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Estado de Minas MASSAS E RISOTOS

O restaurante mais disputado de BH tem fila com 5 meses de espera

O italiano La Cucina di Piero fica numa rua escondida do Bairro Sagrada Família, fora da rota gastronômica convencional da cidade


05/02/2023 04:00 - atualizado 07/02/2023 13:10

Pierangelo Zanoncelli
Natural do norte da Itália, o cozinheiro autodidata Pierangelo Zanoncelli comanda o restaurante (foto: Túlio Santos/EM)


O restaurante mais disputado de Belo Horizonte fica numa casa em Cabrobó. A rua, situada no Bairro Sagrada Família, na Região Leste da capital, abriga o La Cucina di Piero, onde quem quiser conferir o jantar precisa ter a paciência de aguardar numa fila de espera que dura cinco meses.
A casa não está no pódio de nenhum guia de melhores restaurantes, não tem nenhum chef estrelado e fica fora da rota gastronômica convencional da cidade. Mas vem atraindo cada vez mais clientes desde quando foi inaugurada, em 2018.

 

 casa italiana prefere receber poucos clientes
Especializada em massas, a casa italiana prefere receber poucos clientes por noite (foto: Gladyston Rodrigues/EM)
 


“Minha comida é a comida que o italiano come em casa”, explica Pierangelo Zanoncelli, o Piero, que comanda o bistrô. Ao seu lado, Gleice Carvalho, companheira e braço-direito no funcionamento do restaurante. “Eu cozinho como minha mãe, como minha avó. Nunca fiz um curso”, enfatiza o italiano, natural de Codogno, localidade no norte da Itália e próxima a Milão.

 

risoto
O risoto é servido em nove versões, como a que leva camarão-rosa e cogumelo funghi (foto: Divulgação)
 


A clientela não se importa com o currículo do cozinheiro, que trabalhou por 39 anos numa indústria de autopeças, se apaixonou por uma brasileira e se mudou para Minas Gerais. Ao contrário - a fila no La Cucina di Pietro é elástica. “A gente queria abrir uma casa de amigos, mas os amigos começaram a trazer os amigos”, diz Piero. Atualmente, são mais de trezentas pessoas aguardando para provar as massas e risotos preparados por ele. Tanta demanda, no entanto, não intimida o casal, que continua atendendo ao público da mesma forma. “É bom não insistir”, eles alertam antecipadamente sobre qualquer intenção de tentar uma mesa de última hora. O restaurante funciona somente por reserva, portanto programar-se antecipadamente é fundamental. “Agora temos vagas apenas para junho”, avisa Gleice.

 

Discrição é regra no local, que não exibe placa na entrada e demanda que o cliente acione a campainha para entrar. No cardápio, um texto informa: “nossos pratos são simples”. A operação da casa é enxutíssima e conta somente com Piero na cozinha. Sem pressa, ele prefere receber nada mais que 20 pessoas por noite no bistrô, apesar da capacidade total de 110 fregueses - o funcionamento é de quinta a sábado. “Queremos relacionamento com nossos clientes, que são amigos. Se tiver mais (clientes), a gente não consegue conversar”, afirma. “E eu sou sozinho na cozinha, não quero ninguém”, diz.

TRUQUES

 

 

São excentricidades de um cozinheiro que vai soltando alguns de seus truques ao longo da conversa. Com mais de 30 pratos no cardápio, a casa dedica-se às receitas tradicionais da região onde Piero nasceu. “Risoto é o forte de lá, pois tem cultivo de arroz desde sempre”, explica. Entre as massas, fettuccine, papardelle e ravioli são feitas no próprio restaurante. O cozinheiro frisa que não usa ovo na fabricação delas. “Isso deixa a massa mais leve. Aprendi com minha família”, pontua.


A feitura do risoto também envolve outra curiosidade. No início do preparo, que apresenta nove versões no menu, ele torra o arroz sem nada na panela - não vai azeite, não entra cebola. Vinho também não participa da receita. “O resultado é igual, não estou falando que o meu é melhor”, disfarça. A manteiga no final ajuda a compor a consistência cremosa. O risoto de camarão-rosa e cogumelo  é um dos pratos recomendados pelo cozinheiro. Outra pedida é o risoto cacio e pepe, que leva queijo e pimenta-do-reino.


Em tempos de calor, o riso freddo vai bem para refrescar. O prato consiste em arroz arbóreo com presunto cortado em cubinhos, mussarela, atum, salsicha, picles, ovos cozidos e azeitona. “É servido gelado como o primeiro prato de uma refeição”, sugere.


Adepto a improvisos, Piero não se prende sempre ao cardápio e até costuma atender a pedidos inusitados. “Um dia fiz risoto com pequi que um cliente pediu”, diz. A facilidade em lidar com ingredientes é uma de suas conquistas e vem desde quando começou a cozinhar, aos 18 anos. “Aprendi até sem querer, sem obrigação”, relembra. A osmose se deu pela convivência familiar em torno da cozinha. Para quem começou logo atendendo ao pedido do avô, que queria comer um coelho, a exigência de uma fila de 300 clientes nem é algo tão desafiador assim. “Fiz o coelho ao forno com base de batata com cebolas e ficou maravilhoso”, gaba-se.

 

Serviço

La Cucina di Piero
Rua Cabrobó, 357 A, Sagrada Família,
Belo Horizonte, (31) 99224-6124

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