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Estado de Minas Redação

É preciso se ligar nesta ideia

A importância da coesão na redação para o Enem


13/11/2020 12:45

“Minha filha estudou bastante neste ano”, disse a mãe da garota a uma vizinha. Naturalmente, a vizinha, assim como você que está lendo este texto, perguntou-se mentalmente: “e eu com isso?”. Se bem que, cá para nós, ao se tratar de vizinhos, sabemos que a curiosidade é imensa, portanto as chances de a moradora da casa ao lado querer a continuidade da informação são grandes. A vizinha ficou calada, mas com olhar de “vamos, continue...”. A mãe continuou: “minha filha estudou bastante, por isso...”. Sem deixar a mãe completar a frase, a vizinha, com o olhar espantado, já disse: “que notícia maravilhosa, enfim, depois de tanto tempo, ela foi aprovada!”. A parte do “depois de tanto tempo” é típica desse pessoal que adora tomar conta da vida dos outros, convenhamos. Porém, um aspecto interessante que precisa ser considerado é que, de fato, a notícia era essa, ou seja, a filha daquela mãe, realmente, tinha sido aprovada. Entretanto, como a vizinha sabia disso, já que ela não havia deixado a orgulhosa mãe completar a frase? Bom, pelo visto, a vizinha fofoqueira entende bem o uso das conjunções.

Para que essa dedução fique mais clara, vamos pensar nessa mesma situação, mas com uma pequena alteração: suponhamos que a mãe tenha proferido a mesma fala, mas com um conectivo diferente. “Minha filha estudou bastante neste ano, porém...”. Percebemos, nessa circunstância, que a curiosa vizinha não iria dar os parabéns a essa mãe, afinal a continuação da frase não seria feita por meio de uma boa notícia.

Observamos isso, uma vez que, normalmente, quem estuda bastante tem como resultado a aprovação. Não obstante, existem fatores que extrapolam o “estudar”, há, por exemplo, o aspecto psicológico – grande inimigo de muitos alunos. Esse fator, representado em muitos casos pela ansiedade, atrapalha o desempenho do estudante e, mesmo este tendo estudado vigorosamente, acaba não conseguindo a tão sonhada aprovação. Isso indica que o uso do “porém” marcaria, na fala da mãe, uma ideia oposta àquela que se tem a respeito de alguém que estuda muito.

“Minha filha estudou bastante neste ano, por isso...”: o uso de uma conjunção conclusiva demonstra que a informação será, ou deveria ser pela lógica, convergente àquilo que se espera de quem estuda muito. Então, é totalmente legítimo pensar que,  após o “por isso”,  haverá uma informação positiva. “Minha filha estudou bastante neste ano, porém...”: o uso da conjunção adversativa revela que a informação será, ou deveria ser pela lógica, divergente daquilo que se espera de quem estuda muito. Nessa perspectiva, notamos como o uso das conjunções facilita a comunicação. Repare que quem fala, por intermédio do uso da conjunção, já adianta uma informação, fazendo com que o processo de entendimento seja mais rápido. Quando pensamos no texto escrito, na redação, isso se torna ainda mais importante.

No ENEM, os corretores precisam corrigir 100 redações todos os dias. Esse processo é muito trabalhoso e, assim, quanto mais fácil for a leitura, menos complexo será esse trabalho e, claro, maior vai ser o crédito que eles darão à sua redação. Logo, é essencial que o candidato domine a utilização de conectivos na redação, pois, desse modo, ele terá maiores possibilidades de obter uma excelente nota. Além disso, é preciso salientar que, no ENEM, há uma competência específica que avalia o emprego das conjunções na redação. A competência 4 é responsável por verificar se o aluno usa de forma coerente os elementos coesivos (imagine a incoerência de uma construção com esta formatação: “Maria estudou muito, PORÉM ela foi aprovada), se ele diversifica esse uso, se ele domina os diferentes tipos de coesão que existem. Para que haja uma ideia mais ampla a respeito dessa cobrança feita pelo ENEM, veja o que o material divulgado pelo INEP neste ano trouxe:

(...) a coesão atua na superfície textual, isto é, ela se manifesta por meio de marcas linguísticas que ajudam a chegar à compreensão profunda do texto: 

[...] por coesão se entende a ligação, a relação, os nexos que se estabelecem entre os elementos que constituem a superfície textual. Ao contrário da coerência, que é subjacente, a coesão é explicitamente revelada através de marcas linguísticas, índices formais na estrutura da sequência linguística e superficial do texto, o que lhe dá um caráter linear, uma vez que se manifesta na organização sequencial do texto (KOCH e TRAVAGLIA, 2013, p. 47). 

Ingedore Koch acrescenta que “coesão é o modo como os elementos linguísticos presentes na superfície textual se encontram interligados, por meio de recursos também linguísticos, formando sequências veiculadoras de sentido” (KOCH, 1999, p. 35).

(Material disponível no site: https://inep.gov.br/web/guest/enem-outros-documentos)

Nota-se, assim, como é primordial valorizar os elementos que ligam as ideias. Nessa conjuntura, imaginamos que você tenha se convencido sobre a necessidade de se fazerem as relações adequadas, todavia você pode estar se perguntando: “mas quais são esses operadores coesivos tão falados neste texto?”. Para facilitar sua vida, ainda no material divulgado pelo INEP, encontramos o seguinte quadro:

(Material disponível no site: https://inep.gov.br/web/guest/enem-outros-documentos)

É importante salientar que esse quadro não esgota as possibilidades de elementos coesivos, mas, com certeza, ajuda bastante o estudante. Portanto, a partir de agora, tenha consciência de que costurar as ideias faz parte do sucesso do seu texto, pense o quanto é preciso se ligar nessas dicas para que a conquista da sua vaga seja efetivada. Ah, cuide do seu psicológico também, procure ajuda caso julgue necessário, porque, muitas vezes, nós embaralhamos as nossas próprias ideias, e um profissional capacitado pode nos ajudar a ligá-las novamente. 

Felipe Alves e Viviane Faria. Os professores Vivi e Felipe lecionam no Determinante pré-vestibular e no curso preparatório Dois pontos: linguagens e matemática.

@felipealves.professor
@professoravivifaria

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