A Academia Brasileira de Letras (ABL) vai eleger, nesta quinta-feira (5/10), o ocupante da cadeira número 5, vaga com a morte do historiador e cientista político mineiro José Murilo de Carvalho. Dos 15 nomes que disputam a vaga, o ambientalista, filósofo, poeta e escritor indígena Ailton Krenak é considerado favorito.
Primeiro a se inscrever, o mineiro Krenak foi acusado de “traição” por Daniel Munduruku, escritor, ativista e ator indígena.
Segundo ele, havia acordo entre os dois para que apenas um indígena se inscrevesse. Krenak negou qualquer negociação e considerou “graves” as palavras do colega.
Em 2021, Daniel Munduruku tentou se eleger para a cadeira número 12. O neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho venceu o pleito, obtendo 25 votos, contra nove dados ao indígena, que chegou a ser apoiado em carta aberta assinada por uma centena de intelectuais.
Fora da briga, concorrem mais 13 nomes. O mais forte é o da historiadora Mary Del Priore, a segunda a se inscrever. Em entrevista ao Estado de Minas, ela defendeu um historiador, assim como José Murilo de Carvalho, para a vaga. De preferência, mulher.
De acordo com Mary, sua eleição significaria “valorizar a história”. Para ela, “dar espaço para o historiador trabalhar e representar uma casa de peso nacional é valorizar o direito de todos a ter um passado, de pertencer a uma comunidade em transformação, de ter consciência de nosso lugar no tempo e de nossas possibilidades de agir aqui e agora”.
Ailton Krenak disse que sua candidatura não é ambição pessoal e, caso ocorra, significa “reparação histórica” aos indígenas. “Para a pessoa que se constitui no sujeito coletivo, esse gesto é para abrir a porta dessas instituições, assim como as cotas abriram as vagas nas universidades e hoje temos mais de 60 mil indígenas ali fazendo a sua formação em ensino superior. Alguém tem de começar isso”, declarou ao EM.
Daniel Munduruku afirmou à Folhapress que é pioneiro da literatura indígena no país, por isso pleiteia a vaga.
“Sou da literatura há 30 anos, premiadíssimo, inclusive pela própria ABL. Tenho obra vasta, ensino indígenas a escrever. Eu que inventei a literatura indígena, isso não existia, sou pioneiro. Tenho direito adquirido sobre essa vaga e sei que se o Krenak entrar agora, eu não entro nunca mais”, disse.
Especulações sobre favoritismo na ABL costumam não se confirmar. Em abril, Mauricio de Sousa, apontado como praticamente eleito, teve dois votos, perdendo para o filólogo Ricardo Cavaliere, que recebeu 35.
OS CANDIDATOS
• Ailton Krenak
• Mary Del Priore
• Raquel Naveira
• Antônio Hélio da Silva
• J. M. Monteirás
• Chirles Oliveira Santos
• Daniel Munduruku
• José Cesar Castro Alves Ferreira
• Gabriel Nascentes
• Ney Robinson Suassuna
• Denilson Marques da Silva
• José Ricardo dos Santos Rodrigues
• Martinho Ramalho de Melo
• Luiz Coronel
• Maria Madalena Eleutério de Barros Lima
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