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Estado de Minas Português

É claro que gramática cai no Enem

Os professores Vivi e Felipe explicam como a gramática é cobrada no exame


02/10/2020 14:39 - atualizado 02/10/2020 14:46

É com muita frequência, bem mais do que nós gostaríamos inclusive, que escutamos: “professor, para que estudar gramática se o ENEM não cobra isso?”. O frio na barriga aparece na hora, e a vontade de chorar também. Porém, como aprendemos a lidar com isso ao longo da nossa experiência, nós, professores, já temos a resposta na ponta da língua. Mais do que isso, temos os argumentos bem fundamentados para mostrar aos alunos que estudar gramática é essencial para o sucesso no ENEM.

Nós entendemos essa dúvida surgir, pois criou-se uma concepção inadequada a respeito das questões de múltipla escolha do Exame Nacional do Ensino Médio, ou seja, a respeito da prova de Linguagens. Realmente, ao analisarmos as questões presentes nos últimos anos, a quantidade de itens que cobram a aplicação efetiva, digamos assim, da gramática é baixa. Não é inexistente, mas é baixa. No entanto, é importante ressaltar que o conhecimento das regras gramaticais auxilia bastante, por exemplo, a interpretação de texto. Um caso famoso, mas que muitos não dominam, relaciona-se ao uso das vírgulas em orações adjetivas. A presença ou a ausência delas, em casos como esse, pode mudar totalmente o sentido de uma construção. E, nesse contexto, ninguém pode negar que o número de questões de interpretação de texto é considerável nessa prova, não é verdade?

Além de o aluno ter a obrigação de entender que o conhecimento gramatical tem a capacidade de ajudá-lo a resolver as questões fechadas da prova de linguagens e, assim, obter a chance de aumentar sua nota nessa prova, ele precisa ter consciência de que existe uma COMPETÊNCIA na REDAÇÃO responsável por avaliar justamente aquilo que ele fala não ser necessário estudar, isto é, as normas gramaticais. A avaliação nesse quesito é impiedosa. Na verdade, em todas as competências, mas nós, professores de português, temos sim um carinho especial por esse critério avaliativo. É possível afirmar isso, já que, infelizmente, faz parte do nosso cotidiano ver que muitos alunos menosprezam a gramática e, quando uma prova tão importante quanto a prova de REDAÇÃO dedica DUZENTOS pontos às famigeradas regras, conseguimos quantificar para os estudantes o quão valioso é dominá-las. 

Nessa perspectiva, primeiramente, o aluno precisa compreender que “manda quem pode e obedece quem tem juízo”. Como assim? Ora, a gramática normativa é caracterizada por conter regras, o ENEM dedica uma competência que vale DUZENTOS pontos para avaliar a aplicação dessas normas, portanto o ENEM manda, e o candidato que almeja uma excelente nota na redação obedece. Assim, é preciso conhecer as regras de concordância, as regências dos verbos e dos nomes, a crase, o uso das vírgulas (um professor da faculdade de Letras da UFMG falava sempre para os alunos: “vocês acham que vírgulas vêm em um saleiro em que vocês podem ir jogando e onde cair é isso mesmo?”), as normas de acentuação das palavras, as conjugação dos verbos, a ortografia, enfim, o estudo da gramática. Em segundo lugar, o estudante precisa ter em mente que uma falha gramatical pode comprometer o próprio argumento exposto no texto. Nesse caso, o estrago torna-se ainda maior. Não raro, presenciamos a inadequação do uso dos pronomes demonstrativos. Se o aluno não consegue retomar com o pronome adequado determinado elemento da redação, naturalmente isso interferirá na compreensão da ideia e, dessa forma, a argumentação ficará comprometida. Sobre isso, inclusive, o material liberado este ano pelo INEP traz a seguinte informação:

“A primeira competência da Matriz de Referência do Enem avalia o domínio que os participantes desse exame apresentam em seus textos quanto à modalidade escrita formal da Língua Portuguesa. Essa avaliação é pautada pelo que dispõe a norma-padrão e deve levar em consideração que o domínio dessa norma está estratificado em níveis que contemplam tanto o léxico e a gramática quanto a fluidez da leitura, a qual pode ser prejudicada ou valorizada por uma construção sintática ruim ou boa.” (Material disponível no site: https://inep.gov.br/web/guest/enem-outros-documentos)

Nesse sentido, reitera-se a importância de se estudar gramática, no mínimo, como se estuda qualquer outro conteúdo como química, física, biologia. Para se alcançarem notas acima de 900 pontos, obter o nível 5 dessa competência torna-se um grande aliado. Talvez, você esteja se perguntando: o que é o nível 5? A Competência 1 é dividida em 6 níveis, e o candidato recebe sua nota de acordo com o nível que ele apresenta na sua redação. A tabela a seguir, também retirada do material do INEP, demonstra isso bem:
(Material disponível no site: https://inep.gov.br/web/guest/enem-outros-documentos)
(Material disponível no site: https://inep.gov.br/web/guest/enem-outros-documentos)

É preciso ressaltar que o nível 5, isto é, o nível mais alto, o que garante os 200 pontos do candidato apresenta a possibilidade de o aluno cometer desvios de modo excepcional. Com o objetivo de deixar tudo às claras, é necessário ter em mente que essa “excepcionalidade” significa DOIS erros durante todo o texto. Se o aluno, por exemplo, erra um acento e uma concordância, ele garantirá 200 pontos na Competência 1. Entretanto, se o candidato erra um acento, uma concordância e uma crase, ele fica impossibilitado de conseguir a nota máxima, ou seja, devido ao terceiro erro, ele perde 40 pontos na redação. Sejamos francos, é muito ponto perdido, não é verdade? 

Portanto, quem aspira a uma vaga na universidade dos sonhos, quem almeja frequentar o curso que sempre sonhou precisa mandar muito bem na redação. Essa tarefa, que fique bem claro, não é tão fácil como muitos acreditam ser. É totalmente possível ir bem na Redação? Sim! Todavia, para isso, é fundamental mostrar para os corretores que a matéria em que eles se formaram foi valorizada pelo candidato. Isso significa que fazer uma boa redação é mostrar para esses profissionais de Letras que você estudou, que você levou a sério o curso a que eles se dedicaram. Isso, obviamente, está atrelado ao respeito às normas gramaticais, logo estude gramática porque é claro que ela cai no ENEM.

Felipe Alves - @felipealves.professor
Viviane Faria - @professoravivifaria

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