![Linn, Maria, Brunna e Naty exibem os cabelos naturais(foto: Montagem redes sociais/EM ) Montagem com fotos de Linn, Maria, Brunna e Naty com os cabelos naturais](https://i.em.com.br/FXGxej9HL8p84T-i-8zmBo_t09A=/790x/smart/imgsapp.em.com.br/app/noticia_127983242361/2022/02/22/1346792/montagem-com-fotos-de-linn-maria-brunna-e-naty-com-os-cabelos-naturais_1_110018.jpeg)
A bailarina Brunna Gonçalves exibiu os cabelos naturais no Jogo da Discórdia do BBB 22 na segunda-feira (21/2). Desde que entrou na disputa, em 17 de janeiro, ela usava laces, perucas com cabelos com a textura lisa. Para mudar o visual, Brunna destrançou os cabelos, momento de intimidade e afeto, no qual contou com a ajuda de Linn da Quebrada.
Ela é a quarta mulher negra a fazer a retirada das tranças na casa nesta temporada do reality. Esse movimento também foi feito pela médica Thelma de Assis, que venceu o BBB 20. Os cabelos naturais, em múltiplas curvaturas dos fios, em especial os crespos, são exibidos como coroas.
![Brunna exibiu os cabelos crespos no Jogo da Discórdia(foto: Montagem redes sociais/EM ) Fotos de Brunna com lace e com os cabelos naturais](https://i.em.com.br/M22TMjGZRsSYJ7SiA7jT7-4SefE=/790x/smart/imgsapp.em.com.br/app/noticia_127983242361/2022/02/22/1346792/fotos-de-brunna-com-lace-e-com-os-cabelos-naturais_2_87447.jpeg)
As tranças são muito importantes para as mulheres negra
s. Além de serem penteados que remontam costumes de gerações passadas, contribuem para a construção da identidade negra. Junto a tudo isso, em algumas situações, as tranças são utilizadas para que a mulher passe pelo processo de transição, do cabelo com alguma química para os fios naturais.
A trancista Milena Moreira conta que devido ao tempo de confinamento, não é possível ficar tanto tempo com as tranças pela necessidade dos cuidados com o cabelo. Então, retirá-las é um processo natural. Ela ainda aponta que é importante que diferentes tipos de cabelo sejam mostrados em rede nacional, e que, quando uma mulher tira as tranças no BBB, surge algum comentário pejorativo, como aconteceu com entre Laís e Lina.
“É importante elas terem feito isso ali, no BBB, para poder mostrar para as pessoas que nosso cabelo é lindo de trança, é lindo natural, é lindo de qualquer forma, nós somos lindos de qualquer forma. Toda a atenção que a gente dá para o nosso cabelo, seja fazendo trança, penteado ou armando o black, sempre é um ato de resistência”, afirma Milena.
![Nesta edição, Maria foi a primeira a retirar as tranças(foto: Montagem redes sociais/EM) Duas fotos de Maria com tranças e sem elas](https://i.em.com.br/jn0BIIzvZmqujG4AHxJFe54IWr0=/790x/smart/imgsapp.em.com.br/app/noticia_127983242361/2022/02/22/1346792/duas-fotos-de-maria-com-trancas-e-sem-elas_3_53235.jpeg)
A primeira sister a retirar a trança foi Maria, logo na primeira semana do reality, no dia 17 de janerio. Ela entrou de tranças, mas as retirou para dar lugar ao cabelo cacheado e volumoso. Na época, Jessi e Brunna ajudaram Maria a destrançar.
Também chegou o momento para que Natália Deodato retirasse as tranças, no dia 29 de janeiro. Ela contou com a ajuda de Linn, Jessi e Maria. Naty entrou no reality com longas tranças até a cintura em tom claro. Depois de algumas semanas, destrançou e mostrou o belo black power. Aos poucos, na medida que as tranças eram retiradas, Naty revelou o cabelo preto e crespo.
![Natália usou tranças no tom mel e o cabelo black power(foto: Montagem redes sociais/EM) Naty com tranças e sem elas](https://i.em.com.br/IMyD70suGJEefvm4IaQ__zxyBoQ=/790x/smart/imgsapp.em.com.br/app/noticia_127983242361/2022/02/22/1346792/naty-com-trancas-e-sem-elas_4_46363.jpeg)
A terceira a passar pelo ritual de retirada das tranças foi Linn no dia 18 de fevereiro. Para retirar as longas tranças, do comprimento da cintura, a cantora contou com a ajuda de Jessi, Natália e Brunna. Naquele dia, no entanto, a médica Laís usou um palavrão para se referir às tranças. A fala da goiana gerou muita polêmica nas redes sociais por ser considerada preconceituosa. A médica goiana disse preferir os cabelos naturais de Linn.
![As tranças de Linn foram desmerecidas por Laís que usou palavrão para descrevê-las(foto: Montagem redes sociais/EM) Linn com tranças e sem elas](https://i.em.com.br/ysPCdIfjFuw-WHj36H-2KEPhea8=/790x/smart/imgsapp.em.com.br/app/noticia_127983242361/2022/02/22/1346792/linn-com-trancas-e-sem-elas_5_50695.jpeg)
"Eu prefiro assim. Não sei porque você veio com aquela p*rra daquela trança", disse a médica.
A fala da médica Laís é ofensiva, mas muitas pessoas costumam assumir a postura adotada pela sister sugerindo à mulher negra como ela deveria usar o cabelo. Muitas vezes, a sugestão que vem em tom amistoso, parece ser um elogio, mas não é. É uma intromissão. Dizer que é melhor a mulher negra usar o cabelo crespo do que o liso também é uma intromissão.
Embora haja o movimento para que as mulheres negras usem os cabelos naturais, cabe somente à mulher negra decidir-se pela forma estética que pretende deixar os fios: se alisados, crespos, curtos ou trançados. É uma definição de foro íntimo.
Resgate da autoestima e afirmação
Os cabelos são muito importantes para o resgate da autoestima da mulher negra. Por muitos anos, os cabelos crespos foram tachados de feios, mal-arrumados e mal-cuidados. Por essa pressão social, muitas mulheres negras alisaram os cabelos por anos, começando o processo na infância. No entanto, muitas delas aderiram ao movimento de transição para deixar a química de lado e retomar a textura natural do cabelo.
A transição se tornou também um movimento de afirmação e autoestima. É um movimento de afirmação, porque as mulheres negras assumem os cabelos como eles são e, mais do que isso, reafirmam a beleza de diferentes texturas dos fios.
Esse movimento traz auto-estima para a mulher negra, que deixa de se espelhar em um único padrão, os cabelos lisos, passando a se considerar bonita como ela é.
O resgate do cabelo natural mudou representou uma verdadeira revolução. Mudou a forma como as mulheres negras se percebiam, fez com que elas passassem a conhecer melhor os próprios cabelos e buscassem cortes para valorizar a curvatura das madeixas. Tudo isso impulsionou redes de solidariedade na vida presencial e nas redes sociais. Um exemplo são os salões que se especializaram no cuidado do cabelo de pessoas negras.
O mercado de coméstico, que por muitos anos só ofereceu produtos para que as mulheres negras alisassem os cabelos, teve que mudar e desenvolver produtos para que essas mulheres pudessem tratar dos próprios cabelos.