Vista do Vila da Serra, em Nova Lima, a partir do Mangabeiras

Vista do Vila da Serra, em Nova Lima, a partir do Mangabeiras

Gladyston Rodriguesi/EM/DA. Press

Menina dos olhos do mercado de alto luxo, o município de Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, é a cidade mais rica de Minas Gerais, conforme aponta a pesquisa "Mapa da Riqueza no Brasil", desenvolvida pela Fundação Getulio Vargas (FGV) Social. A cidade mineira também está no topo do ranking brasileiro.

O estudo aponta Nova Lima como o município que concentra a maior renda média do estado, número que vem crescendo ano após ano. Em 2019, o valor da renda média por habitante no município foi de R$ 7.270. Já em 2020, ano da última pesquisa, divulgada nessa segunda-feira (13/2) e feita com base em dados do Imposto de Renda, a renda média subiu para R$ 8.897.

Essa escalada na receita também é a maior entre os 20 municípios mais ricos e maiores do país (com mais de 50 mil habitantes), apontados pelo estudo da FGV Social. A renda dos nova limenses teve um salto de 22,4% só no período de um ano. No país, a menor diferença foi observada no município de São Paulo (-12,83%).

Para chegar a esses dados, a pesquisa mapeia fluxos de renda e estoques de ativos dos mais ricos brasileiros a partir do último Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) disponível, que é o de 2020. "Nós não queremos saber quem é mais rico. O que interessa é entender como é distribuída a riqueza no país, em quais regiões estão concentradas as maiores rendas", afirma Marcelo Neri, economista da FGV Social.

Desigualdade social


Com pouco mais de 97 mil habitantes e uma extensão maior do que Belo Horizonte,  Nova Lima tem uma renda impulsionada pelos moradores de condomínios de alto luxo, que trocaram a capital pela cidade vizinha.

"Nova Lima é como se fosse um subúrbio americano, que não vemos muito no Brasil. É esse lugar que tem carros importados, condomínios de luxo e oferece uma qualidade de vida que consegue atrair a população de alta renda", explica o economista da FGV Social.

Nova Lima ainda ocupa a primeira posição no país, seguido por Santana do Parnaíba, município de São Paulo, que concentra renda média de R$ 5.791 por habitante. "Também é um município famoso pelos condomínios de luxo", aponta Neri. Os ganhos médios na cidade mineira, no entanto, são 53% maiores do que no município paulista.

Enquanto isso, o município com a menor renda média de Minas Gerais, Verdelândia, no Norte do estado, tem apenas R$ 262 por habitante, uma diferença de R$ 8.635. Os municípios no topo do ranking, ao lado de Nova Lima, não chegam acumular R$ 3 mil em renda média por habitante. 

Belo Horizonte ocupa a segunda posição do ranking no estado, com uma renda média por habitante de R$ 2.952. Vale lembrar que cerca de 32,93% da população de Nova Lima declara Imposto de Renda, percentual superior ao da capital mineira (26,03%). Em seguida, aparecem com maior renda média Itaúna (R$ 2.580) e Lagoa Santa (R$ 2.022).

"Minas Gerais é um retrato do Brasil. Essa desigualdade vista no território mineiro ilustra muito bem o que acontece em todo o país", destaca o economista da FGV. 

Brasília tem a maior renda do país

O Distrito Federal está no topo do ranking nacional quando o assunto é declaração do patrimônio (R$ 95 mil). Mesmo dentro de Brasília há muita concentração de renda, o bairro Lago Sul aparece como o mais rico do Brasil, com renda média de R$ 23 mil, número três vezes maior do que o registrado em Nova Lima.
A hegemonia Sul-Sudeste é nítida com as capitais ocupando as primeiras posições. Florianópolis mantém a liderança desde 2019, com R$ 4.215. São Paulo, que ocupava o 2º lugar em 2019, figura na quarta colocação em 2020 (R$ 3.542), sendo ultrapassada por Porto Alegre (R$ 3.775), que passa a ser a segunda mais rica.

Com renda média de R$ 2.952, Belo Horizonte ficou em sétimo lugar entre as capitais.

No outro extremo do ranking estão estados da região Nordeste e Norte, como Maranhão e Pará. Maranhão tem a menor declaração de patrimônio por habitante (R$ 6,3 mil).