Poupança

Valor configura recorde de evasão de recursos da poupança até maio.

Marcello Casal/Agência Brasil
O Banco Central revelou nesta terça-feira (6/6) que, entre janeiro e maio deste ano, as retiradas de recursos da caderneta de poupança superaram os depósitos em R$ 69,23 bilhões. Esse valor configura um novo recorde de evasão de recursos da poupança nos primeiros cinco meses do ano, de acordo com a série histórica iniciada em 1995 pelo BC.

No acumulado de 2022, os depósitos na poupança somaram R$ 1,52 trilhão, enquanto as retiradas totalizaram R$ 1,59 trilhão. Apenas em maio, os saques excederam os depósitos em R$ 11,74 bilhões, um resultado pior do que o mesmo período do ano anterior, quando houve entrada de R$ 3,51 bilhões.

A saída de recursos da caderneta de poupança em maio contribuiu para que o estoque dos valores depositados, ou seja, o volume total aplicado, registrasse estabilidade e queda para R$ 961,4 bilhões. Em abril, o volume total era de R$ 967,5 bilhões.

Essa retirada de recursos ocorre em um cenário de juros elevados. A taxa básica da economia, atualmente em 13,75% ao ano, está no maior patamar em seis anos e meio, influenciando as taxas cobradas pelos bancos, que atingiram, em fevereiro, a maior média em cinco anos.
 

Além disso, indicadores apontam que o endividamento da população continua alto. Segundo o BC, o endividamento correspondeu a 48,5% da renda acumulada nos doze meses até março deste ano. Para enfrentar essa situação, o governo federal anunciou recentemente o Programa Desenrola, visando à renegociação de dívidas de aproximadamente 70 milhões de brasileiros.

Em relação à rentabilidade, a poupança registrou, em 2022, o primeiro ano de rendimento real desde 2018, após três anos com ganhos abaixo da inflação oficial do país. No ano passado, a aplicação financeira mais popular do Brasil teve rentabilidade de 2%, já descontados os aumentos de preços pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Entretanto, ainda que com ganho real, o rendimento da poupança permanece limitado, especialmente quando a taxa Selic ultrapassa 8,5% ao ano.