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Estado de Minas Det na Estrada

Conheça oportunidades e caminhos para quem quer estudar Direito

O estudante Henrique Bazan explica como foi sua trajetória rumo ao ensino superior.


21/10/2020 12:58 - atualizado 22/10/2020 08:44

Se compartilhar histórias serve de força e acalento de que não estamos sozinhos em uma caminhada, quem sabe meu relato sobre a jornada do colégio à universidade possa ser boa leitura a quem está nesse percurso.

Meu nome é Henrique Almeida Bazan e tenho 23 anos. Hoje escrevo para compartilhar um pouco da montanha russa de emoções que é a jornada do jovem em formação. Estou no 5º período da graduação em Direito na UFMG, mas antes de chegar até aqui, trilhei caminhos que à época não compreendia e que hoje percebo que foram fundamentais para moldar quem hoje sou. 

Fiz todo o ensino fundamental e médio no Colégio Loyola, de Belo Horizonte. Ainda que tenha estudado 13 anos na mesma escola, pude vivenciar as mais variadas experiências. Desde os 8 anos me interesso por projetos que envolvem liderança. Esse entusiasmo me motivou a ser representante de turma em vários anos -e bem gostava daquela responsabilidade que pensava ser a maior do mundo-, a participar de projetos de assistência social que o colégio oferecia e de encontros entre jovens de toda a província jesuíta do Brasil. Sempre busquei tais oportunidades? Sim. Mas hoje tenho consciência do grande privilégio que significa ter estudado em uma escola que valoriza uma educação de qualidade e centrada no desenvolvimento das diversas potencialidades do aluno. 

No terceiro ano do ensino médio passei pela primeira grande descida na montanha russa da vida. Aquelas que embrulham o estômago e até nos fazem querer desamarrar os cintos e sair do carrinho correndo: a escolha do curso superior. Nessa fase somos uma explosão de sentimentos, pois queremos festejar o fim colégio ao mesmo tempo que lamentamos o rompimento do convívio diário com amigos. Queremos fazer várias faculdades e cursos embora mal saibamos nossas predileções e preferências. E é justamente no momento de maior incerteza, mudanças e inseguranças que tomamos uma das decisões mais importantes de nossas vidas, nossa carreira. 

A princípio minha escolha foi Administração Pública na Fundação João Pinheiro. O maior problema era ser admitido na Fundação, pois ainda hoje a taxa de aprovação é baixa. A escola de governo, como é chamada, é um concurso público no qual o jovem recebe uma bolsa enquanto ali estuda e, ao fim de seu curso, trabalha para o governo de Minas Gerais. Os motivos de minha escolha? O pensamento de que trabalhar com gestão pública seria uma forma de contribuir para o desenvolvimento social do país e o benefício de certamente ser contratado depois de formado, o que, à época, era importante no mar de incertezas que vivia. Além disso, também decidi que independente do curso que escolhesse ele deveria ser em uma universidade pública.

A primeira fase da Fundação João Pinheiro, em 2016, usava nota do ENEM. Estudei no Determinante Pré-vestibular durante todo o mês de dezembro e janeiro com o amparo de um professor amigo que todos que passam por ali conhecem, o Renato Ribeiro. Durante esses dois meses de estudos não sabia nem se passaria para a segunda etapa pois o resultado saia e após 15 dias já acontecia a segunda fase. Felizmente passei para essa próxima fase, porém com uma nota que praticamente só seria aprovado no vestibular se gabaritasse a prova. E isso quase aconteceu. 

Na segunda etapa fiz provas de história e matemática, disciplinas que gosto até hoje. Gabaritei história. Um erro simples fez com que eu errasse uma questão de matemática. Até hoje lembro da questão errada. O raciocínio estava totalmente certo e, apesar do recurso que apresentei na época, não conquistei a vaga. 

Para aproveitar a metáfora da montanha-russa, nessa época, me senti como se estivesse na segunda subida. Bem lá no topo. E o carrinho tivesse parado. Não sabia para onde ia, não sabia qual seria o próximo passo e de onde estava via diversas possibilidades mas no momento era como se eu estivesse travado. 

No ano seguinte já estava um pouco mais maduro, porém ainda cheio de dúvidas aos 18 anos (spoiler, até os 23 ainda não cessaram tais dúvidas). Lembro que nunca tinha convivido com tantas pessoas novas de uma só vez como no cursinho e, ainda, pessoas muito diferentes da bolha social que eu vivia. Por ter sido tão bem acolhido e pela excelência educacional do Determinante, decidi continuar minha preparação para o vestibular na instituição. O cursinho tem proposta diferente ao resto do mercado com tratamento individualizado ao aluno, com salas bem menores do que as praticadas por concorrentes. O ambiente intimista e amigo foi essencial para que o difícil ano de pré-vestibular fosse menos penoso e mais motivador.
Festa junina do Determinante em 2017(foto: Arquivo Pessoal)
Festa junina do Determinante em 2017 (foto: Arquivo Pessoal)

Com o passar do ano de 2016 fui flertando mais com a opção pelo curso de Direito, que sempre foi uma opção. Lembro que já não via a garantia da Fundação João Pinheiro com bons olhos e pensava que o Direito abriria mais portas e tinha mais oportunidades.

Durante todo o ano estudei muito, sacrifiquei finais de semana e fiz tudo como é sugerido quanto a dedicação. Foi um ano desgastante, de grande desenvolvimento pessoal (que na época eu não percebia) no qual cheguei a certos extremos quanto a desejo, dedicação e, no fim dele, frustração. Chegou o momento do ENEM, fiz uma ótima prova, exceto pela redação e quem faz a prova sabe que a nota nela deve ser alta. Ao final, considerando a nota de corte do ano anterior, eu passaria no curso e Universidade que queria. Mas ainda assim tinha medo de que a nota de corte subisse muito e eu não fosse chamado. 

Mesmo com boas chance de ser aprovado, resolvi continuar estudando para que, na pior das hipóteses, eu me preparasse para tentar novamente no próximo ano. E a pior das hipóteses aconteceu. Em 2017 a nota necessária para aprovação em Direito na UFMG foi bem maior do que no ano anterior e não fui aprovado, mesmo após tanto sacrifício, dedicação e esforço. 

O ano de 2017 foi um pouco diferente, pois optei por fazer salinha de redação e matemática, comprei o pacote de aulas online do Percurso Pré-vestibular e estudei bastante sozinho em casa. No fim do ano, enfim, passei em Direito na UFMG, onde estudo hoje (com orgulho, confesso). 

A Faculdade de Direito da UFMG é passível de várias críticas, entretanto, para mim, quando se estuda na FDCE, todo um mundo novo se abre. Na Universidade conheci pessoas que me ensinaram -e ensinam cotidianamente- novas formas de pensar e vivências que nunca tinha imaginado. Apesar do impacto inicial, hoje percebo que o contraste de perfis e interesses são essenciais para que diariamente eu entenda mais sobre empatia, identidade e desigualdade. 

Além do ambiente rico em diversidade, a Faculdade possui (não todos, claro) professores de alta qualidade que inspiram alunos e nos fazem acreditar que nossa escolha foi certa. Os grupos de estudos sobre inúmeras áreas do direito, congressos e eventos acadêmicos semanais, festas esporádicas e a autonomia que a Universidade proporciona ao aluno são as principais colunas que sustentam o ambiente de aprendizado e formação de profissionais de qualidade que enxergo na UFMG.

Falando um pouco sobre a caminhada que trilho na Universidade, atualmente aprofundo meus estudos na área de Direito Eleitoral. Estimulado por uma competição organizada pela Milton Campos, comecei meus estudos em eleitoral e, ali, vislumbrei certa proximidade com a política que almejava quando pensava em estudar na João Pinheiro. Tenho a enorme felicidade de ter sido vice-campeão desta competição e campeão da Olimpíada Cearense de Direito Eleitoral. 
Fotos na competição da Milton Campos e do Ceará(foto: Arquivo Pessoal)
Fotos na competição da Milton Campos e do Ceará (foto: Arquivo Pessoal)

Além disso, na faculdade busquei me envolver com projetos que façam minha jornada ainda mais recompensadora e que retribuam um pouco do tanto que ali recebo. Com isso, fui parte do Centro Acadêmico Afonso Pena (CAAP) enquanto tesoureiro, experiência extremamente desafiadora e que guardo com carinho, afinal, representar mais de 2.000 alunos de Direito e administrar um curso de idiomas que possui 15 funcionários não é tarefa fácil. Além disso, sou monitor de Direito Constitucional, algo que começou recente mas que lido com bastante cuidado, já que auxilio no acontecer da disciplina. 
Henrique e colega fazendo campanha para as eleições do CAAP na Faculdade de Direito da UFMG(foto: Arquivo Pessoal)
Henrique e colega fazendo campanha para as eleições do CAAP na Faculdade de Direito da UFMG (foto: Arquivo Pessoal)

Falando sobre meu futuro, sigo com dúvidas em torno da famosa pergunta “O que você quer ser quando crescer?”. Entretanto, ao longo da caminhada passei a encarar essa pergunta de forma diferente. Sei que ainda sou muito novo e a vida é grande, mas considero que o processo que me trouxe até aqui já me fez crescer. As subidas e descidas, as paradas, acelerações e freadas que tive que dar não foram sempre planejadas. Para ser bem sincero, não sou o maior fã de montanhas-russas, mas sei que quando saímos de uma que tem muitas surpresas e frio na barriga, logo queremos contar a história para as pessoas que mais importam -e, especialmente, para as que nos deram coragem para embarcar na aventura.

Hoje tenho alguns planos para o meu futuro profissional que envolvem exercer a carreira jurídica, especialmente dentro do Direito Eleitoral. Tive a oportunidade de fazer um estágio de curta duração na Câmara dos Deputados, o que despertou um interesse nutrido há anos -mas um pouco esquecido nos último tempos- de me engajar na política brasileira, sendo também mais uma possibilidade e interesse em meu horizonte.
Foto do período que Henrique esteve em Brasília(foto: Arquivo Pessoal)
Foto do período que Henrique esteve em Brasília (foto: Arquivo Pessoal)

Pode parecer, a quem lê, que minha trajetória está sendo cheia de vitórias e que estou com futuro feito, mas, claro, não mencionei diversas dificuldades e dúvidas cotidianas que fazem parte do caminho. Por vezes me sinto insatisfeito com algumas disciplinas da faculdade, tenho dificuldades no estágio que faço, frustrações em competições de eleitoral (sim, perdi algumas), pandemia caótica e questões familiares. Mas essas são todas dificuldades que me fazem valorizar ainda mais as conquistas. A montanha russa permanece em curso. 

Henrique Almeida Bazan - graduando em Direito na UFMG.  

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