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Estado de Minas

Com cortes na Educação, estudantes fazem vaquinha para pagar excursão acadêmica

Disciplina obrigatória no currículo prevê viagem de 10 dias à Bahia para trabalho de campo


postado em 01/10/2019 09:30 / atualizado em 01/10/2019 09:48

Reitoria da UFOP, em Ouro Preto(foto: Wikipedia)
Reitoria da UFOP, em Ouro Preto (foto: Wikipedia)

Alunos do curso de engenharia geológica da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) organizaram uma vaquinha online com objetivo de arrecadar fundos para custear os gastos com uma matéria de campo da turma do 6º período. A disciplina, obrigatória na grade curricular, exige uma viagem de 10 dias para a Chapada Diamantina (BA), e alguns alunos estariam com dificuldade de arcar com os custos.

Este é o primeiro semestre em que os estudantes não contam com o financiamento oferecido pela universidade por causa do corte de verbas na educação. Nessa segunda-feira, o ministro Abraham Weintraub anunciou o desbloqueio de R$ 1,990 bilhão para a área.

A viagem está prevista para os dias 07 a 17 de outubro. Para conseguir bancar os gastos com alimentação e hospedagem, a turma de 27 alunos, da disciplina Técnicas de Levantamento Estratigráfico (TLE), precisa arrecadar R$ 12.150,00. Até o fechamento desta reportagem, eles tinham conseguido apenas R$ 1050.

Para  Henrique Assis, um dos organizadores do evento, a situação está difícil. “Ninguém tem esse dinheiro para fazer a viagem. São 10 dias na Bahia”, comenta.  O estudante disse que recorrer à doação online foi a forma de tentar conseguir viabilizar o aprendizado para todos.

Na descrição do evento, os estudantes justificam a escolha do parque estadual, no interior do estado baiano: “A área de estudo é uma singularidade geológica com grande facilidade didática para compreensão dos conceitos estratigráficos e sedimentares da região”, apontam. E ainda destacam a importância da viagem para o aprendizado acadêmico. “Será desenvolvido nosso primeiro trabalho de campo, com relatório e defesa oral do curso, essencial para o desenvolvimento do pensamento geológico e formação de nível superior na área”, defendem.

Malena da Cruz Cunha, do 7º período do curso, participou da viagem no semestre passado, quando ainda era custeada pela universidade. Segundo ela, mesmo com o apoio financeiro, os estudantes ainda precisam arcar com parte dos gastos. “A bolsa era de R$ 400, e os custos, no total, ficaram em mais de R$ 800. Agora, sem ajuda, fica praticamente impossível”, conta. Ela defende a importância do aprendizado prático com uma comparação. “Não fazer esta disciplina é como um estudante de medicina ir pra uma aula de anatomia e não ter o corpo”, diz a universitária.

Em nota, A UFOP confirmou o corte de verbas para as excursões acadêmicas e justificou. “Com o bloqueio orçamentário, a UFOP tem definido prioridades de forma que as atividades acadêmicas sejam mantidas ao máximo”, informou. Disse ainda que a ajuda de custo que antes era “ofertada a todos os estudantes”, passou a ser disponibilizada somente aos que se enquadram em  “situação de vulnerabilidade socioeconômica”. No entanto, a situação poderá ser “reavaliada”, em função do  desbloqueio anunciado pelo Ministério da Educação.

* Estagiária sob supervisão do editor Benny Cohen


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