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Estado de Minas Enem

Desistir de um sonho? JAMAIS

Como eu fui aprovada em Medicina


10/01/2022 13:32 - atualizado 10/01/2022 17:12

Sabe aquele papo clichê de “eu sempre quis ser médica...”? Então, essa fala sempre se encaixou bem para mim, mas eu neguei isso por um bom tempo. Vou contar aqui o motivo disso e como essa vontade me perseguiu até hoje.
 
Meu nome é Nísia e nasci e cresci numa cidade mineira chamada Boa Esperança. Desde a quinta série do ensino fundamental eu já me sentia encantada pela carreira médica e falava que seria médica. Porém, quando fui me aproximando da fase dos vestibulares, eu comecei a ficar mais relapsa com relação aos estudos e fui percebendo o quanto o pessoal que estudava para ingressar na faculdade de medicina ralava. Com isso, acabei desanimando e comecei a pensar em alguma outra opção. Assim, me mudei para Belo Horizonte para fazer cursinho, estudei por um ano em um pré-vestibular famoso da época e fui fazer as provas. Ainda no período das inscrições eu fiquei muito balançada para tentar medicina, mas sabia que não tinha estudado como era necessário e optei por fazer medicina veterinária. Não me entendam mal, por favor! A veterinária também era muito concorrida, mas a pontuação a ser alcançada era menor e eu pensei que seria possível ser aprovada e assim foi! Era o ano de 2006 e fui aprovada em medicina veterinária na UFMG e foi só alegria! Iniciei o curso e o ciclo básico era muito parecido com o da medicina, o que me deixou bastante confortável. Além disso, o curso era muito rico em vários sentidos, minha turma era ótima e eu acabei acreditando que era aquilo mesmo, que eu tinha feito a escolha certa e segui adiante.
 
No decorrer da graduação, eu vi algumas pessoas trancarem a matrícula para tentarem outros cursos e era comum a medicina ser a motivação dessas pessoas. Eu observava e refletia bastante a respeito da decisão delas, mas não tive coragem de seguir esses mesmos passos. Desse modo, concluí a graduação em 2011 e logo ingressei no programa de residência multiprofissional. Durante dois anos eu convivi muito com um enfermeiro que trabalhou em um hospital de medicina humana e eu ficava encantada com os relatos que ele me dava e pensava que deveria ter corrido atrás do meu sonho, mas também pensava que já era, o tempo tinha passado pra mim, que eu não tinha a menor condição financeira para estudar mais tanto tempo e deixei aquela ideia de lado mais uma vez.
 
Continuei trabalhando, mas não estava feliz e nem confortável na minha carreira e não tinha motivação para buscar especialização na área. Foi então que, em uma festa de aniversário, uma amiga da veterinária começou a contar que tinha decidido estudar para o vestibular de medicina. Meu pai estava perto e me perguntou se eu não tinha vontade de fazer o mesmo. Fiquei muito surpresa com a pergunta e respondi que sim, mas que isso demandaria tempo e dinheiro, coisas que eu não tinha. Então ele disse que me ajudaria no que fosse preciso. Isso foi uma injeção de ânimo absurda pra mim! Meu pai, minha mãe e meu irmão ficaram bastante empolgados e eu comecei a minha saga em busca do meu sonho de ser médica!
 
 
Nísia atendendo em Clínica Veterinária.
(foto: Arquivo Pessoal)
 
Eu não conhecia ninguém nessa fase de pré-vestibular para trocar ideia e busquei as alternativas na internet mesmo. Procurei por um cursinho que fosse próximo de onde eu morava e do meu trabalho e encontrei o Determinante. Era uma instituição com uma proposta diferente, com menos alunos e uma assistência mais personalizada e eu me matriculei. Foi graças a essa proposta diferenciada que eu segui com os estudos, pois eu me sentia extremamente deslocada por não lembrar quase nada do ensino médio e por ser mais velha do que a maioria dos alunos. Levei tempo pra pegar o jeito e no final do segundo ano eu já estava me sentindo capaz. Apesar disso, quando chegava o Enem, a ansiedade tomava conta de mim, porque eu não lidava bem com a proposta da prova, por ser muito extensa e acabei não me saindo tão bem. Enfim, não passei e a cada fracasso era um choro. Graças a Deus eu tive minha família e o professor Renato do Det pra me empurrar dizendo “tente outra vez” e “bora estudar, senoriiita”! E foi assim, foram quatro anos de Enem sem aprovação em nenhuma faculdade federal. Cheguei a ser aprovada na Unifenas e na Ciências Médicas, mas era completamente impossível pagar uma mensalidade tão alta. Fies e Prouni também não eram uma opção, pois o fato de eu já possuir uma graduação inviabilizava essas vias de ingresso. O jeito era o Enem mesmo... Iniciei o quinto ano de cursinho criando motivação graças aos queridos que me incentivavam (família, amigos e o Det) e segui em EaD em meio à pandemia de Covid. Fiz a prova super confiante e acreditei que seria suficiente ao comparar o meu número de acertos com os acertos dos aprovados nos anos anteriores e fiquei tranquila aguardando. Resultado: não deu! A minha nota foi boa, mas as notas de corte subiram e eu fiquei na beiradinha da aprovação. Foi o choro mais doído de todos, uma sensação péssima de fracasso.
 
Depois de tudo isso, eu queria mesmo desistir. Fiquei até abril de 2021 sem estudar. Da mesma maneira de antes, comecei a estudar uma última vez ante os incentivos das mesmas pessoas e, para minha surpresa, em agosto desse ano, a Universidade Federal de Lavras-MG abriu um edital para transferência e obtenção de novo título para vários cursos e, entre eles, estavam lá as 6 vagas de medicina reservadas para obtenção de novo título via nota do Enem! Perdi a cor quando vi aquilo! Tentei e deu certo! Hoje sou caloura de medicina da Ufla! Em alguns momentos eu nem consigo acreditar direito que esse dia chegou, pois o caminho foi muito longo. E chegou! Agradeço imensamente aos meus pais e ao meu irmão pela dedicação e por terem sonhado junto comigo, ao Determinante, ao professor Renato por ter puxado tanto a minha orelha e aos amigos que torceram tanto por mim! Agora o caminho será de muito estudo e será trilhado com muito amor e dedicação, afinal, eu realmente sempre quis ser médica!
 
Comemoração em família
(foto: Arquivo Pessoal)
 

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