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Estado de Minas Negócios

Diversidade corporativa: homens brancos cisgênero ainda são maioria

Estudo da Gestão Kairós revela que, apesar de negros e mulheres serem maioria no Brasil, continuam sendo minoria nas empresas


26/01/2022 16:30 - atualizado 26/01/2022 17:48

Imagem de Liliane Rocha, mulher negra de cabelos cacheados na altura dos ombros. Ela usa uma camiseta estampada com listras em preto, branco e vermelho e uma blusa rosa.
Liliane Rocha é fundadora e CEO da consultoria Gestão Kairós (foto: Gestão Kairós/Divulgação)

Homens brancos cisgêneros héteros e sem deficiência ainda são os que lideram no mercado de trabalho no Brasil. É o que revela o estudo “Diversidade, Representatividade & Percepção”, realizado pela consultoria Gestão Kairós, empresa especializada em Sustentabilidade e Diversidade.

Entre 2019 e 2021, mais de 26 mil pessoas foram entrevistadas e, entre líderes, liderados, aprendizes e estagiários de diversas empresas, foi constatado que homens são 68% dos funcionários, 64% são brancos, 94,6% são heterossexuais, 99,6% são cisgênero e 97,3% não possuem deficiência.

Além deles, 33% são funcionários negros, 2,5% são amarelos e apenas 0,9% são indígenas. As pessoas com deficiência são 2,7% e pessoas com 50 anos ou mais representam 5,2% dentro das empresas.

Contraste país x empresa


Dados comprovam que a realidade corporativa não acompanha o cenário social do país:
  • O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) estima que a população brasileira tenha chegado a 213,3 milhões em 2021. Desse total, 54% são pessoas negras e 1,1% são amarelas ou indígenas;
  • A PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua também mostra que 51,8% do total de habitantes no Brasil são mulheres;
  • A ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos) estima que 18 milhões de brasileiros (cerca de 8,4%) pertencem à comunidade LGBTQIA+;
  • O Ministério da Saúde, na PNS (Pesquisa Nacional de Saúde) de 2021, afirma que o Brasil tenha 17 milhões de pessoas com deficiência (cerca de 7,9% da população).

A pesquisa da Gestão Kairós também analisou a satisfação em relação à valorização no ambiente corporativo e, para 84% dos entrevistados, há a valorização da diversidade em geral; para 83%, a raça e a etnia são valorizados; para 78%, as pessoas com deficiência são valorizadas; e para 80%, a diversidade sexual é valorizada nas empresas.

Esforços para a mudança


Com exceção da Lei de Cotas para Pessoas com Deficiência (Lei N° 8,213/91), que determina que empresas com mais de 100 funcionários devem destinar um percentual específico de vagas para PcDs, o Brasil não possui leis que obriguem as empresas a acatarem a diversidade no quadro de funcionários. Apesar disso, Liliane Rocha, fundadora e CEO da Gestão Kairós, conta que a formação de um ambiente de trabalho mais diverso é uma questão de valor humano e de inteligência de negócio.

Liliane conta que muitas pessoas ainda têm receio de que a diversidade no ambiente corporativo venha a se tornar um problema. "Alguns profissionais estão tão convictos de que a diversidade trará complicações que começam a focar no que poderia acontecer de ruim”, conta ela, que em diversas palestras ouviu questões cujo problema estava na estrutura da empresa, e não nos funcionários. “É a diversidade que está gerando o problema? Ou a diversidade está trazendo à tona problemas que já existem e que devem ser resolvidos?”, questiona ela.

"Mesmo empresas que atuam com seriedade para implementar práticas de diversidade e inclusão, que fazem a 'lição de casa', com diagnósticos, metas e indicadores, não conseguem representar a demografia da sociedade brasileira nos quadros funcionais, principalmente na liderança".

Liliane Rocha



Apesar da disparidade entre o cenário social brasileiro e o corporativo, a CEO da Gestão Kairós ainda vê esperança e luta para chegar em resultados reais. “A única forma de fazer essa mudança é por meio de ações afirmativas. As empresas não podem continuar se apoiando na justificativa de que ainda estão no início da jornada, de que não têm informação, e de que não sabem como valorizar a diversidade. Já passamos dessa fase. Agora, precisamos agir. É trabalhoso e demanda tempo, mas é necessário começar hoje”, alerta Liliane.


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