
Os avaliadores do Enem são contratados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), sob a supervisão do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Com quase um mês de atraso, os profissionais seguem sem retorno da instituição, após insistentes tentativas de contato por e-mail e telefone. Há relatos de atrasos no pagamento de avaliadores não apenas de Minas Gerais, mas em todo país.
Segundo uma das corretoras ouvidas pelo Estado de Minas, a instituição chegou a responder um de seus e-mails de cobrança dizendo que não tem prazo para quitar o pagamento dos avaliadores. "Ano passado também houve atraso. Mas essa é a primeira vez que a gente fica sem retorno nenhum", relatou.
Os profissionais pediram para não ser identificados devido a um termo de sigilo que assinam ao serem contratados. Apesar disso, alguns deles foram às redes sociais cobrar um posicionamento, em uma tentativa de conseguir alguma resposta da FGV.
A reportagem procurou a Fundação Getúlio Vargas e o Inep, e aguarda um posicionamento.
Medo de calote
Os avaliadores denunciam, ainda, recorrentes atrasos desde que a FGV assumiu a correção das provas, há quatro anos. "Antes costumávamos receber perto do carnaval. Depois, com a FGV, as coisas começaram a atrasar. Não teve um ano sequer que recebemos em dia", comenta uma das fontes ouvidas, que chegou a corrigir 2 mil redações do Enem 2022.
"Esse atraso está se tornando tradição, pois na edição anterior aconteceu a mesma situação e não houve nenhum tipo de atualização do valor com o atraso", publicou um corretor em um site brasileiro de reclamações contra empresas. Ao todo, mais de 2,4 milhões de participantes compareceram ao primeiro dia de provas do Enem 2022, quando foi aplicada a tão temida redação.
Preocupados, os corretores temem tomar um calote já que a instituição teria perdido a concessão, e não será responsável pela aplicação e correção das provas do Enem 2023. "Não sabemos se eles [FGV] estão preocupados em pagar essas pessoas. É para entrar em contato via e-mail, mas ninguém responde. Estamos desesperados", afirmou.
Todos os profissionais contratados para corrigir a redação do Enem são graduados no curso de Letras. Para fazer a correção, eles têm uma meta mínima de 100 redações por dia, número que pode chegar até 200 dependendo do desempenho do corretor.
"É um trabalho exaustivo e diário, incluindo final de semana. Os supervisores ficam em cima para cumprirmos a meta", contou um corretor à reportagem.
