o agricultor Moacir Batista do Nascimento Filho

O produtor Moacir Batista do Nascimento Filho, em sua plantação em Catas Altas da Noruega

Moacir Batista do Nascimento Filho/Divulgação

Azeite mineiro produzido com técnica e dedicação, dono de um sabor que o leva, com suavidade, aos pratos salgados e doces, pronto para fazer história nas Gerais. Na altitude de 900 metros, em Catas Altas da Noruega, na Região Central de Minas, o casal Moacir Batista do Nascimento Filho e Maria de Lourdes Lenna Nascimento cuida dos pomares de oliveira que resultaram, a partir de 2017, no azeite extravirgem Olivais de Catas Altas da Noruega. Sucesso líquido e certo: “Nossa meta é chegar a mil litros na próxima safra, quantidade ainda não obtida nas anteriores”, conta Moacir, engenheiro florestal de 70 anos, hoje totalmente dedicado aos negócios na Estância do Pinheiro, localizada a cinco quilômetros da sede do município.

Adquirida em 2008, a propriedade teve o início do plantio das mudas dois anos mais tarde, conta Moacir, paranaense que estudou no Rio Grande do Sul e se mudou para Minas há mais de quatro décadas. Para começar, ele se espelhou na boa performance das oliveiras em Maria da Fé, no Sul mineiro, após as pesquisas desenvolvidas na região. Depois da primeira floração (2016), a área plantada com oliveiras na Estância do Pinheiro foi ampliada, chegando hoje a 9,5 hectares, correspondente a cerca de 3 mil árvores.

“Estamos ano final da floração, que vai de agosto a setembro. Já a maturação dos frutos (azeitonas) ocorre em fevereiro e março do ano seguinte, quando eles são colhidos para a extração do puro azeite extravirgem de baixa acidez”, explica Moacir, um apaixonado pela cultura milenar presente nos países banhados pelo Mar Mediterrâneo.
plantação de oliveiras no sul de minas

Fazenda em Maria da Fé ampliou plantação, que hoje conta com cerca de 3 mil árvores

Moacir Batista do Nascimento Filho/Divulgação

O projeto na Estância do Pinheiro prevê a produção de 10 quilos de frutos por planta, o suficiente para se obter um litro de azeite. “Todo o manejo dos pomares considera e aplica técnicas de conservação dos solos, da água e da vegetação nativa, mediante o uso de produtos específicos para a cultura. Fazemos a extração sem uso de qualquer química. O azeite é um verdadeiro suco de azeitona, fresco e saboroso”, descreve o engenheiro florestal, que também preside a Associação dos Olivicultores dos Contrafortes da Mantiqueira (Assoolive), criada em 2009 e reunindo 36 municípios, com pequenos e médios agricultores mineiros e de São Paulo.

Pioneirismo no cultivo

Em Minas ocorreu a primeira extração genuinamente brasileira de azeite extravirgem, informa Moacir. O pioneirismo se deu no início de 2008, em Maria da Fé, graças ao trabalho da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e à criação de um banco genético. Mais de uma década depois, o mercado de azeites nacionais cresce cada vez mais, sobretudo no Sul de Minas, onde se encontram instaladas diversas agroindústrias de azeite e cerca de 200 produtores, com mais de 3 mil hectares de oliveiras plantadas.
 
No estado, a atividade se estende por vários municípios – alguns bem perto de BH, como Itabirito e Ouro Preto. “O cultivo de azeitonas é uma empreitada complexa, exigente em cuidados e atenção. Felizmente, temos aqui em Catas Altas da Noruega um clima favorável. Para se ter uma ideia, são necessárias, por ano, 300 horas de frio abaixo de 12 graus centígrados para quebrar a dormência e garantir o florescimento das plantas.” Na propriedade, são usadas as variedades Arbequina, Arbosana, Koroneiki e Grappolo.
 
plantação de oliveiras no sul de minas

Fazenda em Maria da Fé ampliou plantação, que hoje conta com cerca de 3 mil árvores

Moacir Batista do Nascimento Filho/Divulgação
Todo o processo industrial ocorre na Estância do Pinheiro, viabilizado por maquinário de processamento importado da Itália. Após a extração a frio, na temperatura de 29 graus, o “suco de azeitona” passa pela decantação e filtragem, de forma a se eliminar qualquer resíduo, antes de seguir para o envasamento em garrafas de 250ml.

Saúde e turismo

Quem já visitou países banhados pelo Mediterrâneo, a exemplo de Israel, encontra oliveiras anteriores à época de Jesus Cristo. Alimento usado há mais de 6 mil anos, o azeite é sempre um astro na culinária e, além dos benefícios à saúde, proporciona à comida sabor e aroma peculiares. “Podemos usá-lo nas bacalhoadas, saladas e outros pratos, como também sobre o doce de leite, sorvete... Basta um fio de azeite para dar uma ‘quebrada’ no açúcar”, ensina Moacir.
Na Estância do Pinheiro, os visitantes são bem-vindos, já que a propriedade (no Instagram @olivaiscatasaltasdanoruega e telefone 31-99782-0441) está aberta ao turismo de experiência, com pousada, oferecendo um passeio de três horas pelos olivais, com palestra sobre azeite e degustação.
 

Mineiríssimo

Local: Fazenda Estância do Pinheiro, em Catas Altas da Noruega, na Região Central de Minas
Área: 9,5 hectares, a 900 metros de altitude.
Total de plantas: 3 mil
Produtividade: Cada planta pode produzir 10kg de frutos, o suficiente para 1 litro de azeite
Produção de azeite: 300 litros (com estimativa de 1 mil litros na próxima safra)
Industrialização: Na própria fazenda, com uso de maquinário importado da Itália
Informações: @olivaiscatasaltasdanoruega ou pelo telefone (31) 99782-0441).