Pessoas fazem compras em supermercado de BH

Segundo levantamento do Dieese, a cesta básica em BH consome, atualmente, 56,4% do salário mínimo do trabalhador

Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press - 21/10/2020
O preço médio da cesta básica em Belo Horizonte caiu pela primeira vez desde agosto do ano passado. Em fevereiro de 2023, a queda foi de 3,9%, a maior entre as 17 capitais pesquisadas mensalmente pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Porém, a cesta continua 5,9% mais cara do que no mesmo período do ano anterior. 

 

A cesta básica pesquisada pelo Dieese considera 13 produtos, como pão francês, leite integral, arroz, feijão e banana. O preço médio em BH, em fevereiro, foi de R$ 679,86. No ranking das capitais, ela é a nona mais cara. São Paulo ocupa o primeiro lugar, com um preço médio de R$ 779,38, enquanto Aracaju tem a cesta mais barata, com valor médio de R$ 552,97. 

 

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Segundo o levantamento do Dieese, a cesta básica em BH consome, atualmente, 56,4% do salário mínimo do trabalhador. Assim, ele precisa trabalhar 114h53m para comprar uma unidade, o que equivale a cerca de 14 dias de expediente de oito horas.
 

Veja a variação de preços dos produtos entre janeiro e fevereiro: 

  • batata: o valor médio diminuiu em todas as capitais do Centro-Sul. As quedas oscilaram entre -22,50%, em Curitiba, e -6,30%, em São Paulo. Em 12 meses, o valor da batata teve alta em sete capitais, com destaque para São Paulo (32,86%). Em outras três cidades, houve redução, com destaque para Vitória (-12,21%). A maior oferta do tubérculo reduziu os preços no varejo, segundo o Dieese.  
  • óleo de soja: o preço do diminuiu em 15 das 17 capitais. As reduções mais importantes foram no Rio de Janeiro (-6,46%) e em Porto Alegre (-6,05%). Em 12 meses, 11 cidades tiveram redução, com taxas entre -10,60%, em Campo Grande, e -0,56%, em Vitória. Já as altas mais expressivas no período foram registradas em Belém (5,73%) e João Pessoa (3,77%). Um grande volume do produto tem sido exportado e, internamente, a alta de preços praticado no varejo tem inibido o consumo.
  • tomate: o preço diminuiu em 13 das 17 capitais pesquisadas, entre janeiro e fevereiro, com destaque para Florianópolis (-21,82%), Campo Grande (-18,63%) e Porto Alegre (-18,48%). As altas foram registradas em João Pessoa (6,75%), Salvador (5,30%), Belém (1,27%) e Natal (0,36%). Em 12 meses, o tomate também mostrou comportamento de preço diferenciado, com alta em sete cidades, com destaque para Belém (18,34%) e Brasília (12.87%); e queda em 10 cidades, a mais expressiva em Vitória, de -16,97%. Os produtos colhidos na safra de verão abasteceram o mercado e reduziram o preço no varejo. 
  • café em pó: entre janeiro e fevereiro, o preço médio diminuiu em 12 capitais, com destaque para as taxas de Goiânia (-2,80%) e de Natal (-1,89%). A maior alta foi registrada em Florianópolis (1,07%). Em 12 meses, o valor médio acumulou aumento em 10 capitais, chegando a 16,17% em São Paulo. Entre as cidades que tiveram redução, chamou atenção a variação de Brasília, de -13,90%. Apesar da menor oferta do grão, houve queda do preço internacional do café e das exportações, o que explica a redução dos valores na maior parte das cidades, segundo o Dieese.
  • farinha de mandioca: o preço médio, pesquisado no Norte e Nordeste, subiu em todas as capitais, exceto em Fortaleza (-1,36%). As maiores elevações foram registradas em Belém (7,02%) e Aracaju (4,65%). Em 12 meses, as altas oscilaram entre 34,01%, em Natal, e 42,97%, em João Pessoa. A disponibilidade e a comercialização do produto foram menores, devido às chuvas, e os preços seguiram em alta no varejo.
  • pão francês: a pesquisa registrou aumento do preço médio em 13 das 17 capitais, com destaque para Porto Alegre (3,46%) e João Pessoa (1,01%). As quedas foram registradas em Aracaju (-1,10%), Curitiba (-0,83%) e Brasília (-0,06%). Em 12 meses, as altas, verificadas em todas as capitais, oscilaram entre 12,61%, em João Pessoa, e 27,40%, em Recife. A necessidade de importação de trigo e a desvalorização cambial encareceram o insumo do pão, por isso houve alta no varejo.
  • feijão: O custo do quilo do produto subiu em 12 capitais. O preço do tipo preto, coletado nas capitais do Sul, em Vitória e no Rio de Janeiro, aumentou em todas as cidades. As variações oscilaram entre 1,12%, no Rio de Janeiro, e 4,15%, em Porto Alegre. Em 12 meses, houve queda de preço em todas as capitais, com destaque para a variação de Vitória (-5,11%). O tipo carioquinha, pesquisado no Norte, Nordeste, Centro-Oeste, em Belo Horizonte e São Paulo, apresentou redução em cinco capitais, com taxas que variaram entre -2,15%, em Belo Horizonte, e -0,10%, em Fortaleza. Em 12 meses, todas as cidades registraram alta, com taxas entre 18,85%, em Fortaleza, e 47,56%, em Goiânia. O comportamento diferenciado do preço do carioca nas capitais pode ser explicado por dois movimentos, segundo o Dieese. De um lado, os produtores estariam com estoque menor, à espera de um preço mais alto para comercialização. Porém, a demanda ficou enfraquecida devido aos altos preços praticados no varejo e ao recesso de carnaval. Em relação ao preto, como o abastecimento do mercado tem sido feito por importação, a desvalorização cambial explica os aumentos no varejo.
  • arroz agulhinha: em fevereiro de 2023, o preço aumentou em 11 cidades, com variações entre 0,35%, em Belém, e 4,50%, em Porto Alegre. As reduções mais importantes foram verificadas em São Paulo (-1,86%) e Natal (-1,13%). Em 12 meses, as altas acumuladas chegaram a 28,99%, em Vitória; 22,54%, em Porto Alegre; 20,92%, em Goiânia; 19,59%, em Curitiba; e, 18,76% em Florianópolis. Apesar do avanço na colheita do arroz, os preços no varejo seguiram firmes na maior parte das cidades, devido às incertezas em relação ao volume da safra e à desvalorização cambial, que estimula a exportação.
  • leite integral e manteiga: O preço do leite integral, assim como o da manteiga, aumentou em 11 capitais. No caso do leite, as maiores altas foram observadas nas cidades do Sul: Florianópolis (6,88%), Porto Alegre (6,47%) e Curitiba (4,85%). Para a manteiga, os destaques são Belém (3,11%), João Pessoa (2,39%) e Campo Grande (2,03%). Em 12 meses, o valor médio do leite acumulou alta em todas as capitais pesquisadas, com taxas entre 21,66%, em Belém, e 39,07%, em Curitiba. A manteiga também apresentou alta em todas as cidades. As variações oscilaram entre 9,46%, em Vitória, e 28,48%, em Recife. A menor oferta do leite no campo e o aumento das importações de lácteos resultaram na alta dos preços do leite integral e da manteiga no varejo.