Para entrar, você passa por uma porteira. O verde das árvores e da grama chama a atenção. Não se ouve o barulho de trânsito, apenas o canto de pássaros. Os móveis são rústicos e a comida segue a tradição mineira. Tudo isso no meio da cidade. Instalado em uma rua sem saída no Bairro Santa Lúcia, em Belo Horizonte, o restaurante Fazendinha São Bento quer que todos se sintam na roça.
A ideia é do ginecologista e obstetra Wilson Eustáquio, que se juntou ao irmão Marcos Paulo e à cunhada Déborah, donos de um restaurante a quilo. O clima rural, segundo ele, resgata boas lembranças. “Isso remete ao meu passado, porque praticamente fui criado em fazenda. Quis trazer para dentro da cidade um ambiente rústico e aconchegante, algo que não existia nesta região de Belo Horizonte.”
Os pratos representam a cozinha mineira de fazenda, só que ganham toque de chef. Tem pão de queijo, mas frito. Assim, a massa fica mais crocante por fora. Para acompanhar, molho barbecue de goiabada. “Geralmente, vemos a combinação de queijo com goi- abada, que é bem mineira, na sobremesa, mas resolvemos levá-la para a entrada”, aponta o chef Jonathan Soares.
Na cozinha, eles resgatam a técnica da carne de lata, que teria sido inventada por tropeiros como forma de aumentar a durabilidade da comida, e ainda é muito comum no interior de Minas. O chef inova ao misturar cortes de porco (copa lombo) e boi (acém). A carne fica imersa em banha de porco por pelo menos sete dias, dentro de uma lata, e depois vai à mesa com pães de fermentação natural.
A galinhada é um dos pratos que mais fazem sucesso. O segredo do seu sabor potente está no caldo de galinha caipira usado para preparar o arroz, que tem pedaços de paio e bacon. O uso da parrilla deixa a receita ainda mais complexa. Em contato com o fogo, a coxa e a sobrecoxa que acompanham o arroz, assim como o quiabo, ficam levemente defumados. O vinagrete de milho com palmito surge como um desejado ponto de acidez.
Risoto mineiro
O arroz caldoso de costela também agrada a muita gente. Assada por seis horas, a carne sai do forno desfiando e depois se mistura ao arroz. Por cima, salada de agrião e tomates confitados. Jonathan ainda criou uma versão mineira do risoto. Usa queijo canastra curado e finaliza com ragu de linguiça da casa e couve tostada. A folha passa pela parrilla para ficar crocante.
Nos fins de semana, o cardápio se volta para as carnes na parrilla, protagonista da cozinha do restaurante. Há desde cortes tradicionais, como bife ancho e picanha, até os mais modernos, entre eles tomahawk e flat iron steak. “A ideia é ter uma parrilla argentina com acompanhamentos mineiros. Aí entra a nossa regionalidade”, comenta o chef, especializado em parrilla.
Além da farofa crocante de bacon e molho chimichurri (acompanhamentos fixos), o cliente pode escolher, por exemplo, o tropeiro, que tem copa lombo, bacon, calabresa, salada de couve temperada com limão capeta e ovo frito. Outras sugestões são mandioca na manteiga de garrafa, arroz biro-biro com bacon, ovos mexidos e batata palha, e farofa com farinha de milho flocada, ovos e bacon.
As sobremesas também lembram clássicos mineiros. Quem gosta de adoçar o paladar tem a opção de comer petit gateau de doce de leite com sorvete de creme e farofa de amendoim ou waffle de pão de queijo com geleia de goiaba. O bar privilegia coquetéis com cachaça. Um deles combina o destilado típico de Minas com xarope de maçã-verde, pimenta, limão siciliano e mel e manjericão.
Em pouco tempo, Wilson já percebeu que o espaço agradou. Principalmente pais que, como ele, buscam restaurantes com atrativos para as crianças. Lá tem parede de escalada, escorregador, pula-pula e, futuramente, tirolesa. O plano é usar essa área infantil, com piso de areia, para fazer eventos, como festa junina, festival de caldos e churrasco fogo de chão. Antes de ir embora, não deixe de visitar a vendinha de produtos mineiros, incluindo doce de leite, pimenta e cachaça.
Serviço
Fazendinha São Bento(31) 99501-2299