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Estado de Minas Especial Educação

Terreno fértil para a formação


27/10/2019 04:00 - atualizado 28/08/2020 18:09

Os alunos do 1º período do Colégio Santa Maria pintaram 431 garrafas PET e montaram um carro de Fórmula-1 dentro da sala(foto: Colégio Santa Maria/divulgação)
Os alunos do 1º período do Colégio Santa Maria pintaram 431 garrafas PET e montaram um carro de Fórmula-1 dentro da sala (foto: Colégio Santa Maria/divulgação)


Um carro de Fórmula-1 montado dentro da sala, um cavalo gigante e um berimbau. O que têm em comum? Todos foram feitos por crianças de apenas 4 aninhos que puseram a mão na massa para construir, com material reciclável, os objetos de uma exposição sobre saúde e esporte de um colégio na Região Noroeste de Belo Horizonte. Esse é um exemplo de como as questões ambientais se tornaram premissa na sala de aula, desde o ensino infantil. Educadores apostam nessa idade em que o terreno é fértil para novas informações para formar, desde já, cidadãos comprometidos e preocupados com o planeta.
 
A exposição foi toda montada com material reciclável. Os alunos do 1º período pintaram 431 garrafas PET e montaram o carro dentro da sala. Para falar de hipismo, foi feito cavalo com caixas de sapato. Já a turminha do 2º período usou jornal e tampinha de garrafa plástica para fazer um berimbau. No Colégio Santa Maria, o tema meio ambiente permeia os projetos desenvolvidos ao longo de todo o ano. “As crianças da educação infantil aprendem pelo sentido. Elas experimentam, vivenciam, o que abre enorme possibilidade de trabalhar habilidades socioemocionais. A natureza e o meio ambiente servem não só para entenderem e se conscientizarem, mas para pôr em prática todos os conceitos”, afirma a coordenadora da educação infantil e do 1º ano do nível fundamental da unidade Coração Eucarístico, Adriana Dorna.

CONSTRUIR JUNTOS Na semana das crianças, a brincadeira envolveu papais e mamães em torno da construção de brinquedos com materiais reutilizáveis. Em datas comemorativas, este é o método: construir, juntos com os pais ou os professores, brinquedos que poderão ser usados enquanto tiverem vida útil. O jogo da memória feito com papel de caixa de papelão, por exemplo, é o xodó das turminhas e foi parar na brinquedoteca da escola. “Isso é importante para perceberem que é possível reutilizar e que isso traz benefício grande para a natureza”, ressalta a coordenadora.
 
A família, aliás, é chamada o tempo todo para ter junto essa formação. Na rotina, os pequenos aprendem conceitos que levarão para o resto da vida, seja a noção do desperdício na hora do lanche e a valorização do alimento, seja a importância do cuidado com o jardim. Temas da atualidade, como as queimadas na Amazônia, também são tratados, respeitando a linguagem adequada para a idade.
Há 31 anos na coordenação, Adriana Dorna fala da evolução ao longo das décadas. “Antigamente se falava sobre meio ambiente, sempre trabalhei neste sentido, mas não com uma intencionalidade tão grande. Não havia retorno e essa questão da visão do todo (planeta, país). Até porque não tinha redes sociais, que se bem aproveitadas são muito favoráveis a esse trabalho”, relata. Se antes era unilateral, do colégio para as famílias, hoje é via de mão dupla. “A intencionalidade está presente em todos os campos, fora os recursos disponíveis atualmente para tornar tudo isso mais vivo, mais próximo e concreto.” 
 
 
Fiscais da natureza
 
A sustentabilidade é um valor e, por isso, passa de maneira transdisciplinar por todos os conteúdos. Essa é a visão do Colégio Santo Agostinho, que tem consolidado o Grupo de Trabalho, Envolvimento e Iniciativa Ambiental (Geteia) para cuidar do tema. Com os pequeninos a partir dos 3 anos de idade, a estratégia é levar situações do cotidiano para eles analisarem, tentando resolver problemas e os fazendo entender o meio em que estão, de forma lúdica e prática.
 
E a consequência supera as expectativas, à medida que os ensinamentos em sala de aula ultrapassam os muros da escola para chegar até em casa. “O adulto escuta a criança. Quando ela fala sobre um assunto como esse, serve de exemplo. Os pais relatam o cuidado que têm em casa com o tempo de banho e o que fazer com a água. As crianças se tornam uma espécie de fiscais em casa”, conta o professor de geografia e integrante do Geteia Saulo Soares, da unidade Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
 
E, por isso, o termo “teia” não é à toa. Tem a ver com conectividade. “Os meninos passam a ser multiplicadores disso, enquanto um valor, e passam, além de atuar na escola, a ter posicionamento crítico em relação ao meio ambiente e com um olhar diferente nas práticas”, diz Soares. E não adianta só discutir. Eles exigem pôr em prática. Qualquer resíduo em sala de aula, por exemplo, é destinado à coleta seletiva.
 
Dois pontos nas portarias do colégio têm sacolas ecológicas para o depósito de materiais que podem ser trazidos também de casa. As lixeiras são mais um estímulo à separação dos materiais, que são recolhidos por uma cooperativa de catadores de Nova Lima. “É esse o valor da sustentabilidade. Não é legal falar sobre isso e não dar opção. Tem que mostrar e vivenciar para eles entenderem seu papel na sociedade.” (JO) 


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