Na quinta-feira (08/09), foi anunciada a morte da Rainha Elizabeth II, monarca que reinou por mais tempo no trono britânico, sete décadas. Apesar de várias demonstrações de tristeza pela morte da rainha e de admiração pela sua trajetória, críticos não hesitaram em apontar que os 70 anos de governo de Elizabeth também foram marcados pelo colonialismo e opressão de diversos países.
Nenhuma morte deve ser celebrada, porém não existe o que comemorar diante de um governo que massacrou povos durante esses 70 anos de reinado, que foi um dos principais operadores do Apartheid.
%u2014 Jackson Augusto %u2B50%uFE0F (@afrocrente) September 8, 2022
Pra um povo ela foi rainha, para outros povos ela foi colonizadora.
Lembrar para jamais esquecer.
%u2014 Instituto Marielle Franco (@inst_marielle) September 8, 2022
O legado da Rainha Elizabeth II é a herança do colonialismo que matou e segue matando povos de países em África.
A fortuna da família real britânica, foi o fruto de saques dos países que foram colônias e na exploração do trabalho escravo. pic.twitter.com/UspzGcBApR
Por um mundo em que a comoção pela morte de uma rainha escravocrata colonizadora de 96 anos passe a ser a comoção do assassinato de um jovem negro a cada 23 minutos
%u2014 Anielle Franco (@aniellefranco) September 8, 2022
Passado colonizador
A Inglaterra é o país que mais invadiu e colonizou territórios ao redor do mundo. Dos 80 países que estavam sob seu domínio, 66 hoje são totalmente independentes e 14 ainda tem o monarca inglês como chefe de estado, são eles: Austrália, Nova Zelândia, Canadá, Antígua e Barbuda, Bahamas, Belize, São Vicente e Granadinas, Granada, Jamaica, Papua Nova Guiné, São Cristóvão e Neves, Santa Lúcia, Ilhas Salomão e Tuvalu.
Grande parte do enriquecimento da Inglaterra como nação foi por meio da exploração de recursos naturais, em especial a mineração de pedras preciosas, no continente africano.A extração das riquezas usava exploração da mão de obra local e ocasionava conflitos entre ingleses e africanos.
A primeira colônia a conquistar a independência foi Gana em 1957. O processo de descolonização dos países africanos foi marcado pela luta e pela violência. Além disso foi durante o reinado de Elizabeth II que boa parte do regime Apartheid, que segregava sistematicamente brancos e negros na África do Sul, se desenrolou. Muitos dos países colonizados pela Inglaterra sofrem com a miséria, a pobreza e da desigualdade social.
Conflitos e violência envolvendo as forças armadas britânicas também ocorreram na Índia, colônia inglesa até 1947, quando o país conquistou a independência. Um exemplo é o Massacre de Jallianwala Bagh, conflito entre tropas do Raj Britânico e manifestantes que reivindicavam a independência da Índia. O conflito resultou em um assassinato em massa na cidade de Amritsar, localizado no norte da Índia, em 1919.
Grande estrela da África
A página Africa Archives fez uma publicação nesta quinta-feira (08/09) afirmando que o diamante presente no cetro e na coroa da Rainha foi roubado da África do Sul. A publicação viralizou e a informação foi republicada na internet em todo o mundo.
“A rainha Elizabeth II possui o maior diamante lapidado do mundo Conhecido como 'A Grande Estrela da África', a gema de 530 quilates foi extraída na África do Sul em 1905. Foi roubada da África do Sul. Seu valor estimado é de US$ 400 milhões”, afirma a publicação.
“Os britânicos afirmam que foi dado a eles como um símbolo de amizade e paz, mas foi durante o colonialismo. Os britânicos então substituíram o nome 'A Grande Estrela da África' %u200B%u200Bpelo nome do Presidente da Mina 'Thomas Cullinan'", completa uma segunda publicação.
Queen Elizabeth II owns the largest clear cut diamond in the world Known as 'The Great Star of Africa' the 530 carats gem was mined in South Africa back in 1905. It was stolen from South Africa. It has an estimated worth of $400 million. pic.twitter.com/HesTmGTv4d
%u2014 Africa Archives %u2122 (@Africa_Archives) September 8, 2022
O diamante em questão seria o Diamante Cullinan, também conhecido como 'Grande Estrela da África', que foi partido em diversas partes para integrar as joias reais britânicas. O fragmento maior foi lapidado para compor o cetro e o segundo maior foi colocado na coroa usados por Elizabeth II em sua coroação. Atualmente, ambos os objetos estão em exposição na Torre de Londres.
*Estagiária sob a supervisão de Márcia Maria Cruz