Apesar de as mulheres ainda serem minoria no parlamento, Minas terá o maior número de deputadas estaduais eleitas da história. Serão 15 mulheres na bancada, cinco a mais que na legislatura que se encerra. O número supera a legislatura eleita em 2002, que, até então, era o recorde, com 11 mulheres eleitas deputadas estaduais.
A deputada Beatriza Cerqueira (PT) foi a mulher mais bem votada neste pleito. Ela se reelegeu para o segundo mandato com 248.664 votos.Dez delas entram para o primeiro mandato, e cinco conseguiram se reeleger.
Compõem a bancada de mulheres: Lohanna (PV), Lud Falcão (Pode), Macaé Evaristo (PT), Nayara Rocha (PP), Bella Gonçalves (PSOL), Maria Clara Marra (DC), Alê Portela (PL), Chiara Biondini (PP) e Marli Ribeiro (PSC). Junto às as reeleitas: Leninha (PT), Ione Pinheiro (União), Delegada Sheila (PL), Andréia de Jesus (PT) e Ana Paula Siqueira (Rede).
A educação está entre as pautas defendidas por muitas delas. Nessa área, porém, pode haver embates, uma vez que as deputadas eleitas apresentam perspectivas diferentes em relação à educação, desde a defesa e fortalecimento do ensino público até a defesa do ensino domiciliar.
Outro ponto de debate entre as mulheres, eleitas por partidos que defendem diferentes posições ideológicas, poderá ser o modelo de família e os direitos das mulheres e da população LGBTQIA+. À esquerda e mais progressistas, deputadas defendem os direitos LGBTQIA+; mais à direita e conservadoras, outras se apresentam como defensoras de um modelo de família conservador.
Pelo menos três delas trazem experiência de atuação no executivo, como secretárias: Macaé Evaristo que foi secretária de educação de Belo Horizonte e secretária de Estado da Educação; Nayara Rocha,que foi secretária de governo e de desenvolvimento social de Vespasiano; e Alê Portela, que esteve à frente da Secretaria Municipal dos Direitos e Cidadania de Contagem.
O DiversEM apresenta um breve perfil delas, por ordem de votação
Beatriz Cerqueira
A deputada mais votada defende a melhoria da educação e assume compromisso com o fortalecimento das universidades estaduais e das escolas família agrícola. Luta por tarifas justas das contas de água, luz, gás e transporte público além de defender o IPSEMG, a Previdência Pública e concursos públicos e se posiciona contra as terceirizações irrestritas.
Lohana
Foi eleita a vereadora mais jovem a ocupar uma cadeira na Câmara de Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas. Ganhou visibilidade com seu posicionamento contra o presidente Jair Bolsonaro (PL). Tem como público principal os mais jovens e defende a educação, a diversidade e o meio ambiente.
Lud Falcão
Ludmila Falcão apoia o agronegócio, o empreendedorismo, a fiscalização da máquina pública e defende a família, a mulher, a educação e a saúde de qualidade para Minas.
Macaé Evaristo
Filha de professora e de ex-combatente militar, Macaé Evaristo é natural de São Gonçalo do Pará, interior de Minas. A deputada luta pela ampliação da educação pública e pela defesa dos direitos das crianças e adolescentes, das mulheres, e da população negra. Em sua campanha firmou compromisso com a democracia e com a justiça social.
Nayara Rocha
Advogada, Nayara é natural de Vespasiano e trabalhou como secretária de governo e de desenvolvimento social. É a favor da regularização fundiária e do crescimento do Vetor Norte, área que Belo Horizonte e mais oito cidades - que são: Vespasiano, São José da Lapa, Lagoa Santa, Confins, Ribeirão das Neves, Jaboticatubas, Santa Luzia e Pedro Leopoldo. Trabalhou pela implementação de casas de acolhimento para pessoas em situação de rua em Vespasiano.
Bella Gonçalves
Vereadora desde 2018, Bella Gonçalves atua no combate à fome e à mineração, e defende o meio ambiente, luta pelo direito à moradia, por um transporte barato e de qualidade. Também é defensora dos direitos humanos e da população LGBTQIAP+.
Maria Clara Marra
Maria Clara é contadora, produtora rural e empresária. Acredita em uma Minas Gerais que valoriza os pequenos produtores rurais e no empreendedorismo para geração de empregos. Defende a criação de mais universidades públicas, a ampliação da oferta de medicamentos na rede pública, ampliação do atendimento do SAMU e o fortalecimento das redes CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) e as ações de cuidados com a saúde mental.
Alê Portela
Advogada e professora universitária, atuou na Secretaria Municipal dos Direitos e Cidadania de Contagem. Alê se apresenta como cristã, conservadora e patriota. Defende a família, a vida, os valores cristãos e o direito à educação domiciliar.
Chiara Biondini
Defende a vida, a família, o ensino de qualidade, e levanta a bandeira das pessoas com deficiência. É contra o aborto e as drogas e pretende investir na segurança pública, nos hospitais e instituições filantrópicas e nas comunidades terapêuticas. Apoia o empreendedorismo e a educação financeira nas escolas.
Marli Ribeiro
Natural de Paracatu, Marli Ribeiro é a primeira mulher eleita deputada estadual no Noroeste de Minas. Defende o agronegócio, a melhoria das rodovias, mais energia elétrica na zona rural e a expansão da internet no campo. Afirma que irá lutar por mais estrutura para o sistema prisional, melhores condições de trabalho para a polícia penal e programas efetivos de reintegração social.
Leninha
Marilene Alves de Souza, a Leninha, foi professora nas redes estadual e municipal de ensino. Mulher negra, feminista e antirracista, foi autora de mais de 70 projetos de lei e coordenou o projeto “Um Milhão de Cisternas”. Defende a educação de qualidade e equidade de gênero e o fim do racismo e da desigualdade social.
Ione Pinheiro
Ione Pinheiro luta em defesa das mulheres, da causa animal e pela melhoria da saúde e da educação. Apoia o turismo religioso em Minas e atua pelo fim da cobrança da taxa de esgoto da Copasa para as localidades em que não é ofertado o serviço.
Delegada Sheila
Sheila se apresenta como delegada de polícia, cristã e defensora da infância. Sua principal bandeira é a luta contra a violência contra a mulher e a melhoria da segurança pública. Luta pela melhoria da saúde, em especial o combate ao câncer de mama e de colo do útero.
Andréia de Jesus
Andreia é advogada popular e tem longa atuação em movimentos sociais. Integrou as Brigadas Populares, as comunidades eclesiais de base e as pastorais de rua e carcerária. Integra a luta feminista, antirracista e pela garantia dos direitos dos quilombos e das comunidades tradicionais. Além disso, atua na garantia dos direitos dos atingidos pela mineração.
Ana Paula Siqueira
Ana Paula é assistente social e busca ampliar projetos com foco na empregabilidade e formação das juventudes, a valorização das servidoras e servidores públicos, a modernização das escolas, o fortalecimento do empreendedorismo feminino e um estado mais sustentável com a proteção de nascentes, serras e da biodiversidade de Minas.
Bancanda de mulheres
- Beatriz Cerqueira (PT) - 248.664 votos
- Lohanna (PV) - 67.178 votos
- Lud Falcão (Pode) - 59.381 votos
- Macaé Evaristo (PT) - 50.416 votos
- Nayara Rocha (PP) - 44.619 votos
- Bella Gonçalves (PSOL) - 43.768 votos
- Maria Clara Marra (DC) - 42.415 votos
- Alê Portela (PL) - 42.179 votos
- Chiara Biondini (PP) - 34.126 votos
- Marli Ribeiro (PSC) - 31.340 votos
Reeleitas
- Leninha (PT) - 65.864 votos
- Ione Pinheiro (União) - 80.136 votos
- Delegada Sheila (PL) - 58.003 votos
- Andréia de Jesus (PT) - 51.120 votos
- Ana Paula Siqueira (Rede) - 33.621 votos
Representatividade pelo Brasil
A eleição de deputadas estaduais também bateu recorde no Paraná. Com 10 deputadas entre os 54 eleitos, a Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) terá a maior bancada feminina em 168 anos.
A candidata mais votada foi Secretária Márcia (PSD), com 75.659 votos. Na legislatura que se encerra, foram eleitas cinco deputadas estaduais, e todas conseguiram se reeleger.
As mulheres em São Paulo também tiveram bom desempenho, sendo o maior número de este ano, com 25 deputadas estaduais eleitas. Rio de Janeiro, Maranhão e Rio Grande do Sul estão entre os estados com mais de dez mulheres eleitas para o cargo em 2022.
Entre os estados com menos representatividade feminina está Mato Grosso, que elegeu apenas uma mulher para o parlamento, Mato Grosso do Sul e Goiás com duas deputadas estaduais cada, e Piauí, Santa Catarina e Tocantins, cada um com três mulheres eleitas.