso, da Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem. Entre julho de 2011 e junho de 2012, ele recebeu três quartos do salário mínimo (R$ 466,50), além de remição da pena (redução de um dia no cumprimento da sentença para cada três dias de trabalho). Desse valor, segundo a Secretaria de Defesa Social, 50% são do preso (R$ 233,25), 25% vão para pecúlio (R$ 116,62), valor que o preso recebe quando cumpre a pena e se desliga do sistema, e 25% para ressarcimento ao estado.

Entre junho e agosto de 2012, Bruno só trabalhou por remição, e há dois meses trabalha na lavanderia. Como o auxílio-reclusão é benefício federal, a secretaria não soube informar se o goleiro recebe essa ajuda.

No fim do ano passado, o novo comprador do sítio tentou lavrar a escritura em cartório, mas foi impedido por causa da indisposição do bem. O advogado dele, Rodrigo Miranda, precisou argumentar em ofício juntado ao processo no Rio de Janeiro que o contrato já havia sido assinado por Bruno, a ex-mulher dele, Dayanne de Souza, e os novos compradores. O juízo, então, entendeu que o novo proprietário deveria repassar parte do valor da compra como forma de abater a dívida da pensão alimentícia. A quantia paga a Bruninho foi de R$ 200 mil. Como o pagamento cobriu apenas parte da dívida, o processo continua ativo, segundo a advogada de Sônia Moura, mãe de Eliza, Maria Lúcia Borges. Ela não revela os valores, por se tratar de processo envolvendo menor de idade e segredo de Justiça, mas informou que pediu o bloqueio de bens – o sítio e um apartamento no Rio.

“Um dia ele vai ter que pagar. Isso está sacramentado”, ressalta. Mesmo sem o dinheiro de Bruno, a advogada garante que todas as necessidades do menino são supridas graças à família de Sônia. “Foi preciso um meio coercitivo para conseguirmos algo. Não fosse isso, ele (Bruno) teria dado fim a tudo”, disse. O Flamengo nunca teve qualquer participação na subsistência do garoto.

Defesa

“Sei dessas determinações, mas acho que não há advogado cuidando disso. Bruno nunca comentou comigo sobre pensão alimentícia, e vamos resolver isso depois. Se o cara não ganha nada, não paga nada: 17,5% de zero é zero”, afirma o advogado do goleiro, Lúcio Adolfo.

Menino recebe apoio psicológico

O futuro de Bruninho, que completou 3 anos em 10 de fevereiro, é uma das grandes interrogações do caso. Pelo menos uma vez por semana ele e a avó materna, Sônia Moura, vão à terapia. A advogada Maria Lúcia Borges conta que o menino apresenta comportamento com sinais de agressividade. Ele foi encaminhado a psicólogas especializadas no atendimento a crianças que passam por traumas, porque a avó começou a observar que o neto tem insônia e acorda à noite chorando, assustado. “ É uma criança muito alegre e inteligente e tem vida normal”, afirma a Maria Lúcia. “Sônia também procurou ajuda. Daqui a pouco o menino vai querer explicações do que está ocorrendo e ela não conseguirá contar o que se passou com a mãe dele e o porque de o pai estar preso”, diz a advogada. Em casa, o desafio da avó agora é evitar que o neto veja televisão. Mantê-la desligada ou mudar de canal constantemente se tornou parte da rotina.

A mãe de Eliza é acompanhada por psicólogos e psiquiatras para enfrentar o júri de Bruno na semana que vem. Ela toma calmantes e deve chegar a BH no domingo. Segundo a advogada, o futuro do neto é a grande questão para a avó: “Ela me diz sempre que quer apenas que ele seja uma criança alegre, livre de qualquer situação de opressão ou estigma, que vá para a escola, brinque com todas as crianças e seja normal”.

Enquanto isso, primo vai depor no júri

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais confirmou ontem que o primo de Bruno e principal testemunha do caso, Jorge Luiz Lisboa Rosa, foi intimado a depor. Ele foi arrolado pela promotoria e será ouvido na qualidade de informante, mas a defesa do goleiro quer questioná-lo também. Se não comparecer segunda-feira, quando começa o julgamento de Bruno e de sua ex-mulher, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, a juíza Marixa Fabiane pode determinar que ele seja conduzido por força policial. Jorge era menor à época do crime e cumpriu medida socioeducativa por envolvimento no caso.

Outro crime

Testemunhas de defesa de um dos quatro réus do processo da comarca de Esmeraldas que apura a morte de Marildo Dias de Moura e Paulo César Ferreira no centro de treinamento do Grupamento de Resposta Especial (GRE), em 2008, foram ouvidas ontem por carta precatória no Fórum Lafayette. Dois réus são Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, e o policial civil Gilson Costa, investigado por envolvimento na morte de Eliza. Eles trabalharam juntos no GRE.

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